Tratamentos comprovados para dor lombar fornecem benefícios gerais modestos. Encontrar pessoas para tratamentos que provavelmente são mais eficazes para elas pode melhorar os desfechos clínicos e melhorar o uso dos recursos de saúde. Essa revisão sistemática teve como objetivo entender quais pessoas com dor lombar são mais prováveis de se beneficiar de diferentes abordagens de tratamento (tratamentos físicos ativos, tratamentos físicos passivos e tratamentos psicológicos).
Análises sensitivas foram realizadas em quatro bases de dados, incluindo Medline. Ensaios clínicos controlados aleatorizados que tinham intervenções realizadas por um terapeuta e um tamanho amostral >179 foram incluídos. Como essa foi uma meta-análise de dados individuais de pacientes, os autores dos estudos foram convidados a compartilhar os dados com o time de pesquisadores. Intervenções foram classificadas como: controle (cuidados usuais não-ativo), controle de simulação/sham (acupuntura simulada/sham, eletromiografia, aconselhamento/educação, simulação de estimulação elétrica nervosa transcutânea), terapia física ativa (exercício e atividade gradual), terapia física passiva (fisioterapia individual, terapia manual, acupuntura) e psicológica (aconselhamento/educação, terapia psicológica). Acompanhamento foi classificado como: curto-(2 e 3 meses), médio-(6 meses) e longo-prazo (12 meses após a aleatorização). Trinta e dois desfechos foram classificados dentro de incapacidade física, dor, estresse psicológico e domínios de qualidade de vida não utilitários.
Análises agrupadas foram realizadas em dados individuais de pacientes para pelo menos dois estudos, de modo a não replicar as análises originais. Dados perdidos não foram imputados. Potenciais moderadores foram identificados através de uma revisão sistemáticas anterior em tratamentos moderadores (ou seja, fatores avaliados pré-aleatorização indicando quem se beneficia mais e menos de um tratamento) e incluindo dados individuais de pacientes de todos os estudos em um único modelo de meta-análise de efeitos mistos para cada tempo de acompanhamento (com moderadores classificados como estatisticamente significante (p<0,05) ou fracamente significativo (p<0,20)). Duas abordagens foram usadas para identificar subgrupos: Particionamento Recursivo e Refinamento Adaptativo por Peeling Direcionado. Ambas com o objetivo de identificar subgrupos de pacientes que experimentaram efeitos de tratamento maiores do que outros participantes.
19 estudos (n=9.328 participantes) foram incluídos nas análises. A média de idade dos participantes foi de 49 anos, 57% eram mulheres e a média do total do questionário de incapacidade Roland Morris no baseline foi 10 em 24 pontos (14 estudos). Três tipos de tratamentos foram escolhidos para a exploração dos potenciais moderadores: intervenções físicas ativas, intervenções físicas passivas e intervenções psicológicas. Grupos controles incluíram cuidado usual não-ativo e intervenções de simulação/sham. Idade, sexo, incapacidade e severidade da dor lombar e estado psicológico foram pelo menos fracamente significantes em uma ou mais das análises moderadoras e foram considerados para futuras análises de subgrupo.
Participantes com alto estresse psicológico e incapacidade física tiveram a maior melhora no Mental Component Scale of Short Form Health Survey (12 de 36 itens) para as terapias físicas passivas comparado ao cuidado usual não-ativo (efeitos de tratamento 4,3; intervalo de confiança a 95% (CI) 3,4 a 5,2). O método de particionamento recursivo encontrou que participantes com incapacidade severa no baseline tiveram a maior redução em incapacidade avaliada através do questionário de incapacidade Roland Morris para a intervenção psicológica comparado ao cuidado usual não-ativo (efeitos de tratamento 1,7; intervalo de confiança a 95% (CI) 1,1 a 2,3). O refinamento de grupo de risco adaptativo não encontrou nenhum subgrupo que experimentasse um benefício maior do tratamento psicológico em relação ao cuidado usual não-ativo. Nenhum dos métodos estatísticos identificou quaisquer subgrupos que experimentaram um benefício maior da intervenção física ativa em relação ao cuidado usual não-ativo.
Intervenções físicas passivas para dor lombar foram mais prováveis de ajudar pessoas mais jovens com altos índices de incapacidade e baixos níveis de estresse psicológico. Intervenções psicológicas foram mais prováveis de ajudar pessoas com incapacidade severa. Intervenções físicas ativas pareceram ajudar todos os subgrupos igualmente. Entretanto, o tamanho do benefício adicional atingido nos subgrupos foi pequeno e improvável que seja clinicamente importante. Esses achados não suportam o uso de subgrupos para pessoas com dor lombar.
Hee SW, et al. Identification of subgroup effect with an individual participant data meta-analysis of randomised controlled trials of three different types of therapist-delivered care in low back pain. BMC Musculoskelet Disord 2021;22(191):Epub.