Lou James (MNZM) é uma fisioterapeuta Neo Zelandesa com expertise em oncologia. O número de pessoas que sobrevivem ou vivem por mais tempo após o diagnóstico de câncer está aumentando e projeta-se que 21,7 milhões de pessoas estarão nesta situação em 2029. Tratamentos para o câncer aumentam a expectativa de vida, mas também criam uma série de novos problemas que podem afetar a habilidade de um indivíduo de trabalhar, seu bem-estar social e emocional, assim como também sua saúde a longo prazo. Em resposta a este contexto, Lou criou o PINC & STILL International em 2008, um programa criado para melhorar a vida de sobreviventes de câncer. Em colaboração com experts internacionais, ela criou os programas de reabilitação oncológica PINC & STEEL, Next Steps, PaddleOn e Cancer Rehabilitation Physiotherapy Education Program. Os programas estão agora disponíveis em 12 países e ajudaram milhares de pessoas. Em 2017 Lou foi reconhecida pelo seu pioneirismo no campo, tendo se tornado Member of the New Zealand Order of Merit (MNZM) pelos serviços prestados a pessoas com câncer.
Os programas de reabilitação e educação desenvolvidos por Lou são baseados em um corpo de evidências de alta qualidade em rápida expansão que avalia os efeitos do exercício em pessoas com câncer. Lou recentemente leu dois artigos sobre o tópico.
Este artigo traz os resultados de duas revisões sistemáticas. A primeira incluiu 32 estudos de coorte e 4 ensaios clínicos randomizados que avaliaram o impacto do exercício na mortalidade e recorrência de câncer. A segunda revisão incluiu 40 metanálises e 23 ensaios clínicos randomizados que avaliaram o impacto do exercício nos efeitos adversos relacionados ao tratamento do câncer. Os estudos de coorte indicam que exercício reduz a mortalidade devido ao câncer e recorrência. Este achado não foi confirmado por ensaios clínicos randomizados, mas os ensaios clínicos não foram desenhados para detectar efeitos do exercício em desfechos como mortalidade e recorrência. Alguns ensaios clínicos concluíram que exercícios reduziram efeitos adversos relacionados ao tratamento do câncer, incluíndo desfechos de saúde óssea, saúde cognitiva, função intestinal e urinária, e anemia). As revisões sistemáticas incluídas indicaram que exercício reduz a fadiga e estresse psicossocial. Lou diz: “Este artigo confirma a visão de que exercício é uma terapia adjuvante importante no tratamento do câncer. Isto é importante para fisioterapeutas, dado que muitas pessoas com câncer não atingem as metas mínimas de atividade física estabelecidas em diretrizes de prática clínica. Isto traz consigo implicações importantes não apenas do ponto de vista do aumento da expectativa de vida, mas também da qualidade de vida.”
A fadiga relacionada ao cancer é um problema comum cuja prevalência varia entre 25% a 99% e pode persistir por anos após o fim do tratamento. Esta metanálise em rede de larga escala (245 ensaios clínicos randomizados) avaliou o impacto do exercício e outras intervenções não-farmacológicas na fadiga relacionada ao câncer ou após tratamento para qualquer tipo de câncer. Os tipos de exercício avaliados incluíram exercício aerobio (34 estudos), aerobio e treinamento de força (23), Yoga (10), treinamento de força (10), treinamento multimodal (exercício combinado com intervenções psicossociais, 6), e dança (2). Todas as formas de exercício reduziram fadiga comparados aos grupos controle. Por exemplo, exercício aerobio reduziu a fadiga comparado ao grupo controle e a diferença padronizada entre as médias foi de 0,53 (IC95% 0,26 a 0,80) durante o tratamento do câncer, e 0,33 (IC95% 0,16 a 0,51) após o tratamento do câncer. Lou diz: “Esta informação é importante para fisioterapeutas pois nosso papel em reduzir a fadiga relacionada ao tratamento do câncer é importante. Podemos ter um impacto significativo na redução da fadiga destes pacientes, contribuindo assim para melhora de sua função e qualidade de vida naqueles diagnosticados com câncer curável ou incurável.”