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#MyPTArticleOfTheMonth – o que Kari Bø está lendo?


Kari Bø é Professora e cientista na área do exercício na Norwegian School of Sport Sciences em Oslo, Noruega. Ela publicou mais de 270 artigos científicos nas áreas de incontinência e saúde da mulher (tópicos que incluem disfunções do assoalho pélvico, tratamento de incontinência urinária, dor pélvica/lombar crônica, exercício durante a gravidez e após o parto, diastase reto-abdominal, e métodos de avaliação). Kari recebeu inúmeros prêmios internacionais, incluindo a nominação ao top 15 ensaios clínicos do PEDro (2014), com o ensaio clínico randomizado que testou o efeito de exercícios para os músculos do assoalho pélvico; recebeu o prêmio Mildred Elson da World Confederation of Physiotherapy (2015), e o International Continence Society Lifelong Achievement Award (2016).

Kari participou da conferência anual da International Continence Society em Gotenburgo, Suécia, em setembro de 2019. Dois ensaios clínicos randomizados e um estudo observacional com follow-up longo chamaram a sua atenção.

Dumoulin C, et al. Group physiotherapy compared to individual physiotherapy to treat urinary incontinence in older women: a non-inferiority randomized controlled trial. Apresentado no ICS 2019; Gotenburgo, Suécia; 3-6 setembro 2019. (Obs: este ensaio clínico está registrado em e o protocolo foi publicado em.)

Este ensaio clínico randomizado multicêntrico de não-inferioridade comparou treinamento dos músculos do assoalho pélvico individual a treinamento em grupo em mulheres com incontinência urinária mista e de estresse. Participantes foram submetidas a 1 sessão por semana, com duração de 1 hora, por um total de 12 semanas ou individualmente ou em grupo (participantes do treinamento em grupo realizaram uma consulta individual com fisioterapeuta antes de iniciarem as atividades). Participantes em abos os grupos realizaram exercícios em casa, compareceram a quase 100% das sessões prescritas e completaram cerca de 86% dos exercícios domiciliares. Após 1 ano, a redução média da incontinência foi de 70% no treinamento individual e 74% no grupo treinamento em grupo. Não houve diferença entre os grupos em nenhum dos desfechos do estudo. Kari diz: “Desde que publiquei meu ensaio clínico em 1990, fisioterapeutas vem debatendo o efeito do treinamento indivdual versus em grupo. Este estudo claramente demonstra que treinamento em grupo não é inferior a treinamento individual.” Algumas vantagens do treinamento em grupo incluem o menor uso de recursos, a motivação é maior tanto para participantes quanto para fisioterapeutas, e o treinamento pode ser combinado comações educativas e outros exercícios importantes para a saúde da mulher.

Hagen S et al: Effectiveness and cost-effectiveness of biofeedback-assisted pelvic floor muscle training for female urinary incontinence: a muticentre randomized controlled trial. Apresentado no ICS 2019; Gotenburgo, Suécia; 3-6 setembro 2019. (Nota: este ensaio clínico randomizado foi registrado e o protocolo foi publicado.)

Este ensaio clínico randomizado multicêntrico de larga escala (n = 600) comparou biofeedback assistido por eletromiografia (EMG) a treinamento dos músculos do assoalho pélvico isolados em mulheres com incontinência urinária de estresse. A cada participante foram oferecidas 6 sessões individuais e individualizadas ao longo de um período de 16 semanas, além de um programa de exercícios domiciliares. Os participantes do grupo feedback assistido por EMG receberam um aparelho de biofeedback para levar para casa. Desfechos foram coletados via questionário após 6 meses, 1 e 2 anos. Não houve diferença entre os grupos em quaisquer desfechos em qualquer momento. O estudo concluiu que adicionar biofeedback ao treinamento dos músculos do assoalho pélvico não oferece benefícios em relação ao treinamento convencional isoladamente em desfechos relacionados à incontinência. Kari diz: “este estudo de alta qualidade passa uma importante mensagem para fisioterapeutas que tratam mulheres com incontiência urinária – treinamento dos músculos do assoalho pélvico é um elemento chave para o tratamento.”

McClurg D, et al. A 10-year data-linkage follow up study of a trial of pelvic floor muscle training for prolapse. Apresentado no ICS 2019; Gotenburgo, Suécia; 3-6 setembro 2019.

Este estudo realizou um follow-up de 10 anos de mulheres com prolapso dos orgãos pélvicos que participaram do estudo POPPY que comparou treinamento dos músculos do assoalho pélvico a um grupo controle (folheto contendo informações e aconselhamento sobre estilo de vida). Apenas o braço escocês do esudo (11 de 23 centros) foi incluído no follow-up. Foi realizado um procedimento de linkage dos dados do ensaio clínico com dados hospitalares e ambulatoriais do sistema de saúde. Comparado a intervenção controle, uma proporção menor de participantes do grupo que recebeu treinamento dos músculos do assoalho pélvico receberam menos tratamentos a nível hospitalar (odds ratio ajustado 0,60 IC95% 0,36 a 0,98). O tempo mediano para estes pacientes receberem tratamento hospitalar pela primeira vez foi 3.008 dias no grupo intervenção (intervalo interquartil 589 a 3.396) comparado a 2.242 dias (628.5 a 3.279). Kari diz: “Apesar de haver evidência nível 1 demonstrando que o treinamento dos músculos do assoalho pélvico devem ser a primeira linha de tratamento de prolapso dos órgãos pélvicos, os efeitos a longo prazo da fisioterapia sempre são questionados. Os resultados deste estudo são importantes, ainda mais nos dias atuais, em que preocupações a respeito dos potenciais efeitos adversos catastróficos da cirurgia são cada vez mais questionados. Precisamos de mais fisioterapeutas treinados para oferece tratamento baseado em evidências que envolva treinamento dos músculos do assoalho pélvico para este grupo de pacientes.”

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