Um dos aspectos que tem levado estatísticos e periódicos a pedir que o uso dos testes de hipótese e significância estatística sejam abandonados é que os valores de p não são replicáveis. Isto é, se você repetir um experimento (e em cada repetição do experimento você utilizar uma amostra aleatória da mesma população), é bastante provávle que você obtenha diferentes valores de p ao final de cada experimento. O Professor emérito Geoff Cumming da La Trobe University (em Melbourne, Austrália) ilistrou esta questão de uma forma brilhantemente didática em um vídeo recente chaamdo “A dança dos valores de p”. Este vídeo já foi visualizado quase 50 mil vezes, e ilustra o quão imprevisíveis os valores de p são.
Muitas pessoas acreditam que os valores de p representam uma medida do quão forte as evidências de um estudo são. Por exemplo, valores de p muito pequenos, como por exemplo o < 0,001, tem sido chamados de “altamente significativos”, 0,01 a 0,05 “significativos”, 0,05 a 0,10 “tendência a serem significativos”, e > 0,10 “não significativos”. O problema é que o valor de p não nos diz praticamente nada a respeito do que pode acontecer se um experimento for replicado. Quando simulações de computador são utilizadas para replicar um experimento, o valor de p varia amplamente.
Professor Cumming, assim como diversos outros estatísticos, recomenda que os valores de p não estejam mais no centro do nosso pensamento e formulação de conclusões a respeito dos achados de um estudo porque valores de p não são confiáveis. Uma alternativa muito melhor é utilizar intervalos de confiança. Métodos de estimativa que utilizam intervalos de confiança são muito mais informativos porque intervalos de confiança nos dizem o que é provavel de acontecer se repetirmos o experimento. Por exemplo, o intervalo de confiança 95% de uma amostra nos diz que se repetirmos o experimento 100 vezes, em cerca de 95 vezes o intervalo de confiança incluirá a diferença entre médias encontrada na população.
Se você tiver interesse, Professor Cumming possui uma série de outros vídeos, como a “roleta da significância 1” e “roleta da significância 2”.
Se você tiver interesse em testar os números e fórmulas utilizados no vídeo “a dança dos valores de p”, recomendamos o seguinte artigo para leitura:
Cumming G. Replication and p intervals: p values predict the future only vaguely, but confidence intervals do much better. Perspect Psychol Sci 2008;3(4):286-300
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