Continência e saúde da mulher
Continência e saúde da mulher inclui, mas não se limita à incontinência masculina e feminina, bem como às intervenções pré e pós-natais voltadas para a mãe.
Retornar a todos os sumários de evidências
- Eficácia das intervenções de fisioterapia em mulheres com dispareunia
- Prevenção de Dor Lombar e na Cintura Pélvica Durante a Gravidez
- Efeitos do exercício aeróbico realizado durante a gestação sobre hipertensão e diabetes gestacional
- Estratégias motivacionais para melhorar a adesão à atividade física em sobreviventes de câncer de mama
- Treinamento em grupo dos músculos do assoalho pélvico para todas as mulheres durante a gestação é mais custo-efetivo do que o treinamento pós-natal para mulheres com incontinência urinária: análise de custo-efetividade de uma revisão sistemática
- Treinamento dos músculos do assoalho pélvico para prevenção e tratamento da incontinência urinária e fecal em mulheres no período antenatal e pós-natal
- Exercício pré-natal e saúde e aptidão cardiorrespiratória
- Efeitos do exercício físico após o tratamento do câncer de mama precoce
- O exercício melhora a qualidade de vida em pacientes com câncer
- Efeito das intervenções baseadas em dieta e atividade física na gravidez sobre o ganho de peso gestacional e os desfechos da gestação
Eficácia das intervenções de fisioterapia em mulheres com dispareunia
Esta revisão sistemática teve como objetivo estimar os efeitos da fisioterapia em comparação com intervenções farmacológicas, psicocomportamentais ou nenhuma intervenção na intensidade da dor percebida, função sexual e qualidade de vida em mulheres com dispareunia.
Cinco base de dados foram avaliadas desde o início até maio de 2023. Os estudos incluídos foram ensaios clínicos não randomizados, ensaios clínicos randomizados e ensaios clínicos quase randomizados. Os estudos incluíram mulheres com dispareunia e compararam grupos que receberam pelo menos uma intervenção fisioterapêutica (eletroterapia, massagem e modalidades de exercícios) com aqueles que receberam tratamento farmacológico, intervenções psicocomportamentais ou nenhuma intervenção. Os resultados de interesse foram intensidade da dor, função sexual e qualidade de vida. A avaliação do risco de viés foi realizada usando a ferramenta ROBINS-I para ensaios clínicos não randomizados e a ferramenta de risco de víes da Cochrane – RoB 1, para ensaios clínicos randomizados. Meta-análises usando modelos de efeitos aleatórios avaliaram diferenças médias padronizadas (DMP) e intervalos de confiança (IC) de 95%. O GRADE foi aplicado a cada meta-análise para avaliar a certeza das evidências.
Esta revisão incluiu 19 estudos; oito ensaios clínicos randomizados, dois ensaios clínicos quase randomizados, e nove estudos não randomizados. As intervenções de fisioterapia foram múltiplos tratamentos de fisioterapia (n=6), eletroterapia (n=5), treinamento dos músculos do assoalho pélvico (n=2), massagem de Thiele (n=3), intervenções interdisciplinares ou treinamento dos músculos do assoalho pélvico (n=2), e terapia por ondas de choque extracorpóreas (n=1). As intervenções foram de 4 semanas a 1 ano, com pelo menos 1 sessão por semana (quando o número de sessões foi relatado). Apenas ensaios clínicos randomizados foram incluídos na meta-análise e síntese GRADE para dor (3 ensaios clínicos, 207 participantes), função sexual (2 ensaios clínicos, 373 participantes) e qualidade de vida (2 ensaios clínicos, 64 participantes).
Comparado ao controle ou nenhuma intervenção, houve evidência de certeza moderada de que o tratamento fisioterapêutico (eletroterapia e eletroterapia mais treinamento dos músculos do assoalho pélvico) melhorou a dor (DMP -4,4, IC de 95% -7,9 a -1,0). Houve evidência de baixa certeza de que o tratamento fisioterapêutico (eletroterapia e eletroterapia mais cinesioterapia) melhorou a qualidade de vida (DMP -0,38 IC de 95%: -0,74 a -0,03), mas não melhorou a função sexual (DMP 2,37 IC de 95%: -1,43 a 6,17) em comparação ao controle ou nenhuma intervenção. Eventos adversos não foram relatados.
A revisão concluiu que a fisioterapia foi eficaz para reduzir a dor em mulheres com dispareunia quando comparada a intervenções de controle. A fisioterapia foi eficaz para melhorar a qualidade de vida e ineficaz para melhorar a função sexual, mas há evidências de baixa certeza. Pesquisas futuras são necessárias para melhorar a certeza das evidências.
Fernandez-Perez P, Leiros-Rodriguez R, Marques-Sanchez MP, Martinez-Fernandez MC, de Carvalho FO, Maciel LYS. Effectiveness of physical therapy interventions in women with dyspareunia: a systematic review and meta-analysis. BMC Womens Health 2023; 23: 387. DOI: doi.org/10.1186/s12905-023-02532-8

Prevenção de Dor Lombar e na Cintura Pélvica Durante a Gravidez
Durante a gestação, as mulheres podem sentir dor lombar, dor pélvica ou uma combinação de ambas (dor lombopélvica), o que afeta as atividades da vida diária e sua qualidade de vida. As taxas de incidência são estimadas entre 57% e 90% para a dor lombar e entre 4% e 76% para a dor pélvica. Para as mulheres que apresentam dor lombar ou pélvica durante a gravidez, até a metade continuará a ter alguma queixa de dor um ano após o parto.
Essa revisão sistemática teve como objetivo investigar a efetividade e aceitabilidade de curto e longo prazo de uma estratégia de prevenção comparada ao controle, em episódios de dor lombar, dor lombopélvica ou dor lombar e pélvica em mulheres durante a gestação.
Bases de dados eletrônicas foram pesquisadas desde o início até janeiro de 2023. Foram incluídos estudos controlados randomizados e quasi-randomizados que incluíram mulheres gestantes sem dor lombar ou pélvica no início do estudo. Os estudos precisavam comparar um grupo experimental que recebesse uma estratégia de prevenção com o objetivo de evitar dor lombar, pélvica ou lombopélvica durante a gestação com um grupo de controle que não recebesse nenhuma intervenção, placebo, sham ou controle de lista de espera. Os estudos também precisavam incluir pelo menos um dos desfechos de interesse, ou seja, incidência de dor lombar, pélvica ou lombopélvica, licença médica e aceitabilidade em curto prazo [<12 semanas] e longo prazo [> 12 semanas]. A aceitabilidade foi medida pelo número de participantes que se retiraram devido a qualquer motivo do número total de participantes randomizados para cada grupo. O risco de viés em cada estudo incluído foi avaliado usando a escala PEDro.
A meta-análise foi conduzida usando um modelo de efeitos aleatórios, com o relato de risco relativo (RR) e intervalos de confiança (IC) de 95%. Os estudos foram agrupados por estratégia de prevenção específica, desfechos e períodos de tempo. A abordagem GRADE foi usada para avaliar a certeza da evidência, com a certeza da evidência começando em moderada, pois não foi possível avaliar a ocorrência de viés de publicação (pequeno número de estudos).
Essa revisão incluiu seis estudos controlados randomizados com 2.231 gestantes com idade entre 23 e 31 anos e idade gestacional de 12 a 24 semanas. Todas as mulheres eram gestantes de baixo risco com um único filho e a maioria era considerada sedentária. Os estudos elegíveis avaliaram duas estratégias: educação combinada com exercícios e exercícios isolados. Todos os estudos tinham baixo risco de viés (escore PEDro mediano 7, variação de 6 a 8). Todos os estudos forneceram dados sobre novos eventos de dor lombar, pélvica ou lombopélvica.
O exercício praticado de forma isolado provavelmente reduz o risco de dor lombar (RR 0,92, IC 95% 0,85-0,99; 2 estudos, n= 621, moderada certeza de evidência), tem efeitos incertos na redução do risco de dor lombopélvica (RR 0,87, IC 95% 0,53-1,44, 1 estudo, n= 105, muito baixa certeza de evidência) e provavelmente não reduz o risco de dor lombopélvica (RR 0,92, IC 95% 0,68-1,25, 2 estudos n= 1156, moderada certeza de evidência) no longo prazo. O exercício praticado de forma isolado é provavelmente aceitável entre as mulheres com dor lombopélvica (RR 0,60, IC 95% 0,42-0,84, evidência de certeza moderada), mas incerto entre as mulheres com dor lombar (evidência de baixa certeza).
A educação combinada com exercícios praticado de forma isolado provavelmente não reduz o risco de dor lombar ou dor pélvica no curto prazo (dor lombar: RR 1,06, IC 95% 0,85-1,31; dor pélvica: RR 1,19, IC 95% 0,71-1,98) ou no longo prazo (dor lombar: RR 1,05, IC 95% 0,85-1,30; PGP: RR 1,02, IC 95% 0,80-1,29) (2 estudos, n= 438; moderada certeza de evidência). Houve incerteza em relação à educação combinada com exercícios na dor pélvica (muito baixa certeza de evidência) e nenhuma diferença entre os grupos de intervenção e controle para aceitabilidade em curto prazo (muito baixa certeza de evidência) e longo prazo (moderada certeza de evidência) (2 estudos, n= 454).
Atualmente, há moderada certeza de evidência que apoiam a prática do exercício isolado como uma intervenção aceitável para gestantes com dor lombopélvica e tem um pequeno efeito protetor em relação a episódios de dor lombar a longo prazo. Ainda são necessários mais estudos de alta qualidade para confirmar os efeitos na prevenção da dor lombar, dor pélvica e dor lombopélvica a curto e longo prazo.
Santos FF, Lourenço BM, Souza MB, Maia, LB, Oliveira VC, Oliveira MX. Prevention of low back and pelvic girdle pain during pregnancy: a systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials with GRADE recommendations. Physiotherapy 118 (2023) 1–11 https://doi.org/10.1016/j.physio.2022.09.004

Efeitos do exercício aeróbico realizado durante a gestação sobre hipertensão e diabetes gestacional
As complicações comuns na gestação incluem diabetes mellitus gestacional e hipertensão gestacional. Até o momento, as evidências sobre os efeitos do exercício nas complicações e nos resultados da gravidez são inconsistentes. Essa revisão sistemática teve o objetivo de estimar os efeitos do exercício aeróbico durante a gravidez em comparação com os cuidados habituais sobre a diabetes mellitus gestacional e a hipertensão gestacional.
Seis bases de dados foram pesquisadas em busca de estudos controlados randomizados (ECAs). Não houve restrições de idioma ou data. Os estudos elegíveis incluíram participantes gestantes sem histórico de diabetes, hipertensão, distúrbios psiquiátricos ou doença subjacente, incluindo doenças cardíacas, renais, hepáticas ou do sistema reprodutivo. A intervenção foi qualquer tipo de exercício aeróbico. As participantes com cuidados habituais receberam cuidados pré-natais padrão e educação. A incidência de diabetes mellitus gestacional e hipertensão gestacional foram os resultados de interesse. A extração de dados e a avaliação da qualidade metodológica, usando a ferramenta Risk of Bias da Cochrane Collaboration, foram realizadas por dois autores. O risco de viés dos estudos foi classificado como baixo (se 4 ou mais critérios fossem classificados como baixos), médio (se 2-3 critérios fossem classificados como baixos) ou alto (se 0-1 critérios fossem classificados como baixos). Uma meta-análise reuniu os estudos, com gráficos “forest plots” usados para resumir e comparar os estudos. Um modelo de efeitos randômicos foi usado se fosse encontrado um grau significativo de heterogeneidade (I2>50%).
11 estudos, envolvendo 3.165 participantes, foram incluídos. Os exercícios aeróbicos incluíram predominantemente caminhada e ciclismo estacionário. O Ioga foi incluído em três ECAs e um único estudo incluiu corrida aquática e caminhada. A frequência da intervenção foi geralmente de 3 dias/semana, com duração de 30 a 60 minutos e duração de 6 a 40 semanas. A intensidade do exercício foi pouco relatada. A maioria dos estudos (8/11) foi classificada como tendo baixo risco de viés. O cegamento dos participantes e avaliadores foram os itens mais frequentemente associados a um maior risco de viés. Uma minoria de estudos (3/11) também apresentou risco de viés devido a processos de randomização e alocação oculta pouco claros
O grupo de intervenção com exercícios aeróbicos apresentou reduções significativas na incidência de diabetes mellitus gestacional em comparação com os cuidados habituais (OR=0,39, IC 95% 0,30 a 0,50, I2 0%, p<0,00001, 10 estudos). Reduções significativas na incidência de hipertensão gestacional favoreceram o exercício aeróbico (OR=0,38, IC 95% 0,27 a 0,54, I2 0%, p<0,00001, 9 estudos). A incidência de eventos adversos não foi relatada.
O exercício aeróbico durante a gestação reduz a incidência de diabetes mellitus e hipertensão gestacional. São necessárias mais pesquisas que permitam a análise de subgrupos dos efeitos em diferentes modalidades de exercícios e a avaliação da certeza da evidência.
Zhang J, Wang HP, Wang XX. Effects of aerobic exercise performed during pregnancy on hypertension and gestational diabetes: a systematic review and meta-analysis. J Sports Med Phys Fitness. 2023 Jul;63(7):852-863. doi: 10.23736/S0022-4707.23.14578-6

Estratégias motivacionais para melhorar a adesão à atividade física em sobreviventes de câncer de mama
Câncer de mama é a principal causa de morbidade e mortalidade por câncer em mulheres em todo o mundo. Atividade física ou programas de exercícios autoguiados estão associados a desfechos positivos no câncer. Estratégias comportamentais que podem aumentar a adesão com esses programas incluem autogerenciamento usando um dispositivo de acompanhamento de passos e entrevistas motivacionais. Essa revisão sistemática teve como objetivo estimar os efeitos de diferentes estratégias comportamentais para melhorar a adesão a atividade física ou programas de exercícios autoguiados em mulheres que tiveram câncer de mama não metastático.
Guiado por um protocolo registrado prospectivamente, buscas sensitivas foram conduzidas em seis bases de dados (incluindo PubMed e Cochrane CENTRAL) para identificar ensaios clínicos controlados aleatorizados que avaliaram atividade física ou programas de exercícios autoguiados em mulheres com câncer de mama não metastático. As participantes deveriam ter realizado cirurgia, quimioterapia e radioterapia como tratamento para o câncer de mama em estágio 0 a III pelo menos 3 meses antes do recrutamento. A intervenção foi qualquer forma de atividade física ou programa de exercícios autoguiados (por exemplo, pelo menos metade do programa foi implementado sem supervisão de um profissional de saúde). Estratégias comportamentais usadas nesses programas foram classificadas como acompanhamento e aconselhamento de passos, acompanhamento de passos e entrevistas motivacionais e acompanhamento de passos e material impresso. O grupo comparador foi cuidados usuais. O desfecho primário foi adesão no fim da avaliação de acompanhamento como uma variável dicotômica (porcentagem que atinge um volume de exercício recomendado – adesão completa ou parcial do programa ou da recomendação de atividade física) ou uma variável contínua (medidas de duração do exercício, intensidade, ou número de passos). Dois revisores independentes selecionaram os estudos para inclusão e todas as discordâncias foram resolvidas por um terceiro revisor. Os dados foram extraídos por um revisor e verificados por dois outros revisores. Dois revisores avaliaram o risco de viés utilizando a ferramenta de risco de viés da Cochrane e todas as discordâncias foram resolvidas por um terceiro revisor. A certeza da evidência não foi avaliada. Meta-análises foram conduzidas para agrupar os estudos incluídos, utilizando razão de chances (odds ratios) e intervalo de confiança (IC) de 95% para variáveis dicotômicas, e diferença média padronizada (standardised mean difference) e IC 95% para variáveis contínuas. Os estudos nas meta-análises foram agrupados de acordo com as estratégias comportamentais utilizadas: acompanhamento e aconselhamento de passos, acompanhamento de passos e entrevistas motivacionais e acompanhamento de passos e material impresso.
Dez estudos (1.334 participantes) com acompanhamentos entre 12 semanas e 6 meses foram incluídos nas meta-análises. A idade média das mulheres nos estudos foi de 50 a 62 anos. Quatro estudos utilizaram acompanhamento e aconselhamento de passos, dois estudos utilizaram acompanhamento de passos e entrevistas motivacionais e quatro utilizaram acompanhamento de passos e material impresso, em conjunto com atividade física ou um programa de exercícios autoguiados. Grupos comparadores receberam cuidados usuais, lista de espera ou acompanhamento de passos.
Mais participantes atingiram o nível de atividade física recomendada em grupos que receberam estratégias comportamentais em combinação com exercícios autoguiados (218/474, 46%) do que em condições controle (152/477, 32%), com uma razão de chances de 2,66 (IC 95% 1,34 a 5,27; 6 estudos; 951 participantes). Este efeito foi ligeiramente maior para acompanhamento de passos e aconselhamento (razão de chances 7,10; IC 95% 1,13 a 44,75; 3 estudos; 373 participantes) e acompanhamento de passos e entrevista motivacional (razão de chances 5,95; IC 95% 2,29 a 15,44; 1 estudo; 87 participantes) do que para rastreamento de passos e material impresso (razão de chances 1,24; IC 95% 0,72 a 2,13; 2 estudos; 491 participantes). Os resultados para adesão completa ou parcial para o programa não foram reportados.
Participantes em grupos que receberam estratégias comportamentais em combinação com exercícios autoguiados alcançaram 0,55 desvios padrão mais atividade física moderada a vigorosa do que aqueles em condições de controle (IC 95% 0,30 a 0,79; 9 estudos; 1,262 participantes). Esse efeito foi consistente entre os subgrupos de acompanhamento de passos e aconselhamento (diferença média padronizada 0,70; IC 95% 0,14 a 1,25; 4 estudos; 435 participantes), acompanhamento de passos e entrevista motivacional (diferença média padronizada 0,70; IC 95% 0,39 a 1,01; 2 estudos; 167 participantes), e acompanhamento de passos e material impresso (diferença média padronizada 0,32; IC 95% 0,07 a 0,57; 3 estudos; 660 participantes).
Quando combinado com atividade física ou um programa de exercícios autoguiados, as estratégias comportamentais de acompanhamento de passos com aconselhamento, entrevista motivacional ou material impresso parecem aumentar a adesão à atividade física em mulheres que tiveram câncer de mama não metastático.
Pudkasam S, et al. Motivational strategies to improve adherence to physical activity in breast cancer survivors: a systematic review and meta-analysis. Maturitas 2021;152:32-47
Treinamento em grupo dos músculos do assoalho pélvico para todas as mulheres durante a gestação é mais custo-efetivo do que o treinamento pós-natal para mulheres com incontinência urinária: análise de custo-efetividade de uma revisão sistemática
A disfunção do assoalho pélvico e a incontinência são comuns após a gravidez e o parto. Nos primeiros 3 meses após o parto, cerca de uma em cada três mulheres tem incontinência urinária e até uma em cada dez tem incontinência fecal. O treinamento muscular do assoalho pélvico é o cuidado recomendado na primeira linha para prevenir e tratar ambas as formas de incontinência.
Essa revisão sistemática teve como objetivo estimar os efeitos do treinamento dos músculos do assoalho pélvico em grupo para todas as mulheres durante a gravidez comparado a treinamento individual dos músculos do assoalho pélvico prevenção e tratamento da incontinência urinária e fecal em mulheres durante e após o parto.
Em julho de 2020 publicamos um blog PEDro que resumiu uma revisão da Cochrane que estimou os efeitos do treinamento dos músculos do assoalho pélvico (pré ou pós-natal) para prevenir ou tratar a incontinência urinária e fecal no final da gravidez e após o parto. A revisão concluiu que programas de exercícios estruturados para os músculos do assoalho pélvico para mulheres continentes pode prevenir o surgimento de incontinência urinária na gravidez tardia e nos períodos pós-parto precoce. Há incerteza sobre os efeitos do exercício como tratamento da incontinência urinária em mulheres pré e pós-parto e incontinência fecal.
Informações sobre a relação custo-efetividade são necessárias para os serviços de saúde e formuladores de políticas para informar o planejamento de serviços e determinar o melhor uso dos fundos limitados disponíveis para promover a saúde e fornecer assistência médica. Uma revisão sistemática foi publicada recentemente que amplia os resultados da revisão da Cochrane, re-analisando os ensaios para determinar os custos e custo-efetividade dos diferentes modelos de cuidados utilizados para fornecer treinamento muscular do assoalho pélvico nos períodos pré ou pós-natal. O objetivo era determinar a maneira mais custo-efetiva de fornecer treinamento muscular do assoalho pélvico para prevenir ou tratar a incontinência pós-parto.
Os ensaios incluídos na revisão da Cochrane foram incluídos na revisão de custo-efetividade e se eles relataram diferenças estatisticamente significativas entre grupos na prevenção ou cura da incontinência e contivessem informações suficientes sobre a intervenção para classificar o treinamento muscular do assoalho pélvico em dois estratos. Os extratos foram: (1) individual, grupo ou individual misto em grupo; e (2) durante ou após a gravidez. As participantes estavam grávidas ou pós-natais. O resultado primário foi a incontinência urinária ou fecal pós-parto. Os custos para cada modelo de intervenção foram calculados em dólares australianos do ano 2019 utilizando taxas de mercado disponíveis publicamente e acordos empresariais (incluindo estimativas de serviços de saúde, custos para o consumidor e custos sociais mais economia de custos). Um autor realizou os cálculos, que foram cruzados por um segundo autor. Foi calculada a relação custo-efetividade incremental de cada modo de intervenção para prevenir ou curar com sucesso um caso de incontinência. Foram realizadas análises de sensibilidade para contabilizar as variações no número de participantes por grupo para treinamento em grupo, o custo dos custos dos pacientes fora do bolso, a taxa de salário do profissional de saúde que entrega a intervenção e a proporção de pacientes que teriam incontinência pós-natal sem intervenção.
Onze ensaios (3.005 participantes) foram incluídos na análises de custo-efetividade. Foram avaliados três modelos de intervenção: (1) treinamento muscular individual do assoalho pélvico durante a gravidez para prevenir a incontinência urinária (2 ensaios); (2) treinamento em grupo durante a gravidez para prevenir ou tratar a incontinência (3 ensaios); e (3) treinamento individual pós-natal para tratamento da incontinência urinária (3 ensaios) ou incontinência urinária e fecal (3 ensaios).
Os custos para o serviço de saúde para prevenir ou curar um caso de incontinência urinária foram de AUD$ 768 para o treinamento individual dos músculos do assoalho pélvico durante a gravidez e AUD$ 1.970 para o treinamento individual pós-natal. Em contraste, o treinamento em grupo durante a gravidez gerou uma economia de custos de AUD$ 14 se houvesse oito participantes por sessão. As análises de sensibilidade revelaram que a economia era maior se houvesse mais participantes em cada grupo. O custo do serviço de saúde por caso de incontinência fecal prevenido ou curado foi de AUD$ 2.784. A certeza em torno destas estimativas de custo (ou seja, intervalo de confiança de 95%) não foi relatada.
Proporcionar um treinamento muscular do assoalho pélvico em grupo para todas as mulheres durante a gravidez é mais eficiente do que o treinamento individual. Entretanto, fornecer treinamento muscular do assoalho pélvico para mulheres com incontinência urinária pós-natal não deve ser descontado devido ao benefício adicional conhecido para prevenir e tratar a incontinência fecal.
Brennen R, et al. Group-based pelvic floor muscle training for all women during pregnancy is more cost-effective than postnatal training for women with urinary incontinence: cost-effectiveness analysis of a systematic review. J Physiother 2021;67(2):105-14
Treinamento dos músculos do assoalho pélvico para prevenção e tratamento da incontinência urinária e fecal em mulheres no período antenatal e pós-natal
Disfunções do assoalho pélvico são comuns após a gravidez e parto. Nos primeiros 3 meses após o parto, cerca de um terço das mulheres tem incontinência urinária e até uma em dez desenvolvem incontinência fecal. O treinamento dos músculos do assoalho pélvico é recomendado para prevenção e tratamento da incontinência. Uma recente revisão sistemática visou a determinar os efeitos de exercícios para os músculos do assoalho pélvico (pré ou pós-gravidez) para prevenção e tratamento da incontinência urinária e fecal em mulheres em estágios finais da gravide e após o parto.
O Cochrane Incontinence Specialised Register foi pesquisado para identificar ensaios clínicos randomizados ou quasi-randomizados que compararam exercícios para os músculos do assoalho pélvico a não treinamento, tratamento convencional, outro tratamento ou tratamentos alternativos a exercício em mulheres grávidas (mulheres incontinentes ou continentes no momento da randomização foram incluídas). O desfecho primário foi presença de incontinência urinária e fecal auto-reportadas. Quando possível, razão de risco e intervalo de confiança (IC) 95% foram calculados em cinco diferentes time-points: gravidez tardia, e períodos pré-natal precoce (0-3 meses), medio (3-6 meses), tardio (6-12 meses) e longo prazo (> 5 anos). Dois revisores independentes selecionaram estudos para inclusão. Diferenças foram resolvidas por discussão. Risco de viés foi avaliado com a ferramenta da Cochrane, e a certeza a evidência foi avaliada com a abordagem Grading of Recommendations, Assessment, Development and Evaluations (GRADE). Análises separaas foram realizadas para mulheres que eram continentes (ou seja, prevenção), incontinente (ou seja, tratamento), prevenção e tratamento mistos, e se o treinamento ocorreu antes ou após o parto. 46 ensaios clínicos (10.832 participantes) foram incluídos na análise.
Prevenção da incontinência urinária
Comparado a tratamento convencional, mulheres continentes grávidas que realizaram exercícios reduziram o risco de se tornarem incontinentes na gravidez tardia (razão de risco 0,38 IC 95% 0,20 a 0,72, 6 estudos, 624 participantes, evidência moderada) e precoce (razão de risco 0,38 IC 95% 0,17 a 0,83, 5 estudos, 439 participantes, GRADE não descrita) e medio (razão de risco 0,71 IC 95% 0,54 a 0,95, 5 estudos, 673 participantes, evidência de alta qualidade). Os efeitos não foram evidentes no longo prazo (razão de risco 1,07, IC 95% 0,77 a 1,48, 2 estudos, 352 participantes, GRADE não descrita).
Tratamento da incontinência urinária
Exercícios não reduziram incontinência urinária na gravidez tardia (razão de risco 0,70, IC 95% 0,44 a 1,13, 3 estudos, 345 participantes, qualidade da evidência muito baixa), precoce (razão de risco 0,75, IC 95% 0,37 a 1,53, 2 estudos, 292 participantes, GRADE não descrita), medio (razão de risco 0,94, IC 95% 0,70 a 1,24, 1 estudo, 187 participantes, baixa qualidade), ou tardia (razão de risco 0,50, IC 95% 0,13 a 1,93, 2 estudos, 869 participantes, qualidade muito baixa). Treinamento iniciado após o parto em mulheres já incontinentes não reduziu o risco de incontinência tardia (razão de risco 0,55, IC 95% 0,29 a 1,07, 3 estudos, 696 participantes, baixa qualidade).
Tratamento a prevenção da incontinência urinária
Treinamento pré-parto em mulheres com ou sem incontinência provavelmente reduz incontinência urinária na gravidez tardia (razão de risco 0,78, IC 95% 0,64 a 0,94, 11 estudos, 3.307 participantes, evidência moderada), e precoce (razão de risco 0,83, IC 95% 0,71 a 0,99, 6 estudos, 806 participantes, GRADE não descrita) e medio (razão de risco 0,73, IC 95% 0,55 a 0,97, 5 estudos, 1.921 participantes, baixa qualidade). Este efeito não foi evidente no período pós-natal tardio (razão de risco 0,85, IC 95% 0,77 a 2,45, 1 estudo, 188 participantes, GRADE não descrita). Exercícios para o assoalho pélvico iniciando após o parto para prevenção e tratamento da incontinência não reduzem o risco de incontinência no período pós-natal tardio (razão de risco 0,88, IC 95% 0,71 a 1,09, 3 estudos, 826 participantes, evidência moderada).
Incontinência fecal
Oito estudos reportaram desfechos relacionados à incontinência fecal. Nenhum estudo avaliou o treinamento para prevenção ou tratamento da incontinência fecal. Em amostras mistas de mulheres (prevenção e tratamento), não há evidência de que o treinamento pré-parto reduza o risco de incontinência fecal na gravidez tardia (razão de risco 0,64, IC 95% 0,36 a 1,14, 3 estudos, 910 participantes, evidência moderada) ou no período pós-natal precoce (razão de risco 9,76, IC 95% 0,34 a 1,70, 2 estudos, 130 participantes, GRADE não descrita. Exercícios para o assoalho pélvico iniciando após o parto para mulheres com incontinência (razão de risco 0,68, IC 95% 0,24 a 1,94, 2 estudos, 620 participantes, muito baixa qualidade) ou em amostras mistas (razão de risco 0,73, IC 95% 0,13 a 4,21, 1 estudo, 107 participantes, baixa qualidade) não reduziram o risco de incontinência no período pós-parto tardio.
Programas de exercícios estruturados para os músculos do assoalho pélvico para mulheres continentes pode prevenir o surgimento de incontinência urinária na gravidez tardia e nos períodos pós-parto precoce. Há incerteza sobre os efeitos do exercício como tratamento da incontinência urinária em mulheres pré e pós-parto e incontinência fecal.
Woodley SJ, et al. Pelvic floor muscle training for preventing and treating urinary and faecal incontinence in antenatal and postnatal women. Cochrane Database Syst Rev 2020;Issue 5
Exercício pré-natal e saúde e aptidão cardiorrespiratória
Exercício no período pré-natal reduz complicações da gravidez (por exemplo, diabetes gestacional, pre-eclâmpsia, hipertensão) sem aumentar o risco de aborto, nascimento precoce ou baixo peso ao nascer. Enquanto mulheres grávidas são encorajadas a se exercitarem, o impacto do exercício durante a gravidez na saúde e condicionamento cardiovascular ainda não foi resumido em uma revisão sistemática. O objetivo desta revisão sistemática foi avaliar os efeitos do exercício pré-natal na saúde e condicionamento cardiovascular materno comparado a não se exercitar.
Foram realizadas buscas em oito bases de dados a fim de encontrar ensaios clínicos randomizados envolvendo mulheres em qualquer estágio de gravidez submetidas a um programa de exercício iniciado após a concepção e com duração mínima de uma semana que tivesse sido comparado a não se exercitar. Os principais desfechos foram de condicionamento cardiovascular (capacidade aerobia máxima, capacidade aerobia submáxima, limiar anaerobio) e saúde cardiovascular (frequência cardíaca de repouso e pressão arterial. Dois autores selecionaram os estudos e extraíram os dados independentemente. A qualidade dos estudos foi avaliado com a ferramenta da Colaboração Cochrane para avaliação de risco de viés em ensaios clínicos randomizados. A ferramenta Grading of Recommendations, Assessment, Development and Evaluation (GRADE) foi utilizada para determiner a certeza da evidência. Metanálises foram realizadas para cada desfecho e foram reportadas como diferença entre médias (intervalo de confiança 95%). Cinco análises de subgrupo foram pré-especificadas no protocolo: (1) mulheres com vs sem diabetes; (2) índice de massa corporal >= 25 kg/m2 vs < 25 kg/m2; (3) previamente fisicamente inativa vs previamente fisicamente ativa; (4) dose e início do exercício; (5) tipo de avaliação de condicionamento cardiovascular.
Vinte e seis ensaios clínicos (2.292 participantes) foram incluídos. Os exercícios foram realizados em média entre 2-7 dias por semana, entre 15-60 minutos por sessão, e iniciaram entre 6-32 semanas após o início da gravidez. As modalidades de exercício incluíram bicicleta ergométrica, caminhada, treinamento de força, exercícios aerobios e combinação de diferentes modalidades de exercícios.
Foi encontrada evidência com alto nível de certeza de que exercício aumentou a capacidade aerobia máxima (0,25 L/min (0,11 a 0,39), 3 estudos, 77 participantes), e capacidade aerobia submáxima (0,61 mL/kg/min (0,17 a 1,04), 3 estudos, 177 participantes) comparado a não-exercício. Foi encontrada evidência com baixo nível de certeza de que exercício aumentou a capacidade aerobia máxima relativa (2,77 mL/kg/min (0,32 a 5,21), 5 estudos, 430 participantes), mas não modificou o limiar anaerobio (1,22 mL/lg/min (-00,83 a 3,28), 2 estudos, 116 participantes). Foi encontrada evidência com alto nível de certeza que exercício reduziu a frequência cardíaca de repouso (-1,7 bpm (-3,2 a -0,2), 9 estudos, 637 participantes), e evidência com baixo nível de certeza que exercício reduziu a pressão sistólica em repouso (-2,1 mmHg (-3,7 a -0,5), 16 etudos, 1.672 participantes), assim como pressão arterial diastólica de repouso (-1,8 mmHg (-2,9 a -0,6), 15 estudos, 1.624 participantes) comparado a não-exercício.
As análises de subgrupo indicaram que os estudos com duração inferior a 20 semanas apresentaram maiores reduções na pressão arterial diastólica de repouso que estudos com intervenção de duração superior a 20 semanas (-2,9 vs -0,9 mmHg). Estudos em que o exercício foi iniciado <16 semanas de idade gestacional apresentaram reduções similares na pressão arterial diastólica que aqueles que iniciaram entre 16-20 semanas ou após 20 semanas (-0,8 vs -2,8 vs -3,9 mmHg). As outras análises de subgrupo foram inconclusivas devido ao baixo número de estudos em cada categoria.
Exercício iniciado após a concepção pode melhorar a saúde e condicionamento cardiovascular maternos.
Cai C, et al. Prenatal exercise and cardiorespiratory health and fitness: a meta-analysis. Med Sci Sports Exerc 2020 Jan 17:Epub ahead of print
Leia mais no PEDro.

Efeitos do exercício físico após o tratamento do câncer de mama precoce
Uma recente revisão sistemática publicada por pesquisadores brasileiros avaliou os efeitos do exercício em diferentes parâmetros de composição corporal, qualidade de vida e sobrevida em mulheres em fase inicial de câncer de mama (estágios I a III). Foram incluídos ensaios clínicos randomizados avaliando programas de exercício realizados após o término do tratamento do câncer. Os programas de exercício poderiam ser estruturados, individualizados ou apenas aconselhamento para realização de exercícios. Os desfechos primários foram sobrevida geral e sobrevida livre de doença. Desfechos secundários foram perda de peso, índice de massa corporal, relação cintura-quadril, percentual de gordura corporal e qualidade de vida. A revisão identificou 60 ensaios clínicos randomizados (6303 participantes), sendo que exercícios estruturados e individualizados foram os tipos mais comuns de exercício avaliados pelos estudos individuais. Apenas um ensaio clínico randomizado apresentou resultados relacionados ao desfecho primário e sugeriu que 8 meses de exercício comparado ao tratamento habitual reduziu a mortalidade geral (razão de risco 0,45, 95% CI 0,21 a 0,97), mas não modificou a sobrevida livre de doença (razão de risco 0,66, 95% CI 0,38 a 1,17). A revisão identificou que existe evidência de baixa qualidade que os programas de exercício reduziram o índice de massa corporal (diferença entre médias 0,89kg, 95% CI 0,28 a 1,5) e percentual de gordura corporal (diferença entre médias 1,6%, 95% CI 0,88 a 2,31). O estudo demonstrou have evidência de qualidade muito baixa de que os programas de exercício reduziram peso corporal (diferença entre médias 1,36kg, 95% CI 0,21 a 2,51), qualidade de vida geral (diferença ponderada entre médias 0,45, 95% CI 0,2 a 0,69), aspectos físicos da qualidade de vida (diferença ponderada entre médias 0,51, 95% CI 0,23 a 0,79) e aspectos mentais da qualidade de vida (diferença ponderada entre médias 0,28, 95% CI 0,06 a 0,5). Esta revisão identificou a necessidade de ensaios clínicos randomziados maiores e de melhor qualidade metodológica para avaliar os efeitos de programas de exercício em desfechos relacionados à mortalidade.
Soares Falcetta F, et al. Effects of physical exercise after treatment of early breast cancer: systematic review and meta-analysis. Breast Cancer Res Treat 2018;170(3):455-76
O exercício melhora a qualidade de vida em pacientes com câncer
Nesta revisão, os autores incluíram 16 ensaios clínicos randomizados que examinaram os efeitos do exercício durante ou após quimioterapia e radioterapia ou depois da cirurgia em comparação com o placebo, outros tratamentos ou terapia convencional. Somente estudos que utilizaram exercícios para melhorar ou manter a aptidão física e mediram qualidade de vida foram incluídos. A revisão incluiu pacientes com câncer de mama, colorretal, próstata, linfoma e câncer de pulmão. Os tamanhos das amostras dos estudos variou entre 21 e 269 pacientes. Exercício foi significativamente eficaz para melhorar a qualidade de vida de pacientes com câncer, quando comparado com placebo, outros tratamentos ou terapia convencional (diferença média padronizada 5,6; IC 95%: 3,2 a 7,9; 1.735 pacientes; 16 estudos). Os benefícios do exercício também foram evidentes para desfechos secundários (consumo máximo de oxigênio, auto-estima, função física, fadiga, tempo de permanência no hospital, número de consultas médicas e função social). Nenhum dos estudos incluídos reportaram efeitos adversos. Não há uma dosagem ideal de exercícios para pacientes com câncer, no entanto exercitar-se mais frequentemente e em treinos mais curtos foram associados com melhores resultados nos estudos incluídos. São necessários mais estudos com seguimentos de longo prazo para investigar os efeitos do exercício sobre a recorrência do câncer e as taxas de sobrevivência. Terapia por exercício físico deve ser recomendado durante o tratamento do câncer.
Gerritsen JKW, Vincent AJPE. Exercise improves quality of life in patients with cancer: a systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials. Br J Sports Med 2016;50:796-803.
Leia mais sobre PEDro.
Efeito das intervenções baseadas em dieta e atividade física na gravidez sobre o ganho de peso gestacional e os desfechos da gestação
Trinta e seis estudos controlados aleatorizados foram incluídos nesta revisão sistemática (n=12.526 mulheres). A média (DP) de idade das participantes foi de 30 anos (5.1). Os ensaios clínicos incluíram intervenções baseadas em dieta, atividade física ou a combinação de dieta e atividade física e/ou modificação de comportamento. Aproximadamente 45% das mulheres eram nulíparas, 40% obesas e 40% foram classificadas como sedentárias. A qualidade metodológica dos estudos incluídos foi avaliada em relação à aleatorização, alocação secreta, cegamento, dados incompletos de desfechos, seleção dos desfechos e outros tipos de vieses (por exemplo, viés de publicação). Os desfechos primários foram o ganho de peso gestacional, uma medida para os desfechos relacionados com a mãe (desfechos maternos) e uma medida de desfechos relacionados com o bebê (desfechos neonatais). Os desfechos secundários foram complicações maternas e neonatais.
Para o ganho de peso gestacional, o grupo intervenção encontrou menor ganho de peso comparado ao grupo controle (diferença média (DM) -0.70 kg, intervalo de confiança (CI) a 95% -0.92 a -0.48 kg, 33 estudos, 9.320 mulheres). As diferenças para as medidas de desfecho maternos e neonatais não foram estatisticamente significantes (materno: odds ratio (OR) 0.90, CI 95% 0.79 a 1.03, 24 estudos, 8.852 mulheres; neonatal: OR 0.94, CI 95% 0.83 a 1.08, 18 estudos, 7.981 mulheres). Para os desfechos secundários, foi encontrado forte evidência para a redução das chances de cesarianas em favor do grupo intervenção (OR 0.91, CI 95% 0.83 a 0.99, 32 estudos, 11.410 mulheres), mas não foi encontrada diferença para outras complicações. Não existe evidência de que o efeito da intervenção seja diferente entre subgrupos de mulheres. Em conclusão, dieta e atividade física durante a gravidez reduzem o peso gestacional e diminuiem as chances de parto cesariana.
The International Weight Management in Pregnancy (i-WIP) Collaborative Group. Effect of diet and physical activity based interventions in pregnancy on gestational weight gain and pregnancy outcomes: meta-analysis of individual participant data from randomised trials. BMJ 2017;358:j3119.





