Esta revisão sistemática comparou treinamento neuromuscular a qualquer outra intervenção na prevenção de lesões do ligamento cruzado anterior em atletas mulheres. Mulheres foram o foco desta revisão porque elas possuem risco três vezes maior do que homens de lesionarem o ligamento cruzado anterior. O desfecho primario foi número de lesões do ligamento cruzado anterior, mas uma definição precisa a respeito do diagnostico das lesões não foi fornecida pela revisão. Metanálise foi utilizada para comparar treinamento neuromuscular a outros tratamentos. Além disso, para determinar a efetividade do treinamento neuromuscular, esta revisão visou a identificar os componentes mais comuns e efetivos dos programas de treinamento neuromuscular utilizando técnicas de meta-regressão.
Foram incluídos estudos prospectivos randomizados e controlados utilizando duas bases de dados (PubMed/Medline e CINAHL Plus). A escala PEDro foi utilizada para avaliar o risco de viés dos estudos incluídos. A revisão encontrou 18 artigos que reportaram os resultados de 20 estudos (26.925 participantes), 11 ensaios clínicos randomizados e 9 estudos clínicos não-randomizados. O escore médio na escala PEDro foi 5.5 de um total de 10 pontos (desvio padrão 2.3). A dose de treinamento média foi 57 treinamentos ao longo de 18.2 horas (ou 24 minutos por sessão; 2.5 sessões por semana). Todos os programas de treinamento continham instruções para otimizar sua implementação. Os estudos incluídos foram realizados em atletas de futebol (n=7), basquete (n=3), floorball (hoquei jogado em ginásio, sem patins; n=1) e populações mistas (n=4). Com relação ao nível de competividade, 10 estudos foram conduzidos no ambiente escolar, 5 em nível profissional, 3 a nível universitário e 2 em populações mistas.
Comparado a outros tratamentos, o treinamento neuromuscular reduziu o risco de lesão do ligamento cruzado anterior de 1 em 54 atletas para 1 em 111 atletas (odds ratio 0,51; intervalos de confiança (IC) 95% 0,37 a 0,69). Infelizmente, os desfechos não foram relatados em relação a exposição das atletas. Metaregressão indicou que a dose do treinamento neuromuscular não reduziu o impacto das lesões, mas o timing do treinamento pode ser importante. Treinamento neuromuscular conduzido apenas durante a pre-temporada não reduziu o risco de lesão (OR 0,59; IC 95% 0,16 a 2,15), enquanto que treinamento apenas durante a temporada ou combinado durante pré-temporada e temporada regular reduziram o risco de lesão (OR 0,50; IC 95% 0,36 a 0,70). Programas focados em atletas escolares obtiveram um efeito maior (OR 0,38; IC 95% 0,24 a 0,60) que em atletas mais velhos (OR 0,65; IC 95% 0,48 a 0,89). Programas que continham exercícios de controle motor envolvendo estabilização do joelho durante aterrisagem e fortalecimento de membros inferiores foram mais efetivos que programas que não continham tais componentes. Programas que incluíram exercícios de equilíbrio, fortalecimento de core, alongamento ou agilidade não foram mais efetivos que programas que não incorporaram estes componentes.
Esta revisão concluiu que treinamento neuromuscular reduz a incidência de lesões do ligamento cruzado anterior em atletas mulheres. Dados da metaregressão foram utilizados para produzir um checklist para identificar as melhores escolhas de exercícios neuromusculares para esta população.
Petushek EJ, et al. Evidence-based best-practice guidelines for preventing anterior cruciate ligament injuries in young female athletes: a systematic review and meta-analysis. Am J Sports Med 2019;47(7):1744-53
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