Uma recente revisão sistemática avaliou os efeitos de intervenções envolvendo tarefas repetidas na força muscular e funcionalidade de indivíduos após acidente vascular encefálico. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados conduzidos com participantes adultos e diagnóstico de acidente vascular encefálico (agudo ou crônico), com intervenções envolvendo a realização de tarefas repetidas comparadas a nenhuma intervenção ou intervenção sham. O desfecho primário desta revisão foi força muscular. Os desfechos secundários foram funcionalidade dos membros superiores e inferiores. O risco de viés foi avaliado com a ferramenta de avaliação de risco de viés da Cochrane. Ao todo, 52 estudos foram incluídos, com 46 estudos (n = 1928 participantes) incluídos na metanálise para força muscular. As intervenções incluíram treinamento para realização de tarefas específicas, biofeedback com eletromiografia, intervenções envolvendo robótica, terapia de contenção induzida, Bobath, video games, vibração de corpo inteiro, terapia do espelho e exercícios aquáticos. A diferença entre as médias ponderadas para as intervenções envolvendo tarefas repetitivas, incluindo membros inferiores e superiores, foi 0,25 (IC 95% 0,16 a 0,34). A intervenção mais comumente testada foi treinamento para realização de tarefas específicas (18 estudos, 931 participantes), a qual apresentou um tamanho de efeito (diferença entre as médias ponderada) de 0,21 (IC 95% 0,08 a 0,34) evidenciando ganho de força. A intervenção com maior tamanho de efeito para ganho de força foi a terapia de contenção induzida (2 estudos, 22 participantes; diferença entre as médias ponderada 1,49; IC 95% 0,44 a 2,54). Vinte e quatro estudos (n = 912 participantes) investigaram os efeitos de intervenções envolvendo tarefas repetidas na funcionalidade do membro superior, sendo as intervenções combinadas superior aos grupos controle dos estudos individuais (diferença entre as médias ponderada 0,15; IC 95% 0,02 a 0,29). Tamanhos de efeito grandes foram também observados para as intervenções de tarefa repetida na funcionalidade dos membros inferiores (20 estudos, 952 participantes), com um tamanho de efeito (diferença entre as médias ponderada) de 0,25 (IC 95% 0,12 a 0,38). Intervenções envolvendo a realização de tarefas repetitivas melhoram a força muscular após acidente vascular encefálico, e a melhora na força observada é acompanhada de melhora na funcionalidade.
De Sousa et al. Interventions involving repetitive practice improve strength after stroke: a systematic review. J Physiother 2018;64(4):210-21