Ao longo de 2021 compartilharemos algumas dicas de como usar a Busca Avançada do PEDro. A primeira dica é “faça uma pergunta PICO antes de iniciar a busca”.

Como um clínico, você realiza testes diagnósticos, fornece informações a respeito de prognóstico e implementa intervenções diariamente. Você pode querer descobrir se o teste diagnóstico (ou a combinação de testes) que você está usando é o melhor disponível considerando sua estrutura e recursos. Você pode querer descobrir o curso clínico de uma condição que você não vê com muita frequência. Você também pode querer descobrir se a intervenção que você está oferecendo aos seus pacientes é suportada por estudos de alta qualidade. Para fazer isso, você precisa fazer uma pergunta clínica.

A fim de responder à sua pergunta clínica, é útil dividi-la em quatro componentes essenciais usando o ‘PICO’. Com isso em mente, P significa paciente; I significa intervenção; C significa comparador; e O significa desfecho (ou “outcome”). Reservar um tempo para definir claramente a pergunta da busca ajudará você a descobrir os melhores termos de pesquisa para usar, o que irá tornar a busca para responder à sua pergunta menos difícil ou menos demorada.

Para perguntas envolvendo efeitos de intervenções, sua pergunta PICO deverá incluir todos os quatro elementos:
P (paciente): qual é a condição ou grupo populacional de interesse, você está interessado em um subgrupo particular (exemplo: acidente vascular encefálico agudo), ou um subgrupo demográfico (exemplo: trabalhadores)? A sua pergunta clínica é direcionada a idosos, crianças, atletas, indivíduos com lesão medular ou acidente vascular encefálico?
I (intervenção): qual intervenção você está interessado?
C (comparador): você está interessado em comparar sua intervenção com placebo, tratamento convencional ou outra intervenção (por exemplo, hidroterapia versus exercícios de solo).
O (“outcome”, ou desfecho): quais desfechos mensuráveis você está interessado em melhorar? O desfecho é importante para os pacientes? Os desfechos podem ser eventos (por exemplo, quedas), sintomas (por exemplo, dor), medidas funcionais (por exemplo, velocidade de caminhada) e qualidade de vida. Efeitos adversos e custos de tratamentos também são desfechos importantes de serem considerados.

Um exemplo de uma pergunta PICO sobre os efeitos de uma determinada intervenção é: “Em pacientes com doença de Parkinson, o treinamento usando estímulos visuais ou auditivos reduz o risco de quedas comparado com tratamento convencional?”

A pergunta PICO também pode ser utilizada para elaborar perguntas diagnósticas, mas aqui o “I” ganha um novo significado:
P (paciente).
I (“issue”, ou problema): pode ser um teste diagnóstico, uma combinação de testes físicos ou até mesmo uma regra de predição clínica.
C (comparador): com o que você quer comparar o seu teste diagnóstico? Pode ser um teste de referência ou um teste padrão-ouro.
O (“outcome”, ou desfecho): geralmente são medidas de utilidade do teste, como sensibilidade e especificidade. Estas medidas dão uma ideia sobre as taxas de falsos positivos (o teste diagnostica a condição em pessoas que não apresentam a condição) e falsos negativos (o teste não diagnostica a condição em pessoas que apresentam a condição).

Um exemplo de uma pergunta PICO sobre um teste diagnóstico é: “Em mulheres jogadoras de futebol com lesão no joelho, qual é a acurácia diagnóstica do teste de gaveta anterior comparado a ressonância magnética para detectar rompimento do ligamento cruzado anterior?”

Elementos do PICO pode te ajudar a fazer perguntas sobre o prognóstico de uma condição. Para perguntas prognósticas, o “I” ganha um novo significado e o “C” é retirado:
P (paciente): ao especificar este elemento, é útil incluir a duração ou severidade da condição.
I ( “time”, ou tempo): em qual período de tempo você está interessado, curto ou longo prazo?
O (“outcome”, ou desfecho): deve quantificável e importante para o paciente em termos de objetivos pessoais e prioridades. Por exemplo, qual a taxa de progressão de uma doença, ou um desfecho positivo (por exemplo, retorno ao trabalho ou ao esporte).

Um exemplo de uma pergunta PIO sobre prognóstico é: “Em pessoas com um episódio de dor lombar resultando em 4 semanas de afastamento do trabalho, qual é a probabilidade destes indivíduos retornarem a trabalhar em suas funções anteriores aos 6 meses?”

Acabamos de revisar o vídeo tutorial do PEDro sobre como fazer perguntas clínicas sobre intervenções. Este vídeo está disponível apenas em inglês e uma versão em português será produzida em breve.