Em um blog da PEDro de abril de 2021 nós destacamos que Rachel Cowan e seus coautores haviam ganhado o prêmio da PEDro de melhor ensaio clínico apresentado no the World Physiotherapy Congress 2021. Este ensaio clínico fatorial aleatorizado procurou determinar o efeito do exercício mais educação e o efeito da terapia hormonal para menopausa na dor tendínea e função em mulheres pós-menopausa com síndrome da dor trocantérica. Esse ensaio clínico agora foi publicado em The American Journal of Sports Medicine e nós resumimos os resultados nesse blog.
A síndrome da dor trocantérica é prevalente em mulheres, particularmente aquelas em que estão na pós-menopausa. Diversas fontes de evidências sugerem que elevar os níveis de estrogênio pode levar a uma melhor saúde do tendão, especialmente quando combinado com exercício. Um outro regime efetivo para a síndrome da dor trocantérica é exercício mais educação; o tipo de exercício parece não importar muito, mas o controle de carga e evitar a compressão do tendão glúteo parece ser importante. O objetivo do ensaio clínico da Cowan e coautores foi determinar os efeitos do exercício e da terapia hormonal para menopausa, em combinação e isolado, na dor tendínea e função em mulheres pós-menopausa com síndrome da dor trocantérica.
Mulheres pós-menopausa com síndrome da dor trocantérica foram recrutadas através de profissionais da saúde, quadros de avisos da comunidade, academias de ginástica e mídias (sociais). Para ser elegíveis, elas precisariam reportar dor lateral no quadril em pelo menos duas das seguintes atividades: deitado no lado afetado, sentar-se, mover-se de sentado para em pé, subir ou descer escadas ou descidas. Os fisioterapeutas forneceram educação a todos os participantes, incluindo como evitar compressão no tendão glúteo, controle de carga durante atividades diárias e exercício.
Ne desenho de ensaio clínico fatorial, as participantes foram aleatorizadas para receber terapia hormonal ou placebo, e foram aleatorizadas para receber um regime de exercício ou falso (sham). A dosagem do creme de terapia hormonal equiparou-se à dose de estradiol e noretindrona/acetato de noretisterona em adesivos transdérmicos comerciais. Os exercícios consistiam em sessões de 15 minutos, duas vezes por semana, que incluíram exercícios de fortalecimento para glúteo médio, quadríceps e panturrilha com carga do tendão glúteo e fortalecimento da cadeia cinética de sustentação de peso. O exercício falso (sham) foi um programa de exercício de baixa carga para membros inferiores. Os exercícios tiveram uma duração de 12 semanas.
O desfecho primário foi a medida VISA-G de 0 a 100 da gravidade da incapacidade da síndrome da dor trocantérica. As medidas secundárias incluíram o Oxford Hip Score, o Hip Disability and Osteoarthritis Outcome Score, a Avaliação da Qualidade de Vida-8D e uma classificação global de mudança.
Os escores VISA-G melhoraram em todos os grupos, sem efeitos de interação entre as combinações de terapia hormonal e exercício. Os resultados secundários também não demonstraram diferenças claras entre essas intervenções, isoladamente ou em combinação. No entanto, entre as mulheres com índice de massa corporal normal ou abaixo do peso, a terapia hormonal induziu melhores pontuações VISA-G em uma média de 21 pontos (IC 95 10 a 31) em 12 semanas e uma média de 17 pontos (IC 95% a 27) em 52 semanas, independentemente de ter sido alocado para o grupo exercício ou o grupo de exercício falso (sham). Da mesma forma, entre as mulheres nessa faixa de peso, a terapia hormonal também induziu melhores resultados em várias das medidas dos desfechos secundários, quando adicionada à educação dada a todos os grupos e qualquer exercício que tenha sido alocado.
Cowan RM, et al. Does menopausal hormone therapy, exercise, or both improve pain and function in postmenopausal women with greater trochanteric pain syndrome? A 2×2 factorial randomized clinical trial. Am J Sports Med 2021 Dec 13:Epub ahead of print.