O objetivo dessa revisão sistemática foi avaliar a efetividade de exercícios específicos para escoliose comparados a outras intervenções não-cirúrgicas em adolescentes com escoliose idiopática. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados avaliando o efeito de exercícios específicos para escoliose em participantes com escoliose idiopática (com um ângulo de Cobb mínimo de 10 graus), e idades entre 10 anos até a idade de maturação esquelética completa. Exercícios específicos para escoliose foram definidos como “movimentos específicos realizados com o objetivo terapêutico de reduzir a deformidade da escoliose”. Os comparadores considerados nesta revisão foram intervenções não-cirúrgicas, tais como bracing, estimulação elétrica, terapia manual, exercícios gerais, atividades esportivas, atividades recreacionais, aconselhamento e lista de espera. Os desfechos primários foram o ângulo de Cobb (em graus) e o ângulo de rotação do tronco.
A revisão identificou 9 estudos (480 participantes) que foram conduzidos no Egito, Brasil, Itália, Turquia, Coreia do Sul, China, e Canadá. Houve marcada variabilidade em relação aos parâmetros de exercício prescritos entre os estudos. A duração do tratamento variou entre 3 semanas a 42 meses.
Comparado a exercícios gerais e tratamento convencional, a revisão demonstrou evidência de muito baixa qualidade que exercícios específicos para escoliose reduziram o ângulo de Cobb torácico (3 estudos, diferença entre as médias -7 pontos, IC95% -9 a -5), ângulo de Cobb lombar (2 estudos, 105 participantes, diferença entre as médias -7 graus, IC95% -10 a -4), e curvatura espinhal (3 estudos, 172 participantes, diferençe entre as médias -5 graus, IC95% -9 a -1). Comparado a exercícios gerais ou tratamento convencional, a revisão demonstrou evidência de muito baixa qualidade que exercícios específicos para escoliose não reduziram o ângulo de rotação do tronco (1 estudo, 25 participantes, diferença entre as médias -1 grau, IC95% -3 a 5).
A revisão demonstrou evidência de muito baixa qualidade de que exercícios específicos para escoliose reduz as curvaturas espinhais, ao passo que tratamento convencional ou outros exercícios não. Ensaios clínicos de larga escala e de alto rigor metodológico são necessários para avaliar a efetividade e custo-efetividade desta abordagem.
Thompson JY, et al. Effectiveness of scoliosis-specific exercises for adolescent idiopathic scoliosis compared with other non-surgical interventions: a systematic review and meta-analysis. Physiotherapy;105(2):214-34