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Ensaio clínico randomizado encontrou que fisioterapia é tão efetiva quanto artroscopia para pacientes com dor no joelho devido a lesão meniscal

Resumo: O uso de artroscopia para o tratamento de lesões meniscais é um dos procedimentos mais frequentemente utilizados por cirurgiões ortopédicos. Os achados deste estudo são consistentes com as últimas recomendações, que indicam que cirurgia artroscópica de menisco não deve ser a primeira opção de tratamento para pacientes de meia idade que apresentam lesões meniscais.

O estudo ESCAPE é um ensaio clínico randomizado multicêntrico (n=321) conduzido na Holanda. Participantes apresentavam idades entre 5 a 70 anos e lesões meniscais não obstrutivas (isto é, não havia bloqueio articular do joelho devido à obstrução causada pelo menisco). Pacientes com instabilidade de joelho, osteoartrite severa e IMC > 35 kg/m2 foram excluídos. Os participantes foram randomizados para receberem fisioterapia ou cirurgia. O tratamento fisioterapêutico consistiu de 16 sessões de exercício ao longo de 8 semanas, com ênfase na coordenação motora e exercícios de força em cadeia cinética fechada. Os desfechos primários foram função utilizando o questionário (International Knee Documentation Committee Subjective Knee Form, IKDC) em uma escala de 0 a 100 pontos após um follow-up de 2 anos.

Os autores do estudo determinaram a priori que a margem de não-inferioridade seria de 8 pontos. A diferença entre os intervalos de confiança entre os dois tratamentos não excedeu esta margem, e portanto os autores concluíram que fisioterapia baseada em exercícios não foi inferior a cirurgia em pacientes com lesões meniscais sem bloqueio articular. O estudo ainda demonstrou que, na melhor das hipóteses, o tratamento fisioterapêutico foi 3,6 pontos menos efetivo que cirurgia. Na pior das hipóteses, foi 6,5 pontos menos efetivo. Esta diferença é considerada muito pequena em uma escala que varia de 0-100. Efeitos adversos ocorreram em 18 participantes no grupo cirurgia e 12 no grupo fisioterapia. Custos não foram avaliados por este estudo.

29% dos participantes no grupo fisioterapia receberam cirurgia durante o estudo. Em uma análise secundária do estudo, “as treated”, em que os pacientes que realizaram cirurgia foram analisados como sendo participantes do grupo cirurgia, os desfechos entre os grupos também foram semelhantes. Mais estudos são necessários para explorar motivos pelos quais um percentual tão significativo dos participantes não ficaram satisfeitos com a abordagem fisioterapêutica inicial.

Ouça à entrevista de Victor van de Graaf (residente de ortopedia e aluno de doutorado da Onze Lieve Vrouwe Gasthuis Hospital, Amsterdam e líder do estudo) ao programa National’s Health Report, da rádio ABC (a entrevista está na língua inglesa).

van de Graaf VA et al. Effect of early surgery versus physical therapy on knee function among patients with nonobstructive meniscal tears: the ESCAPE randomized clinical trial. JAMA 2018;320(13):1328-37

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