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Uma revisão sistemática encontrou que exercícios resistidos e com progressão reduzem dor e disfunção, porém exercícios sem resistência ou sem progressão não reduzem dor e disfunção em pessoas com dor no ombro relacionada ao manguito rotador

Dor no ombro é uma queixa musculoesquelética comum com a dor relacionada ao manguito rotador sendo o diagnóstico mais predominante. As diretrizes de prática clínica recomendam exercícios para dor no ombro relacionada ao manguito rotador, mas não apresentam diferenças entre os tipos de exercícios prescritos. Essa revisão sistemática teve como objetivo avaliar o efeito dos exercícios resistidos e com progressão e exercícios sem resistência e sem progressão, ambos comparados com nenhum tratamento ou placebo.

As buscas foram realizadas em cinco bases de dados (Cochrane CENTRAL, Medline, Embase, CINAHL, OpenGray) e em dois websites para registros de ensaios clínicos (ClinicalTrials.gov, who.int/ictrp). Foram incluídos estudos controlados aleatorizados de exercício comparado a nenhum tratamento ou placebo com participantes acima de 16 anos com queixa principal de dor no ombro relacionada ao manguito rotador, que apresentassem qualquer tempo de duração dos sintomas. Exercícios foram classificados como resistidos e com progressão (ou seja, se descreveu como a resistência foi aplicada e que houve progressão do volume ou carga, ou ambos, ao longo do tempo) ou sem resistência ou sem progressão (ou seja, se relatou que não foi aplicado carga ou que não houve progressão, ou ambos). O desfecho primário foi uma medida composta por dor e função, avaliada por qualquer escala específica do ombro (convertida para uma escala de 0-100, sendo 0 igual à nenhuma dor ou disfunção). O desfecho secundário foi dor (dor de modo geral, dor em atividade, dor ao descanso; todas convertidas em uma escala de 0-100, sendo 0 igual à nenhuma dor) e o número de participantes vivenciando um efeito adverso. O acompanhamento de médio-prazo (seis semanas a seis meses) foi utilizado como o primeiro ponto no tempo. Dois revisores independentes identificaram os estudos para inclusão e extração dos dados, e as discordâncias foram resolvidas através de discussão ou arbitragem de um terceiro revisor. O instrumento de risco de viés da Cochrane foi utilizado para avaliar a qualidade metodológica dos estudo e todas as classificações de qualidade foram extraídas de uma revisão recente da Cochrane (Page et al, 2016). A qualidade da evidência foi avaliada utilizando o Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation (GRADE). Uma meta-análise de efeitos aleatórios foi utilizada para calcular a diferença média e o intervalo de confiança (IC) de 95% para a medida composta por dor e função e os desfechos secundários relacionados à dor. Além disso, foram calculados o risco relativo e o IC 95% para efeitos adversos.

Sete estudos (468 participantes) foram incluídos na análise: quatro estudos (271 participantes) avaliaram exercícios resistidos e com progressão e três estudos (197 participantes) avaliaram exercícios sem resistência ou sem progressão. A média de idade dos participantes foi entre 47 e 61 anos e os estudos incluíram, em sua maioria, homens. A avaliação de linha de base do desfecho composto por dor e função foi comparável entre os grupos (33 a 50 em 100).

Os exercícios resistidos e com progressão comparados a nenhum tratamento ou placebo reduziram a dor e disfunção em uma média de 15 pontos (IC 95% 9 a 21, 4 estudos, 271 participantes), a dor de modo geral em uma média de 11 pontos (IC 95% 6 a 16, 3 estudos, 197 participantes), dor em atividade em uma média de 25 pontos (IC 95% 14 a 36, 2 estudos, 135 participantes), e dor ao descanso em uma média de 23 pontos (IC 95% 14 a 32, 2 estudos, 135 participantes). Todos os resultados foram classificados com baixa qualidade da evidência. O resultado em efeitos adversos não é claro, já que nenhum estudo relatou se ocorreu algum efeito adverso.

Nenhum efeito foi observado para exercícios sem resistência ou sem progressão. Exercícios sem resistência ou sem progressão comparados a nenhum tratamento ou placebo reduziu a dor e função em uma média de 4 pontos (IC 95% -2 a 9, 3 estudos, 197 participantes), dor de modo geral em uma média 3 pontos (IC 95% -1 a 8, 3 estudos, 197 participantes), dor em atividade em uma média de 3 pontos (IC 95% -5 a 12, 3 estudos, 197 participantes), e dor ao descanso em uma média de 2 pontos (IC 95% -7 a 10, 2 estudos, 174 participantes). Efeitos adversos (aumento da dor a curto prazo) podem ser maiores com exercícios sem resistência ou sem progressão quando comparados a placebo (razão de risco 3.77, IC 95% 1.49 a 9.54, 1 estudo, 116 participantes). Novamente, todos os resultados foram classificados com baixa qualidade de evidência.

Exercícios resistidos e com progressão proporcionam uma melhora clinicamente significativa incerta da dor e função quando comparados com nenhum tratamento ou placebo em pessoas com dor no ombro relacionada ao manguito rotador. Por outro lado, há uma baixa qualidade de evidência que sugere nenhum benefício em todos os desfechos para exercícios sem resistência ou sem progressão.

Naunton J, et al. Effectiveness of progressive and resisted and non-progressive or non-resisted exercise in rotator cuff related shoulder pain: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Clin Rehabil 2020 Jun 22:Epub ahead of print.

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Artigos citados neste post:
Page MJ, et al. Manual therapy and exercise for rotator cuff disease. Cochrane Database Syst Rev 2016;Issue 6

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