A tomada de decisão compartilhada é um processo colaborativo que envolve pacientes e fisioterapeutas tomando decisões relacionadas à saúde em conjunto após discutir e considerar várias coisas:
- as opções disponíveis para tratamento;
- os benefícios e malefícios de cada opção de tratamento;
- os valores, preferências e circunstâncias pessoais de cada paciente.
A tomada de decisão compartilhada é, portanto, uma maneira de traduzir a evidência para a prática clínica e facilitar o cuidado centrado no paciente ajudando os próprios pacientes a se tornarem mais ativos no processo de tomada de decisão sobre seus cuidados de saúde. Idealmente, uma decisão compartilhada envolve a melhor evidência disponível, o conhecimento/experiência do fisioterapeuta e as preferências/valores dos pacientes.
Um recente Masterclass publicado no Brazilian Journal of Physical Therapy explica o que os fisioterapeutas precisam saber sobre o processo de tomada de decisão compartilhada.
O Masterclass explica várias razões do porquê a tomada de decisão compartilhada é importante. Ela pode resultar em alta satisfação do paciente e do fisioterapeuta. Ela reconhece que ambas as perspectivas do fisioterapeuta e do paciente são importantes, que pode ajudar a igualar qualquer relação de poder desigual no cenário clínico. Portanto, ela pode facilitar a boa comunicação entre paciente-terapeuta, permitindo com que os pacientes tomem uma decisão baseada em evidência. Ela também ajuda a promover expectativas e crenças realistas sobre as intervenções, como elas podem ajudar e quanto efeito elas provavelmente terão.
A maioria das queixas de saúde dos pacientes são devido a comunicação ineficaz ou sobre receber uma quantidade inadequada de informação para tomar uma decisão. A tomada de decisão compartilhada trabalha para atenuar essa situação facilitando a boa comunicação entre paciente-terapeuta e permitindo com que os pacientes tomem uma decisão informada por evidências.
Uma seção útil no Masterclass considera situações em que a tomada de decisão compartilhada pode ser mais ou menos apropriada. Por exemplo, não é necessária (e, portanto, menos apropriado) em circunstâncias onde há uma opção de tratamento claramente superior. Ela é mais relevante quando há duas ou mais opções com efeitos similares, mas diferentes custos ou diferentes tipos de benefícios e malefícios). Em tais situações, há necessidade de um juízo de valor – o fisioterapeuta pode ajudar o paciente a chegar a esse julgamento, explicando a evidência de maneira compreensível e usando sua experiência e conhecimento para ajudar o paciente a raciocinar adequadamente ao considerar como essa informação se aplica à sua própria situação.
Um diagrama mostra os elementos principais do processo de tomada de decisão compartilhada em uma ordem típica em que podem ocorrer. Os autores ressaltam, porém, que muitas vezes não é um processo linear e alguns elementos podem ser revistos antes da decisão final.
Os exemplos discutidos anteriormente estão relacionados a tomada de decisão compartilhada sobre tratamentos, mas a tomada de decisão compartilhada também se aplica a escolha de procedimentos, testes diagnósticos e estratégias de prevenção. Por exemplo, os procedimentos envolvidos na realização de um teste diagnóstico podem envolver algum risco de efeito adverso, portanto, os pacientes podem se beneficiar da oportunidade de discutir com o fisioterapeuta sobre a evidência do teste realizado, a importância das informações que o teste fornecerá e as implicações dos diferentes resultados possíveis do teste antes de decidir se deve fazer um teste. Um aspecto interessante do artigo é que ele foi escrito para abranger todos esses aspectos da tomada de decisão compartilhada.
O Masterclass também revisa as evidências sobre o uso de tomada de decisão compartilhada por fisioterapeutas, recursos disponíveis para facilitar a tomada de decisão compartilhada e estudos de intervenções para aumentar o uso de tomada de decisão compartilhada em fisioterapia.