Esportes
Esportes inclui estudos que mencionam especificamente lesões esportivas, assim como condições que afetam comumente atletas (por exemplo, reparos ligamentares).
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- Programas de Prevenção Baseados em Exercício Reduzem Lesões Musculoesqueléticas sem Contato no Futebol?
- Diretrizes de melhores práticas baseadas em evidências para a prevenção de lesões do ligamento cruzado anterior em jovens atletas do sexo feminino
- Tratamento e Prevenção de Entorse Aguda e Recorrente de Tornozelo
- Efeito de Programas de Prevenção de Lesões com Inclusão do Exercício Nórdico para Isquiotibiais sobre a Incidência de Lesões em Jogadores de Futebol
- Efeitos do Exercício na Qualidade Muscular em Idosos
Programas de Prevenção Baseados em Exercício Reduzem Lesões Musculoesqueléticas sem Contato no Futebol?
Futebol é um esporte popular em todo o mundo. Apesar dos benefícios de saúde gerados pelo futebol, lesões musculoesqueléticas sem contato (por exemplo, lesão de tendão) são relativamente comuns. Programas de prevenção baseados em exercícios tem sido desenvolvido para prevenir lesões, porém, avaliações anteriores não diferenciaram entre lesões de contato e lesões sem contato. Essa revisão sistemática teve como objetivo estimar os efeitos dos programas baseados em exercícios comparado com controle para prevenir lesões musculoesqueléticas sem contato em jogadores de futebol.
Guiados por um protocolo registrado prospectivamente, foram realizadas buscas sensíveis em seis bancos de dados (incluindo Medline, Embase e PEDro), três registros de ensaios clínicos e rastreamento de citações para identificar ensaios controlados aleatorizados avaliando programas de prevenção de lesões baseados em exercícios. Os participantes eram jogadores de futebol com 13 anos de idade ou mais. A intervenção foi qualquer terapia de exercício realizada para desenvolver função, habilidades ou aptidão física. O comparador poderia ser treinamento ou aquecimento usual, intervenção mínima, educação ou nenhuma intervenção. O desfecho primário foi a ocorrência de qualquer lesão musculoesquelética aguda de início súbito que ocorresse sem contato físico com outro jogador ou objeto no campo. Além de relatar o número de lesões sem contato, os ensaios incluídos precisariam relatar o número de horas de exposição para cada grupo. Dois revisores selecionaram independentemente os ensaios e os dados extraídos. Os desacordos foram resolvidos através de discussão ou arbitragem por um terceiro revisor. O risco de viés foi avaliado usando a escala PEDro, com pontuação obtida do banco de dados PEDro e confirmada por um revisor. A certeza da evidência foi avaliada utilizando a abordagem Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation (GRADE). O número de lesões sem contato e as horas de exposição foram usados para calcular a taxa de incidência de lesões por 1.000 horas e a relação de risco de lesões. Meta-análises foram usadas para computar a relação de risco de lesão combinada e seu intervalo de confiança de 95% (IC). Uma análise de subgrupo pré-planejada foi realizada baseada no tipo de exercício: focado/unimodal (exercícios escolhidos para treinar e proteger um músculo ou articulação específico) vs. generalizado/multimodal (exercícios focados em vários segmentos corporais) ou lesões de tendões sem contato.
10 ensaios (13.355 participantes) foram incluídos nas meta-análises. Os ensaios foram realizados nos Estados Unidos, Noruega e Holanda (2 ensaios cada), Alemanha, Japão, Nigéria e Suécia (1 ensaio cada). Apenas jogadores masculinos foram incluídos em 6 ensaios e somente jogadoras femininas em 4. A maioria dos ensaios (7) recrutou jogadores jovens e todos os ensaios incluíram jogadores amadores. A duração do programa baseado em exercícios variou de 3 a 9 meses. O exercício focado foi usado em 3 ensaios (Nordic Hamstring Exercise, Bounding Exercise Program) e o exercício generalizado em 7 (Prevent Injury and Enhance Performance Program, FIFA 11+, FIFA 11, Knäkontroll (treinamento neuromuscular)). Todas as intervenções foram aplicadas pelo menos duas vezes por semana a cada sessão de treinamento.
Programas baseados em exercícios reduzem o risco de lesões sem contato em 23% comparado ao controle, com uma taxa de risco de lesões de 0,77 (IC 95% 0,61 a 0,97; 10 ensaios; 13.355 participantes; baixa certeza). A análise dos subgrupos revelou que os programas focalizados não eram diferentes dos programas generalizados para a prevenção de lesões sem contato com lesões nos tendões. A relação de risco de lesão foi de 0,65 (0,44 a 0,97; 3 ensaios; 1.238 participantes; baixa certeza) para programas focalizados e 0,63 (0,19 a 2,12; 3 ensaios; 2.573 participantes; muito baixa certeza) para programas generalizados.
Os programas de prevenção baseados em exercícios podem reduzir o risco de lesões musculoesqueléticas sem contato em jogadores de futebol. Os programas focados nos tendões não reduziram as lesões nos tendões mais do que os programas gerais.
Lemes IR, et al. Do exercise-based prevention programmes reduce non-contact musculoskeletal injuries in football (soccer)? A systematic review and meta-analysis with 13,355 athletes and more than 1 million exposure hours. Br J Sports Med 2021 May 17:Epub ahead of print
Diretrizes de melhores práticas baseadas em evidências para a prevenção de lesões do ligamento cruzado anterior em jovens atletas do sexo feminino
Esta revisão sistemática comparou treinamento neuromuscular a qualquer outra intervenção na prevenção de lesões do ligamento cruzado anterior em atletas mulheres. Mulheres foram o foco desta revisão porque elas possuem risco três vezes maior do que homens de lesionarem o ligamento cruzado anterior. O desfecho primario foi número de lesões do ligamento cruzado anterior, mas uma definição precisa a respeito do diagnostico das lesões não foi fornecida pela revisão. Metanálise foi utilizada para comparar treinamento neuromuscular a outros tratamentos. Além disso, para determinar a efetividade do treinamento neuromuscular, esta revisão visou a identificar os componentes mais comuns e efetivos dos programas de treinamento neuromuscular utilizando técnicas de meta-regressão.
Foram incluídos estudos prospectivos randomizados e controlados utilizando duas bases de dados (PubMed/Medline e CINAHL Plus). A escala PEDro foi utilizada para avaliar o risco de viés dos estudos incluídos. A revisão encontrou 18 artigos que reportaram os resultados de 20 estudos (26.925 participantes), 11 ensaios clínicos randomizados e 9 estudos clínicos não-randomizados. O escore médio na escala PEDro foi 5.5 de um total de 10 pontos (desvio padrão 2.3). A dose de treinamento média foi 57 treinamentos ao longo de 18.2 horas (ou 24 minutos por sessão; 2.5 sessões por semana). Todos os programas de treinamento continham instruções para otimizar sua implementação. Os estudos incluídos foram realizados em atletas de futebol (n=7), basquete (n=3), floorball (hoquei jogado em ginásio, sem patins; n=1) e populações mistas (n=4). Com relação ao nível de competividade, 10 estudos foram conduzidos no ambiente escolar, 5 em nível profissional, 3 a nível universitário e 2 em populações mistas.
Comparado a outros tratamentos, o treinamento neuromuscular reduziu o risco de lesão do ligamento cruzado anterior de 1 em 54 atletas para 1 em 111 atletas (odds ratio 0,51; intervalos de confiança (IC) 95% 0,37 a 0,69). Infelizmente, os desfechos não foram relatados em relação a exposição das atletas. Metaregressão indicou que a dose do treinamento neuromuscular não reduziu o impacto das lesões, mas o timing do treinamento pode ser importante. Treinamento neuromuscular conduzido apenas durante a pre-temporada não reduziu o risco de lesão (OR 0,59; IC 95% 0,16 a 2,15), enquanto que treinamento apenas durante a temporada ou combinado durante pré-temporada e temporada regular reduziram o risco de lesão (OR 0,50; IC 95% 0,36 a 0,70). Programas focados em atletas escolares obtiveram um efeito maior (OR 0,38; IC 95% 0,24 a 0,60) que em atletas mais velhos (OR 0,65; IC 95% 0,48 a 0,89). Programas que continham exercícios de controle motor envolvendo estabilização do joelho durante aterrisagem e fortalecimento de membros inferiores foram mais efetivos que programas que não continham tais componentes. Programas que incluíram exercícios de equilíbrio, fortalecimento de core, alongamento ou agilidade não foram mais efetivos que programas que não incorporaram estes componentes.
Esta revisão concluiu que treinamento neuromuscular reduz a incidência de lesões do ligamento cruzado anterior em atletas mulheres. Dados da metaregressão foram utilizados para produzir um checklist para identificar as melhores escolhas de exercícios neuromusculares para esta população.
Petushek EJ, et al. Evidence-based best-practice guidelines for preventing anterior cruciate ligament injuries in young female athletes: a systematic review and meta-analysis. Am J Sports Med 2019;47(7):1744-53
Leia mais no PEDro.

Tratamento e Prevenção de Entorse Aguda e Recorrente de Tornozelo
Este estudo é uma revisão de revisões sistemáticas de intervenções para entorse de tornozelo. Os autores incluíram 46 revisões sistemáticas avaliando o tratamento e as estratégias preventivas para entorse aguda do tornozelo e instabilidade crônica do tornozelo. As revisões incluíram 309 estudos individuais. Os desfechos primários avaliados foram incidência de lesão ou reincidência de lesão e função. Os resultados secundários foram dor, força, amplitude de movimento, propriocepção e atividade muscular na articulação do tornozelo e medidas de desempenho (análises biomecânicas de controle postural estático ou dinâmico, de marcha ou de pouso). A qualidade das revisões foi avaliada utilizando a ferramenta AMSTAR e teve uma pontuação média de 6,5 em um total de 11 pontos. Existem evidências consistentes para exercícios e suportes externos (por exemplo, braces) para prevenir recorrência de entorse de tornozelo (odds ratio 0,59, intervalo de confiança (IC) 95% 0,51 a 0,68, e odds ratio 0,38, IC 95% 0,30 a 0,47, respectivamente). Para o tratamento de entorse de tornozelo aguda, há evidências consistentes para anti-inflamatórios não-esteroides, mobilização precoce e exercícios para melhorar da dor, inchaço e função. A evidência é limitada para o uso de terapia manual para tratar entorse de tornozelo agudo, embora uma melhora na amplitude de movimento para dorsiflexão foi reportada em alguns estudos. A eficácia da cirurgia e da acupuntura são controversas e não há evidências suficientes para recomendar ultra-som no tratamento de entorses agudos do tornozelo. Há uma falta de evidência para órteses ou palmilhas para a instabilidade crônica do tornozelo. As limitações desta revisão incluem a extração de dados sendo realizada por apenas um revisor e a alta heterogeneidade nos dados apresentados nas revisões incluídas.
Doherty C et al. Treatment and prevention of acute and recurrent ankle sprain: an overview of systematic reviews with meta-analysis. Br J Sports Med 2017;51(2):113-25
Efeito de Programas de Prevenção de Lesões com Inclusão do Exercício Nórdico para Isquiotibiais sobre a Incidência de Lesões em Jogadores de Futebol
Nesta nova revisão sistemática, os autores incluíram 5 estudos (4 estudos controlados aleatorizados em aglomerado e 1 estudo de coorte) que investigaram programas de prevenção de lesão que incluam exercício nórdicos de ísquiotibiais (excêntrico) nas taxas de lesão em jogadores de futebol. Dados de 4.455 indivíduos incluídos em 5 estudos foram analisados. Um total de 315.992 horas de exposição e 166 lesões de ísquiotibiais foram extraídas dos estudos incluídos. De um modo geral, os resultados mostraram 51% de redução de lesão por 1.000 horas de exposição para programas de prevenção de lesão que incluíram exercício nórdicos de ísquiotibiais quando comparado com o grupo controle (razão de risco para lesão = 0.49; intervalo de confiança de 95% = 0.291 – 0.827; p = 0.008). A limitação desta revisão sistemática é que não foi possível avaliar o efeito isolado dos exercícios nórdicos pois os programas de prevenção de lesão incluíam uma variedade de outros exercícios. Outra limitação é que o custo benefício não foi considerado como um desfecho na revisão sistemática, apesar deste dado estar presente na literatura.
Al Attar WS, et al. Effect of injury prevention programs that include the Nordic hamstring exercise on hamstring injury rates in soccer players: a systematic review and meta-analysis. Sports Med 2017;47(5):907-16.
Efeitos do Exercício na Qualidade Muscular em Idosos
Esta revisão sistemática teve como objetivo investigar os efeitos das intervenções fisioterapêuticas em comparação com tratamentos alternativos em atletas adolescentes e adultos jovens pós-concussão.
Os artigos incluídos foram pesquisas originais, um ensaio clínico randomizado. Os participantes eram atletas com menos de trinta anos, que tiveram uma concussão aguda ou crônica relacionada ao esporte, e a intervenção foi de fisioterapia. Seis bases de dados foram pesquisadas entre março de 2021 e janeiro de 2022. A escala PEDro foi utilizada para avaliar a qualidade metodológica dos ensaios incluídos para indicar qualidade alta (>5/10), moderada (5/10) e baixa (<5/10).
Oito artigos foram incluídos na revisão. Quatro avaliaram intervenção aeróbica e quatro avaliaram intervenção multimodal. O tratamento multimodal incluiu progressão individualizada do exercício, intervenção precoce, reabilitação da coluna cervical e vestibular, exercício assintomático e visualização e imagens. O tratamento de controle incluiu alongamento, educação, exercícios subterapêuticos, exercícios de amplitude de movimento, visualização, repouso e intervenção retardada.
As medidas de resultados incluíram os dias desde a lesão até a recuperação, PCSS, PCSI, Qualidade de Vida Relacionada à Saúde, Inventário de Depressão de Beck para Jovens, Escala Multidimensional de Fadiga de Qualidade de Vida Pediátrica, BESS, ImPACT, tempo para voltar a brincar, questionários de saúde e demográficos , Borg CR10, taxa de esforço percebido (RPE) e classificação de mudança de sintomas pós-passeio. Os grupos de controle participaram de educação, descanso, exercícios subterapêuticos, placebo ou tratamento simulado. Nenhum dos estudos demonstrou quaisquer efeitos adversos significativos da atividade física precoce e da intervenção fisioterapêutica.
375 atletas (163 mulheres e 212 homens) participaram dos oito estudos com idades variando de 11,2 a 21,2 anos. A gravidade dos sintomas variou de sintomas agudos pós-concussão a sintomas crônicos pós-concussão. Um artigo não indicou a gravidade da concussão. Os participantes tiveram uma concussão ou uma recorrência de concussões. Dois artigos não indicaram a ocorrência de concussão.
Cinco dos oito artigos eram de maior qualidade em relação ao risco de viés em comparação com os outros três artigos incluídos, com pontuações variando de 5 a 10 em 10 pontos, embora não haja indicação de que o avaliador tenha realizado treinamento de revisor do PEDro.
Três dos cinco artigos de maior qualidade encontraram melhorias significativas nos grupos de tratamento em comparação com os grupos de controle, com redução dos sintomas e do tempo de recuperação. Todos os artigos demonstraram melhora dos sintomas com o tempo e nenhum efeito adverso notável foi relatado com atividade física e terapia precoces. Devido à variabilidade nos tipos de intervenção utilizados e nos indivíduos nos quais as intervenções e controles foram realizados, o estudo não foi capaz de determinar a intervenção de tratamento ideal.
Esta revisão sistemática sugere que o exercício aeróbico ou intervenções multimodais podem levar a uma recuperação mais rápida e ao retorno ao esporte em atletas adolescentes e adultos jovens com sintomas pós-concussivos quando comparados aos tratamentos tradicionais, como o repouso físico e cognitivo.
Art K, Ridenour C, Durbin S, Bauer M, Hassen-Miller A. The Effectiveness of Physical Therapy Interventions for Athletes Post-Concussion: A Systematic Review. Int J Sports Phys Ther. 2023 Feb 1;18(1):26-38. doi: 10.26603/001c.68071.




