Gerontologia
Gerontologia inclui estudos cuja média de idade da amostra é superior a 60 anos, além de estudos sobre condições que afetam comumente pessoas idosas (por exemplo, artrite).
Retornar a todos os sumários de evidências
- Intervenções para Melhorar a Mobilidade após Cirurgia de Fratura do Quadril em Adultos
- Efeitos do Exercício na Qualidade Muscular em Idosos
- Cuidados Organizados em Regime de Internação (Unidade de AVC) para o Acidente Vascular Cerebral
- Efeito de Intervenções com Rastreadores de Atividade Física na Atividade Física em Pessoas com 60 Anos ou Mais
- O Valor Adicional da Comunicação do Terapeuta no Efeito do Tratamento de Fisioterapia em Adultos Mais Velhos
- Exercício para a Prevenção de Quedas em Idosos que Vivem na Comunidade
- Sentar ou Não Sentar? Revisão Sistemática e Meta-Análise de Exercícios Realizados em Posição Sentada por Adultos Mais Velhos
- O Exercício Pode Melhorar os Sintomas Cognitivos da Doença de Alzheimer?
- Intervenções de Atividade Física para o Tratamento do Isolamento Social, Solidão ou Baixo Apoio Social em Adultos Mais Velhos
- O Exercício Físico Melhora a Força, o Equilíbrio, a Mobilidade e a Resistência em Pessoas com Comprometimento Cognitivo e Demência
- Terapia por Exercício para a Capacidade Funcional em Doenças Crônicas
- Exercício para Prevenir Quedas em Adultos Mais Velhos
Intervenções para melhorar a mobilidade após cirurgia de fratura do quadril em adultos
Melhorar os resultados da mobilidade após a fratura do quadril é a chave para a recuperação. A mobilidade é a capacidade de se movimentar, incluindo levantar e caminhar, e as estratégias de mobilidade são tratamentos que visam ajudar as pessoas a se moverem melhor. Esta revisão sistemática Cochrane teve como objetivo avaliar os benefícios e malefícios das intervenções para melhorar a mobilidade e o funcionamento físico após a cirurgia de fratura de quadril em adultos.
Esta revisão sistemática Cochrane incluiu ensaios clínicos controlados aleatorizados ou controlados quase-aleatorizados que avaliaram estratégias de mobilidade após cirurgia de fratura de quadril. Estudos elegíveis foram identificados a partir de 8 base de dados. Estudos foram incluídos se investigassem o efeito de estratégias destinadas a melhorar a mobilidade. Isso pode incluir programas de cuidados, exercícios (marcha, equilíbrio, treinamento funcional, treinamento de força/resistência/resistência/flexibilidade, exercícios tridimensionais e atividade física geral) ou estimulação muscular. As intervenções podiam ser comparadas aos cuidados usuais (ambos intra-hospitalares), sem intervenção, exercícios simulados ou visitas sociais (pós-hospitalares). Os desfechos críticos foram mobilidade, velocidade de caminhada, funcionamento, qualidade de vida relacionada à saúde, mortalidade, efeitos adversos e retorno à residência pré-fratura.
Dois revisores identificaram e selecionaram os estudos, extraíram dados e avaliaram o risco de viés usando a ferramenta de risco de viés 2.0 da Cochrane. A certeza da evidência foi avaliada usando a abordagem Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation (GRADE).
A revisão incluiu 40 ensaios clínicos aleatorizados (n = 4.059 participantes) de 17 países. Os pacientes eram em sua maioria idosos (idade média de 80 anos) e do sexo feminino (80%). Todos os estudos tiveram risco de viés incerto ou alto para um ou mais domínios.
No ambiente hospitalar, há evidências de baixa certeza de que as estratégias de mobilidade podem levar a um aumento moderado e clinicamente significativo na mobilidade em comparação com os cuidados usuais (diferença média padronizada [SMD]: 0,53, intervalo de confiança de 95% [IC] 0,10 a 0,96; n = 360). Já no pós-hospitalar, há evidências de alta certeza de que as estratégias de mobilidade comparadas aos cuidados usuais, nenhuma intervenção, exercício simulado ou visita social levaram a um pequeno aumento clinicamente significativo na mobilidade (SMD: 0,32, IC 95% 0,11 a 0,54; n = 761 ). Os eventos adversos raramente foram medidos pelos estudos incluídos, portanto, a segurança desses programas no hospital e fora dele permanece desconhecida.
Em comparação com os cuidados usuais, as intervenções que visam melhorar a mobilidade após a fratura de quadril podem melhorar a mobilidade e a velocidade de caminhada, tanto em ambientes hospitalares quanto pós-hospitalares. No entanto, os resultados econômicos e de longo prazo ainda não foram determinados.
Fairhall NJ, Dyer SM, Mak JC, Diong J, Kwok WS, Sherrington C. Interventions for improving mobility after hip fracture surgery in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2022 Sep 7;9(9):CD001704.

Efeitos do Exercício na Qualidade Muscular em Idosos
A manutenção ou melhora da qualidade muscular é importante para os adultos idosos para preservar ou melhorar a função física e a saúde metabólica. Há evidências conflitantes sobre se as intervenções de exercício melhoram a qualidade muscular morfológica (estrutura) e neuromuscular (força) em idosos. Além disso, não está claro quais características do exercício e para quais populações, levam a uma maior mudança na qualidade muscular. Esta revisão sistemática teve como objetivo estimar os efeitos das intervenções de exercício comparado ao controle não-ativo sobre a qualidade muscular em adultos idosos.
Um protocolo especificado a priori guiou os métodos utilizados. Buscas sensíveis foram realizadas em seis bases de dados, três bases de dados de literatura cinza e rastreamento de citações foram usadas para identificar ensaios controlados aleatorizados que foram publicados em inglês, português ou espanhol. Os participantes eram adultos idosos (≥60 anos) sem uma condição crônica. As intervenções foram supervisionadas ou intervenções de exercício não supervisionado, combinadas ou não com programas nutricionais. Os comparadores eram principalmente intervenções não-ativas, atividade física leve, ou um controle educacional. Os desfechos primários foram a qualidade morfológica e neuromuscular dos músculos do membro inferior.
Dois revisores independentes selecionaram ensaios para inclusão, avaliaram o risco de viés e os dados extraídos. Quaisquer desacordos foram resolvidos por discussões de consenso ou por um terceiro revisor. O risco de viés foi avaliado usando a ferramenta Cochrane de risco de viés. A certeza das evidências não foi avaliada. A meta-análise foi usada para combinar os ensaios incluídos para calcular as diferenças médias padronizadas e intervalos de confiança de 95% (IC). Foram realizadas seis análises de subgrupos quando os dados estavam disponíveis; (1) subgrupos de adultos idosos (por exemplo, fisicamente saudáveis, obesos, com mobilidade limitada, sarcopênicos, frágeis); (2) modos de realização de exercícios (por exemplo, programas de exercícios supervisionados vs. não supervisionados); (3) modalidades de intervenção (por exemplo exercício de resistência, exercício aeróbico, resistência combinada e exercício aeróbico, prescrição de exercício aquático, exercício mais suplemento nutricional); (4) avaliação desfechos (por exemplo, intensidade do eco muscular, tecido adiposo intermuscular); (5) desfechos do músculo da coxa versus músculo da panturrilha (ou extensores do joelho versus flexores plantares); e (6) com base no risco de avaliação de viés.
21 ensaios (973 participantes) foram incluídos nas meta-análises. Os participantes tinham uma idade mediana de 70 anos (IQR 67-75), eram mulheres (n=651, 67%), tinham IMC de 27,5 kg/m2 (IQR 25,5-28,4). A maioria dos ensaios (n=15, 71%) incluía adultos idosos fisicamente saudáveis e comparados a grupos de intervenção não-ativos (n=12, 57%). Em comparação ao controle, os participantes nos grupos de exercícios tiveram uma pequena melhora na qualidade morfológica muscular (DMP 0,32; IC 95% 0,13 a 0,51; 10 ensaios; 387 participantes) no seguimento. Comparado ao controle, os participantes dos grupos de exercícios tiveram uma pequena melhora na qualidade neuromuscular dos músculos (DMP 0,49; IC 95% 0,29 a 0,69; 13 ensaios; 482 participantes) no seguimento. Ambos os resultados variaram quando examinados em análises de subgrupos.
As intervenções de exercício proporcionam uma pequena melhora tanto na qualidade morfológica quanto na qualidade neuromuscular do músculo em comparação com o controle. Não está claro se essa melhora na qualidade muscular se traduz em mudanças significativas nos desfechos relevantes para o paciente.
Radaelli, R., Taaffe, D.R., Newton, R.U. et al. Exercise effects on muscle quality in older adults: a systematic review and meta-analysis. Sci Rep 11, 21085 (2021). https://doi.org/10.1038/s41598-021-00600-3

Cuidados Organizados em Regime de Internação (Unidade de AVC) para o Acidente Vascular Cerebral
Acidente vascular encefálico (AVE) é a terceira causa de incapacidade e segunda causa de mortalidade mundialmente. Unidades especializadas no tratamento de pacientes pós acidence vascular encefálico promovem tratamentos baseados em evidências e multidisciplinares, com envolvimento de médicos, enfermeiras, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde. O objetivo desta revisão sistemáica foi avaliar os efeitos destas unidades especializadas de tratamento comparados a modelos de internação hospitalar alternativos, como por exemplo tratamento convencional ou outros tipos de unidade especializada de tratamento de AVE.
Treze bases de dados foram pesquisadas (incluindo Medline, Embase e Cochrane CENTRAL), além de outras estratégias (tais como checagem de referências, e contatando pesquisadores experts na área) para identificar ensaios clínicos randomizados que compararam os efeitos de unidades especializadas de tratamento de AVE a outros modelos de internação, como tratamento convencional hospitalar ou outros tipos de unidades especializadas. Estudos pseudo-randomizados e ensaios clínicos cruzados foram excluídos. Foram incluídos todos os tipos de unidade de tratamento especializadas de tratamento (incluindo alas hospitalares dedicadas a AVE, equipes moveis, e alas hospitalares de reabilitação mistas). Foram considerados comparadores validos para esta revisão qualquer outro modelo de internação hospitalar, como por exemplo tratamento convencional ou outros tipos de unidade especializada de tratamento. O desfecho primário envolveu uma combinação de morte, dependência funcional ou necessidade de institucionalização ao final do período de seguimento do estudo. Dois revisores selecionaram os estudos, extraíram dados e realizaram risco de viés. Risco de viés foi avaliado com a ferramenta da Cochrane. A certeza da evidência foi avaliada com a Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation (ou GRADE). Metanálise foi realizada para avaliar o risco de mau desfecho. Resultados foram expressos como odds ratio e intervalo de confiança (IC) 95%. Quatro análises de subgrupo foram realizadas: (i) idade maior ou menor de 75 anos; (2) homem versus mulher; (3) AVE moderado versus severo; (4) AVE isquêmico ou hemorrágico. Metanálise em rede foi realizada para explorar o impacto de diferentes modelos de unidades especializadas nos desfechos.
29 ensaios clínicos (5.902 participantes) foram incluídos nas análises. 20 ensaios clínicos (4.127) compararam unidades especializadas de tratamento versus tratamento convencional em uma ala hospitalar geral; em 6 ensaios clínicos (982 participantes) diversos modelos de unidades especializadas de tratamento foram comparadas; e em 3 ensaios clínicos (793 participantes) incorporaram mais de uma comparação.
Houve evidência de moderada certeza que unidades especializadas de tratamento reduziram a chance de mau desfecho ao final do período de follow-up (mediana 1 ano) comparado a tratamento convencional (odds ratio 0,77 IC 95% 0,69 a 0,87; 26 ensaios clínicos, 5.336 participantes). O desfecho foi dependente da idade, sexo, severidade da doença e tipo de AVE.
A metanálise em rede revelou que ofeito foi maior quando as unidades especializadas de tratamento consistiram em alas especializadas no tratamento de AVE. Utilizando tratamento convencional alas hospitalares gerais como comparador, a chance de mau desfecho foi de 0,74 (IC 95% 0,62 a 0,89; evidência de certeza moderada) para alas especializadas de tratamento de AVE, 0,88 (IC 95% 0,58 a 1,34; evidência de baixa certeza) para equipes moveis e 0,70 (IC 95% 0,52 a 0,95; evidência de baixa certeza) para unidades mistas de reabilitação.
Pacientes pós AVE tratados em unidades especializadas de tratamento apresentam melhores desfechos. O benefício foi indpendente da idade, sexo, severidade da doença, tipo, e foi mais pronunciado em alas hospitalares especializadas. Para cada 100 pacientes com AVE recebendo tratamento em unidades especializado, dois pacientes adicionais sobreviverão, seis mais voltarão a ser independentes, e seis mais voltarão a viver em casa.
Langhorne P, et al. Organised inpatient (stroke unit) care for stroke: network meta-analysis. Cochrane Database Syst Rev 2020;Issue 4
Efeito de intervenções com rastreadores de atividade física sobre a atividade física em pessoas com 60 anos ou mais
Uma recente revisão sistemática visou a determinar o efeito de intervenções basedas na utilização de dispositivos medidores de atividade física nos níveis de atividade física e mobilidade comparados a tratamento convecnional ou outra intervenção relacionada à atividade física em adultos. A revisão buscou artigos em oito bases de dados e incluiu ensaios clíincos randomizados envolvendo participantes com idade superior a 60 anos. Estudos com populações saudáveis ou portadoras de alguma condição de saúde eram elegíveis. O desfecho primário foi atividade física quantificada como passos por dia e medidos por meio de um acelerômetro ou pedômetro. Outros tipos de medidas objetivas de atividade física (por exemplo, tempo de atividade moderada a intensa) ou medidas auto-reportadas de atividade física foram excluídas. Desfechos secundários incluíram mobilidade. A qualidade metodológica dos estudos foi mensurada com a escala PEDro. A qualidade da evidência foi avaliada com a GRADE.
Vinte e três ensaios clínicos randomizados totalizando 2766 participantes e publicados entre 2003 e 2017 foram incluídos. A revisão encontrou evidência de baixa qualidade que participantes que receberam intervenções com dispositivos medidores de atividade física aumentou os níveis de atividade física em 1558 passos por dia (intervalo de confiança 95% (IC 95%) 1099 a 2018) mais do que participantes nos grupos controle após a intervenção. Após 12 meses da intervenção, as diferenças entre os grupos não foram mantidas (1 ensaio clínico, 571 participantes, diferença média no número de passos 210, IC 95% -148 a 567). Há evidência de moderada qualidade de que intervenções com dispositivos medidores de atividade física melhoraram mobilidade comparadas a intervenções controle (3 estudos, 218 participantes, diferença entre as médias 0,61 IC95% 0,31 a 0,90). Meta-regressão não encontrou nenhuma diferença entre níveis de atividade física entre estudos conduzidos em populações saudáveis (9 estudos, diferença entre médias padronizada 0,61, IC 95% 0,25 to 0,96) e populações com condições de saúde (14 estudos, diferença entre médias padronizada 0,54, IC 95% 0,25 a 0,82); estudos que utilizaram acelerômetro (7 estudos, diferença entre médias padronizada 0,24, IC 95% -0,15 a 0,63) versus estudos que utilizaram pedômetros (16 estudos, diferença entre médias padronizada 0,69, IC 95% 0,45 a 0,93); estudos com tamanhos de amostra pequenos (<100 participantes) (15 estudos, diferença entre médias padronizada 0,72, IC 95% 0,45 a 0,93) versus amostras grandes (8 estudos, diferença entre médias padronizada 0,40, IC 95% 0,10 a 0,70). Em contrapartida, foi encontrada interação significativa entre duração da intervenção e tamanho do efeito do estudo. Intervenções de longa duração (igual ou superior a 12 semanas) foram superiores (18 estudos, diferença entre médias padronizada 0,47, IC 95% 0,47 a 0,93) comparadas a intervenções de curto prazo (5 estudos, diferença entre médias padronizada 0,14, IC 95% -0,26 a 0,54).
Dispositivos medidores de atividade física podem ser utilizados para aumentar os níveis de atividade física e melhorar a mobilidade em idosos saudáveis e com condições clínicas. Intervenções de longa duração são mais efetivas que intervenções de curta duração.

No mês passado nós resumimos a revisão sistemática de Oliveira et al. Esta revisão concluiu que intervenções baseadas na utilização de dispositivos medidores de atividade física melhora níveis de atividade física e mobilidade em idosos.
Algumas sugestões para o uso de dispositivos mensuradores de atividade física em idosos são apresentados neste infográfico.
Oliveira JS, et al. Effect of interventions using physical activity trackers on physical activity in people aged 60 years and over: a systematic review and meta-analysis. Br J Sports Med 2019 Aug 9:Epub ahead of print
Leia mais no PEDro.
O valor adicional da comunicação do terapeuta sobre o efeito do tratamento de fisioterapia em adultos mais velhos
Esta revisão sistemática avaliou se a adição de técnicas de comunicação centradas no paciente durante tratamento fisioterapêutico modificaria medidas objetivas e subjetivas de atividade física em idosos. A revisão incluiu ensaios clínicos randomizados e não-randomizados que investigaram o efeito adicional de técnicas de comunicação ao exercício comparadas ao exercício de modo isolado em medidas de atividade física objetivas e subjetivas em idosos.
Os desfechos foram avaliados após a intervenção e até 12 meses após a intervenção. A escala PEDro foi utilizada para avaliação do risco de viés dos estudos incluídos. Metanálise foi realizada quando ao menos 3 estudos puderam ser agrupados. Ao todo, 12 estudos foram incluídos. Destes, 10 estudos incluíram pessoas com condições musculoesqueléticas; um estudo incluiu pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica e um estudo incluiu pessoas com acidente vascular encefálico.
As medidas objetivas de atividade física incluíram velocidade de marcha, test timed-up-and-go , e força muscular. Medidas subjetivas de atividade físicas incluíram motivação para ser fisicamente ativo, confiança para realizar exercícios, e minutos por dia em que a pessoa foi fisicamente ativa. A frequência das intervenções variou de uma vez por semana a diária. A duração do tratamento variou de 5 dias a 9 meses. Diferentes intervenções baseadas em teorias de mudança de comportamento foram utilizadas como técnicas de comunicação, incluindo suporte social, generalização do comportamento alvo e planejamento de objetivos. Em geral, as intervenções de comunicação não melhoraram medidas objetivas de atividade física (diferença entre médias padronizada 0,05; IC95% -0,10 a 0,20), mas melhoraram medidas subjetivas de atividade física (diferença entre médias padronizada 0,19; IC95% 0,07 a 0,31) ao final da intervenção. Técnicas de comunicação não melhoraram medidas objetivas de atividade física (diferença entre médias padronizada 0; IC95% -0,22 a 0,21), mas melhoraram medidas subjetivas de atividade física (diferença entre médias padronizada 0,24; IC95% 0,05 a 0,44). Em uma análise de subgrupos por intervenção, não houve evidência de efeito de intervenções baseadas em suport social em medidas objetivas (diferença entre médias padronizada -0,02; IC95% 0,24 a 0,20). Técnicas de generalização do comportamento alvo melhoraram medidas subjetivas de atividade física (diferença entre médias padronizada 0,34; IC95% 0,05 a 0,63). A adição de técnicas de comunicação baseadas em técnicas de mudança à prática de exercícios fisioterapêuticos em idosos melhorou medidas subjetivas de atividade física, mas não modificou medidas objetivas de atividade física quando comparadas a exercício isolado.
Lakke S, et al. The added value of therapist communication on the effect of physical therapy treatment in older adults; a systematic review and meta-analysis. Patient Educ Couns 2019;102(2):253-65
Exercício para prevenção de quedas em idosos que vivem na comunidade
Uma revisão sistemática publicada pela Colaboração Cochrane avaliou os riscos e benefícios da realização de exercícios como estratégia de intervenção para prevenir quedas em idosos vivendo na comunidade. Essa revisão sistemática incluiu ensaios clínicos randomizados avaliando qualquer modalidade de exercício como intervenção isolada realizada em adultos acima de 60 anos de idade. O desfecho primário foi a taxa de quedas (quedas por pessoas-ano), mensurado no intervalod de tempo mais próximo a 18 meses após a randomização. A qualidade metodológica foi avaliada com a ferramenta Grading of Recommendations, Assessment, Development and Evaluation (GRADE).
A revisão incluiu 108 ensaios clínicos randomizados e 23.407 participantes. A maioria dos estudos foi realizado em países desenvolvidos. 77% dos participantes incluídos no estudo eram mulheres. A média de idade dos participantes destes estudos incluídos foi de 76 anos. Exercício foi comparado com intervenções das quais não se espera um efeito de redução na incidência de quedas. A população incluiu idosos com idade superior a 60 anos vivendo na comunidade sem terem recebido alta recentemente alta de um hospital (81 ensaios clínicos randomizados, n = 19.684 participantes), e idosos que recentemente receberam alta de hospitais (4 ensaios clínicos randomizados, n = 816 participantes). 53% das intervenções incluíram componentes de equilíbrio e exercícios funcionais como componente principal da intervenção, e 15% das intervenções incluíram exercícios tridimensionais como tratamento primário, definidos como aqueles em que os movimentos são realizados nos três planos de movimento, repetidas vezes).
A revisão encontrou evidência de alta qualidade metodológica (59 ensaios clínicos randomizados, n = 12.981 participantes) que exercícios reduziram a taxa de quedas em 23% (IC 95% 17% a 29%) comparados a intervenções controle. A revisão também encontrou evidência de baixa qualidade em 10 ensaios clínicos randomizados (n = 4.047 participantes) que exercícios reduziram o número de fraturas subsequente a quedas em 27% (IC 95% 5% a 44%) comparados a intervenções controle.
Evidência forte demonstrou exercícios reduziram a taxa de quedas em idosos vivendo na comunidade. Mais estudos são necessários para que se compreenda o impacto de exercícios de força, dança ou programas de caminhada na taxa de quedas. Estudos maiores são necessários para que se avalie o impacto do exercício em relação à redução da taxa de fraturas subsequente a quedas.
Ouça à entrevista de Cathie Sherrington (Professora do Institute for Musculoskeletal Health, University of Sydney e líder do revisão) ao programa National’s Health Report, da rádio ABC (a entrevista está na língua inglesa).
Sherrington C et al. Exercise for preventing falls in older people living in the community. Cochrane Database Syst Rev 2019;Issue 1:CD012424
Sentar ou não sentar? Uma revisão sistemática e meta-análise de exercícios realizados em posição sentada para adultos mais velhos
Esta revisão sistemática avaliou os efeitos de exercícios realizados na posição sentada nos níveis de participação e atividade em idosos com condições crônicas de saúde. A revisão incluiu ensaios clínicos randomizados que avaliaram a realização de vários tipos exercícios na posição sentada (força, flexibilidade, amplitude de movimento e equilíbrio) em idosos comparados a outros tipos de exercícios ou tratamento convencional. A qualidade metodológica foi avaliada com a escala PEDro, e a qualidade da evidência para desfecho foi avaliado utilizando a ferramenta GRADE. Quatorze ensaios clínicos randomizados (n = 921 participantes) foram incluídos. Todos os desfechos considerados pela classificação internacional de funcionalidade (CIF) foram incluídos na revisão. A amostra foi composta predominantemente por mulheres. A maioria dos estudos (n = 9) foi considerada de alta qualidade metodológica. A maioria dos estudos (n = 10) foram conduzidos em residenciais geriátricos. A intervenção mais comum foi composta de exercícios de força progressivos e comparada a tratamento convencional ou atividades sociais. A duração da intervenção variou entre seis semanas a sete meses, sendo que na maioria dos estudos as intervenções duraram cerca de 12 semanas. Metanálise de quatro estudos (n = 141) revelou evidência de baixa qualidade de que exercícios realizados na posição sentada apresentaram um grande tamanho de efeito em favor da melhora cognitiva quando comparados a tratamento convencional ou atividades sociais (diferença entre as médias padronizada 1,20 IC 95% 0,25 a 2,16). Metanálise de três estudos (n = 158 participantes) revelou evidência de moderada qualidade que exercícios realizados na posição sentada comparados a atividades sociais não apresentou nenhum efeito no equilíbrio (diferença entre as médias padronizada 0,13 IC 95% -0,19 a 0,44). Metanálise de três estudo (n = 45) revelou evidência de baixa qualidade que exercícios realizados na posição sentada não apresentaram benefícios no teste funcional Timed Up and Go quando comparado a atividades sociais (diferença entre as médias padronizada 0,28 IC 95% -1,08 a 1,63). Em idosos com condições crônicas de saúde, exercícios realizados na posição sentada melhorou função cognitiva comparado a tratamento convencional, mas não foi melhorou equilíbrio e função.
Sexton BP, et al. To sit or not to sit? A systematic review and meta-analysis of seated exercise for older adults. Australas J Ageing 2019;38(1):15-27
O exercício pode melhorar os sintomas cognitivos da doença de Alzheimer?
Nessa revisão, os autores incluíram 19 estudos controlados (17 ensaios clínicos aleatorizados, 1 estudo não aleatório, 1 estudo cruzado) examinando os efeitos do exercício na função cognitiva em indivíduos com risco de ou diagnosticados com Doença de Alzheimer. Foram incluídos apenas estudos que incluíram uma intervenção composta apenas de exercício comparada com grupo controle sem dieta, sem exercício e que reportaram medidas de função cognitiva pré e pós intervenção. A amostra (n=1.150) foi composta por adultos idosos (idade média de 77 anos, DP 7.5 anos), predominantemente composta por mulheres (71.1%) com uma média de 9.2 (DP 4.3) anos de educação. A maioria dos estudos incluíram amostras de indivíduos que estavam com risco de desenvolver Doença de Alzheimer, pois tinham déficit cognitivo médio (64%; n = 732); outros 1% estavam em risco pois tinham parentes diagnosticados com Doença de Alzheimer (n = 17), e 35% tinham diagnóstico de Doença de Alzheimer (n = 396). O treino com exercício foi realizado, em média, por 3.4 (DP 1.4) dias por semana, com intensidade moderada e sessões com duração de 45.2 minutos (DP 17) por 18.6 semanas (DP 10 semanas). A maioria das intervenções eram compostas de treinamento aeróbico (65%), com uma pequena proporção que consistia da combinação de aeróbico e treino de resistência (35%). Os autores encontraram um efeito significante do exercício quando comparado com grupo controle para função cognitiva (diferença média padronizada (DMP) 0.47, intervalo de confiança de 95% (IC) 0.26 até 0.68). Para intervenções compostas apenas por exercício aeróbico, o tamanho do efeito entre grupos foi maior (DMP 0.65, IC 95% 035 até 0.95). Para intervenções que combinavam treino aeróbico com exercício de resistência, o tamanho do efeito entre grupos não foi estatisticamente significante (DMP 0.19, IC 95% -0.06 até 0.43). Esta meta-análise suporta o uso de exercício físico como uma modalidade terapêutica para melhorar função cognitiva em indivíduos com risco de ou diagnosticados com Doença de Alzheimer. Mais estudos devem investigar atividade física ou exercício em combinação com outras estratégias para desenvolver uma prevenção mais pontual e mais opções de tratamento para a Doença de Alzheimer.
Panza GA, et al. Can exercise improve cognitive symptoms of Alzheimer’s disease? J Am Geriatr Soc 2018;66(3):487-95
Intervenções de atividade física para o tratamento do isolamento social, solidão ou baixo apoio social em adultos mais velhos
Essa recente revisão sistemática avaliou os efeitos de intervenções para melhora da atividade física no funcionamento social, isolamento e apoio em idosos da comunidade. Essa parece ser a primeira revisão sistemática a abordar este tópico. O protocolo foi registrado prospectivamente no PROSPERO. Os desfechos primários foram solidão, isolamento social, apoio social, redes de apoio social, e funcionamento social (um sub-domínio relacionado à qualidade de vida). Esta revisão identificou 38 ensaios clínicos randomizados (5288 participantes) que compararam intervenções de atividade física com intervenções não relacionadas à atividade física ou a intervenções- controle (sedentários). 26 destes estudos apresentaram baixo risco de viés. Um tamanho de efeito pequeno e significativo favorecendo as intervenções de de atividade física foi encontrado para os desfecho funcionamento social (diferença entre as médias padronizada: 0,30 IC 95% 0,12 a 0,49); não houve efeito significativo nos desfechos solidão, isolamento social, suporte social e redes de apoio social. Não houve ensaios clínicos randomizados o suficiente para explorar a possível influência de diferentes subgrupos no desfecho funcionamento social. Os maiores tamanhos de efeito foram obtidos para intervenções de atividade física realizadas sem a adição de outros tratamentos, em grupo, em indivíduos com alguma condição de saúde, e supervisionada por fisioterapeutas ou enfermeiras. Os possíveis mecanismos que explicam os efeitos sociais da atividade física são discutidos no artigo.
Shvedko A, et al. Physical activity interventions for treatment of social isolation, loneliness or low social support in older adults: a systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials. Psychol Sport Exerc 2018;34:128-137
O exercício físico melhora força, equilíbrio, mobilidade e resistência em pessoas com comprometimento cognitivo e demência
Nesta revisão sistemática recente, os autores incluíram 43 ensaios clínicos randomizados (n = 3988) que avaliaram os efeitos do exercício na função física e qualidade de vida em pessoas com comprometimento cognitivo ou demência. Os desfechos avaliados incluíram força, flexibilidade, marcha, equilíbrio, mobilidade, resistência durante a marcha, habilidade para execução de dupla tarefa, qualidade de vida e quedas. A qualidade metodológica dos ensaios clínicas foi avaliada utilizando a escala PEDro, e 70% dos estudos incluídos pontuaram 6 ou mais pontos em uma escala de 0/10. O exercício multimodal (45% dos estudos) foi o tipo de exercício mais frequentemente avaliado, seguido por exercícios aeróbicos ou caminhada (29%). Com base nos resultados, há evidência forte de que exercício melhora a função física comparado à intervenções controle, com uma diferença média entre os grupos de 2,1 repetições (IC 95% 0,3 a 3,9) no teste de sentar e levantar em 30 segundos, 5cm (IC 95% 2 a 8) no step test, 3,6 pontos (IC 95% 0,3 a 7,0) na Escala de Equilíbrio de Berg, 3,9cm (IC 95% 2,2 a 5,5) na escala de alcance funcional, -1s (IC 95% -2 a 0) no teste Timed Up and Go, 0,13m/s (IC 95% 0,03 a 0,24) na velocidade da marcha e 50m (IC 95% 18 a 81) no teste de caminhada de 6 minutos. Há evidência forte de que exercício não melhora a qualidade de vida. O efeito da intervenção em quedas é ainda inconclusivo.
Lam FMH, et al. Physical exercise improves strength, balance, mobility, and endurance in people with cognitive impairment and dementia: a systematic review. J Physiother 2018;64(1):4-15
Terapia por Exercício para a Capacidade Funcional em Doenças Crônicas
Esta revisão guarda-chuva incluiu 85 meta-análises de ensaios clínicos randomizados avaliando a efetividade de terapia de exercícios sobre a capacidade funcional em pessoas com doenças crônicas. A terapia de exercícios foi comparada com nenhum tratamento ou cuidados habituais em adultos com doenças crônicas não transmissíveis definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A qualidade metodológica das meta-análises incluídas foi avaliada usando o checklist AMSTAR. O tipo de terapia para exercícios foi classificado em quatro categorias: exercícios aeróbicos, treinamento de resistência, treinamento aeróbico e de resistência combinados; e outros treinamentos baseados em exercícios específicos para a condição. Os autores concluem que a terapia de exercícios foi eficaz para melhorar o desempenho físico e a capacidade funcional em todas as doenças crônicas incluídas (doença de Alzheimer, câncer, síndrome da fadiga crônica, insuficiência cardíaca crônica, doença renal crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica, comprometimento cognitivo, doença cardíaca coronária, demência, fibromialgia, doença pulmonar intersticial, esclerose múltipla, osteoartrite, doença de Parkinson, doença arterial periférica, artrite reumatóide, acidente vascular cerebral e diabetes tipo 2). Cerca de metade das estimativas de efeito foram de magnitude moderada ou grande e provavelmente são clinicamente importantes. Os resultados foram semelhantes entre os diferentes tipos de exercícios, exceto para programas específicos de condição que apresentaram menor proporção de resultados significativos em comparação com os demais. Exercício também parece ser seguro, mas os eventos adversos não foram relatados consistentemente entre os estudos. A terapia de exercícios deve ser recomendada para pessoas com doença crônica para melhorar a capacidade funcional e reduzir incapacidade.
Pasanen T et al. Exercise therapy for functional capacity in chronic diseases: an overview of meta-analyses of randomised controlled trials. Br J Sports Med 2017;51:1459-65
Exercício para Prevenir Quedas em Adultos Mais Velhos
Nesta revisão sistemática os autores incluíram 88 estudos (n=19.478 participantes) que investigaram os efeitos do exercício físico na prevenção de quedas em idosos. Exercício físico reduziu em 21% a taxa de quedas em idosos na comunidade (razão da taxa agrupada – pooled rate ratio 0.79, 95% CI 0.73 to 0.85, p<0.001, 69 comparações). Os melhores efeitos foram observados para os exercícios que incluíram treinamento de equilíbrio e os que tinham duração de 3 horas por semana (39% de redução de quedas). O exercício também reduziu a taxa de quedas em pessoas com Doença de Parkinson em 53% (razão de taxa agrupada 0.47, 95% CI 0.30 to 0.73, p=0.001, 6 comparações) e em 45% em pessoas com alguma disfunção cognitiva (razão de taxa agrupada 0.55, 95% CI 0.37 to 0.83, p=0.004, 3 comparações). Não foi encontrado efeito significativo do exercício na prevenção de quedas em pessoas pós acidente vascular encefálico, pós internação hospitalar ou moradores de casa de repouso. A maioria das interveções dos estudos envolveram exercícios pescritos como uma intervenção única; por profissionais treinados na área da saúde ou por profissionais especializados em exercício, para minimizar o risco de dano durante a intervenção. O exercício como intervenção única pode prevenir quedas em idosos da comunidade.
Sherrington C et al. Exercise to prevent falls in older adults: an updated systematic review and meta-analysis. Br J Sports Med 2017;51(24):1750-8



