Uma revisão sistemática publicada pela Colaboração Cochrane avaliou os riscos e benefícios da realização de exercícios como estratégia de intervenção para prevenir quedas em idosos vivendo na comunidade. Essa revisão sistemática incluiu ensaios clínicos randomizados avaliando qualquer modalidade de exercício como intervenção isolada realizada em adultos acima de 60 anos de idade. O desfecho primário foi a taxa de quedas (quedas por pessoas-ano), mensurado no intervalod de tempo mais próximo a 18 meses após a randomização. A qualidade metodológica foi avaliada com a ferramenta Grading of Recommendations, Assessment, Development and Evaluation (GRADE).
A revisão incluiu 108 ensaios clínicos randomizados e 23.407 participantes. A maioria dos estudos foi realizado em países desenvolvidos. 77% dos participantes incluídos no estudo eram mulheres. A média de idade dos participantes destes estudos incluídos foi de 76 anos. Exercício foi comparado com intervenções das quais não se espera um efeito de redução na incidência de quedas. A população incluiu idosos com idade superior a 60 anos vivendo na comunidade sem terem recebido alta recentemente alta de um hospital (81 ensaios clínicos randomizados, n = 19.684 participantes), e idosos que recentemente receberam alta de hospitais (4 ensaios clínicos randomizados, n = 816 participantes). 53% das intervenções incluíram componentes de equilíbrio e exercícios funcionais como componente principal da intervenção, e 15% das intervenções incluíram exercícios tridimensionais como tratamento primário, definidos como aqueles em que os movimentos são realizados nos três planos de movimento, repetidas vezes).
A revisão encontrou evidência de alta qualidade metodológica (59 ensaios clínicos randomizados, n = 12.981 participantes) que exercícios reduziram a taxa de quedas em 23% (IC 95% 17% a 29%) comparados a intervenções controle. A revisão também encontrou evidência de baixa qualidade em 10 ensaios clínicos randomizados (n = 4.047 participantes) que exercícios reduziram o número de fraturas subsequente a quedas em 27% (IC 95% 5% a 44%) comparados a intervenções controle.
Evidência forte demonstrou exercícios reduziram a taxa de quedas em idosos vivendo na comunidade. Mais estudos são necessários para que se compreenda o impacto de exercícios de força, dança ou programas de caminhada na taxa de quedas. Estudos maiores são necessários para que se avalie o impacto do exercício em relação à redução da taxa de fraturas subsequente a quedas.
Ouça à entrevista de Cathie Sherrington (Professora do Institute for Musculoskeletal Health, University of Sydney e líder do revisão) ao programa National’s Health Report, da rádio ABC (a entrevista está na língua inglesa).
Sherrington C et al. Exercise for preventing falls in older people living in the community. Cochrane Database Syst Rev 2019;Issue 1:CD012424