O PEDro é uma ferramenta gratuita e reconhecida mundialmente como excelente suporte à prática clínica. O PEDro fornece acesso rápido a ensaios clínicos randomizados, revisões sistemáticas e diretrizes de prática clínica que avaliam intervenções fisioterapêuticas. Este artigo descreve a escala PEDro (checklist de qualidade metodológica), os conteúdos do PEDro, quem utiliza o PEDro, bem como como procurar pelos conteúdos mais atuais e desenvolver habilidades em prática baseada em evidências em fisioterapia. O artigo ainda comenta sobre estratégias que podem ser utilizadas para reduzir a influência da barreira da linguagem entre fisioterapeutas cujo idioma primário é o português.
Todos os ensaios clínicos anexados no PEDRO foram avaliados com respeito à sua qualidade metodológica e o quão completa foi a descrição dos resultados utilizando a escala PEDro (0-10). A escala é utilizada para criar um ranking entre os ensaios clínicos randomizados, sendo que aqueles com a maior qualidade metodológica (maior pontuação) aparecem primeiro nas buscas no PEDro. Usuários podem clicar na aba “Busca avançada” para conferir a nota de cada estudo em cada um dos tópicos da escala PEDro. A escala PEDro é traduzida e adaptada para o português brasileiro seguindo, para que clínicos que não são proeficientes na língua inglesa também possam ter acesso ao seu conteúdo.
Em agosto de 2019, o PEDro indexou 44.309 artigos: 34.619 ensaios clínicos, 9.004 revisões sistemáticas e 686 diretrizes de prática clínica. Até 2025, o número de ensaios clínicos tende a dobrar, e o número de revisões sistemáticas e diretrizes de prática clínica tende a aumentar 4 vezes. O rápido crescimento ressalta a importância de fisioterapeutas serem adequadamente treinados em prática baseada em evidências para melhor informar o ensino, a pesquisa e a prática clínica.
Entre julho de 2018 e junho de 2019, usuários do PEDro vieram de 214 países. Fisioterapeutas do Brasil foram os maiores usuários (23% de todos os usuários). O PEDro foi utilizado em todos os estados do Brasil. Cinco estados foram responsáveis por 62% do uso do PEDro no Brasil: São Paulo (29%), Minas Gerais (15%), Bahia, Ceará e Rio de Janeiro (6% para cada um dos três).
Fisioterapeutas são encorajados a utilizarem a busca avançada do PEDro para encontrarem respostas para suas perguntas de pesquisa. Os termos de busca podem ser inseridos em 13 campos opcionais nesta página. Seis campos (Terapia, Problema, Parte do Corpo, Sub-disciplina, Tópico, e Método) contém sub-menus com opções que correspondem ao sistema de codificação utilizado pela base de dados. Os outros campos permitem que texto livre seja utilizado (Título & Resumo, Título Apenas, Autor/Associação, Fonte, Publicado desde, Novos items adicionados desde, Pontuação mínima). A página de busca é intuitiva, mas uma análise dos termos utilizados na página identificou alguns erros comuns. Primeiramente, operadores booleanos e parêntesis não funcionam em nenhum dos campos de busca, e o portanto não devem ser utilizados na busca ao PEDro. Segundo, detalhes bibliográficos de artigos são adicionados ao PEDro utilizando caracteres conforme o American Standard Code for Information Interchange (ASCII). Portanto, usuários que procurem por “Gonçalves” no campo “Autor/Associação” ou o termo “esclerose múltiple” no campo “Título apenas” teriam de procurar por “Goncalves” e “esclerose multipla” para conduzir uma busca válida. Mensagens automáticas já foram adicionadas à página para informar usuários quando eles utilizam caracteres incorretamente.
A buscas do PEDro são apresentadas em ordem específica para encorajar usuários a clicar em estudos de melhor qualidade metodológica dentro da lista de resultados originados da busca. Diretrizes de prática clínica são apresentados primeiro (ordenados por ano), seguido de revisões sistemáticas (com revisões Cochrane aparecendo primeiro, ordenadas por ano), e então ensaios clínicos randomizados (ordenados por qualidade metodológica). A busca no PEDro é gratuita para todos que tenham acesso à internet. Quase todos os artigos indexados no PEDro contém resumo e praticamente a metade dos artigos contém um link para o texto completo. Dessa forma usuários que não possuem acesso a uma biblioteca podem encontrar o estudo original.
O Evidência no seu email do PEDro permite fisioterapeutas procurarem por conteúdos atuais. Usuários podem registrarem-se para receber as atualizações por email dos artigos mais recentemente indexados em até 15 áreas de prática clínica. Este serviço do PEDro tem se mostrado muito popular, tendo sido utilizado por 13.600 fisioterapeutas em agosto de 2019. O Brasil possui um alta taxa de utilização, correspondendo a 35% de todos os usuários.
O website do PEDro e o canal do YouTube está disponível em 13 idiomas, incluindo inglês e português. O PEDro também disponibiliza newsletters, blogs, Facebook and Twitter em inglês e português. Para auxiliar fisioterapeutas a desenvolverem habilidades em prática baseada em evidências, o PEDro inclui uma série de vídeos e tutoriais de “como fazer”. Os vídeos podem ser acessados via página de busca do PEDro e canal do YouTube e incluem: como fazer uma pergunta clínica, como realizar uma busca simples e avançada. O programa de treinamento da escala PEDro é oferecido em inglês e português. O treinamento é online e o registro dá direito a 3 meses por um valor bastante acessível.
O PEDro facilita a utilzação de pesquisa de alta qualidade por fisioterapeutas clínicos, educadores, estudantes e pesquisadores. Em 2019 o PEDro celebrou seu vigésimo aniversário. Melhorias para celebrar este marco incluem o lançamento de uma nova base de dados chamada DiTA (Diagnostic Test Accuracy) cuja ênfase é na acurácia de testes diagnósticos utilizados por fisioterapeutas.
Moseley AM, et al. Using research to guide practice: the Physiotherapy Evidence Database (PEDro). Braz J Phys Ther 2019 Nov 30:Epub ahead of print
