Fraqueza desenvolvida na unidade de terapia intensiva está associada a diversos problemas físicos e repercussões funcionais, limitação de atividades e restrição de participação. O objetivo dessa revisão foi estimar o efeito médio de intervenções de reabilitação comparado a tratamento convencional na incidência de fraqueza desenvolvida na unidade de terapia intensiva em paceintes críticos.
Buscas em cinco bases de dados (incluindo Medline, Cochrane CENTRAL, e PEDro) foram realizadas para buscas ensaios clínicos randomizados de qualquer intervenção de reabilitação (mobilização precoce e/ou eletroestimulação periférica) em pacientes críticos não diagnosticados com fraqueza adquirida na unidade de terapia intensiva, e que coletaram desfechos de força muscular. O desfecho primário foi incidência de fraqueza adquirida na unidade de terapia intensiva. Desfechos secundários incluíram duração da ventiação mecânica, localização da alta, tempo de internação (na unidade de terapia intensiva e hospital) e mortalidade (na unidade de terapia intensiva ou hospital). Dois revisores selecionaram os estudos e extraíram dados individualmente. Risco de viés foi avaliado com a ferramenta da Cochrane para avaliação de risco de viés. Metanálise foi utilizada para calcular odds ratio e intervalos de confiança (IC) 95% para a incidência de fraqueza adquirida na unidade de terapia intensiva. Quatro análises de subgrupo foram realizadas: (1) duração da internação na unidade de terapia intensiva < = ou >= a 7 dias; (2) intervenção iniciando < = 72 horas ou > 72 horas da admissão na unidade de terapia intensiva; (3) estimulação elétrica periférica ou mobilização precoce; (4) tempo para avaliação de fraqueza adquirida na unidade de terapia intensiva: ao despertar, sétimo dia após o despertar, na alta da unidade de terapia intensiva e na alta hospitalar).
Nove ensaios clínicos (841 participantes) foram incluídos nas análises. A maioria dos participantes haviam recebido ventilação mecânica. A intervenção foi mobilização precoce progressiva em cinco estudos, eletroestimulação periférica em 3 estudos, e uma combinação de ambos em um estudo. O grupo controle recebeu mobilização precoce como parte do tratamento convencional em 6 estudos.
Reabilitação precoce reduziu a chance de desenvolvimento de fraqueza desenvolvida na unidade de terapia intensiva (odds ratio 0,71 IC 95% 0,53 a 0,95; 9 estudos). O tamanho de efeito foi maior em pacientes internados na unidade de terapia intensiva por mais de 7 dias (odds ratio 0,51 IC 95% 0,32 a 0,81; 7 estudos) comparado a internações mais curtas (odds ratio 0,96 IC 95% 0,50 a 1,85; 2 estudos), e quando as intervenções começaram em até 72 horas do início da internação (odds ratio 0,96 IC 95% 0,37 a 0,88; 7 estudos) comparado a intervenções que iniciaram > 72 horas (odds ratio 0,70 IC 95% 0,17 a 2,84; 2 estudos).
O tipo de intervenção teve impacto no tamanho de efeito, com odds ratio de 0,71 (IC 95% 0,45 a 1,12; 5 estudos) para intervenções de mobilização precoce, 0,26 (IC 95% 0,09 a 0,80; 3 estudos) para estimulação elétrica periférica, e 0,58 (IC 95% 0,17 a 1,98; 1 estudo) para tratamentos combinados. O efeito foi maior na alta (odds ratio 0,37, IC 95% 0,15 a 0,94; 3 estudos) comparado com ao despertar (odds ratio 0,92 IC 95% 0,05 a 15,68; 2 estudos), 7 horas pós-despertar (odds ratio 1,08 IC 95% 0,46 a 2,55; 1 estudo), e na alta da unidade de terapia intensiva (odds ratio 0,49 IC 95% 0,49 a 1,25; 6 estudos).
Reabilitação precoce reduz a chance de desenvolvimento de fraqueza adquirida na unidade de terapia intensiva.
Anekwe DE, et al. Early rehabilitation reduces the likelihood of developing intensive care unit-acquired weakness: a systematic review and meta-analysis. Physiotherapy 2020;107:1-10.