Esta revisão sistemática de dados individuais investigou os efeitos do exercício na fadiga relacionada ao câncer e moderadores de efeito desta intervenção. Ensaios clínicos randomizados na base de dados Predicting OptimaL cAncer Rehabilitation and Supportive care (POLARIS) foram incluídos se o estudo tivesse reportado desfechos de fadiga. Todos os investigadores principais dos ensaios clínicos randomizados na base de dados disponibilizaram os dados através de um acordo de compartilhamento de dados. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada com a ferramenta de risco de viés da Cochrane. O desfecho primário foi fadiga após a intervenção mensurada com qualquer escala. Potenciais moderadores de efeito de tratamento foram baseados em estudos prévios e incluíram idade, sexo, estado civil, nível educacional, índice de massa corporal, tipo de câncer, tipo de tratamento (cirurgia, quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal), e presença de metástases. Também foram incluídos como moderadores características dos programas de exercício, incluindo frequência, intensidade, tipo, supervisão, tempo de sessão e volume.
Trinta e um estudos (n = 4.366 participantes) foram incluídos. Destes, 2.437 participantes foram randomizados para grupos que receberam exercício, e 1.929 para grupos controle. Todos os estudos foram realizados em países de alta renda, incluindo Holanda, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Alemanha, Reino Unido e Noruega.
Exercício reduziu a fadiga comparado ao controle (tamanho de efeito -0,17; intervalo de confiança 95% (IC 95%) -0,22 a -0,12). Nenhuma das características demográficas ou clínicas dos participantes individualmente moderou o efeito do exercício na fadiga. Comparado ao controle, exercício supervisionado obteve efeitos maiores na redução da fadiga que exercícios não supervisionados (tamanho de efeito -0,18; IC 95% -0,28 a -0,08). Dentro do espectro das intervenções supervisionadas, aquelas com duração superior a 12 semanas demonstraram efeitos maiores (tamanho de efeito -0,29; IC 95% -0,38 a -0,20) do que aquelas com duração superior a 24 semanas (tamanho de efeito -0,11; IC 95% -0,22 a 0,00). Nenhuma outra característica dos programas de exercício foram identificadas como moderadors de efeito de tratamento de intervenções supervisionadas. Dentro do espectro das intervenções não supervisionadas, nem duração, nem características específicas do programa de exercícios moderou os efeitos do exercício sobre a fadiga.
Exercício reduz fadiga em pacientes com câncer, independente do tipo, o que reforça a importância de implementar intervenções baseadas em exercício para esta população na prática clínica. Efeitos maiores foram observados em intervenções supervisionadas com duração de até 12 semanas.
van Vulpen JK et al. Moderators of exercise effects on cancer-related fatigue: a meta-analysis of individual patient data. Med Sci Sports Exerc 2020;52(2):303-14
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