Esta revisão sistemática avaliou como diferentes tipos e intensidades de exercício são comparáveis a diferentes medicamentos anti-hipertensivos na redução da pressão arterial. O estudo incluiu ensaios clínicos randomizados que foram conduzidos em adultos com ou sem hipertensão arterial, mas sem doença cardiovascular, cerebrovascular, diabetes, ou outras condições, como câncer. Todas as formas de exercício supervisionados e medicamentos anti-hipertensivos foram considerados como tratamentos experimentais nesta revisão. As intervenções foram comparadas com tratamento usual (não realizar exercícios), outros programas de exercício, ou tratamento farmacológico. O risco de viés foi avaliado com a ferramenta de avaliação de risco de viés da Cochrane. Meta-análise em rede foi realizada para comparar as múltiplas intervenções simultaneamente.
A revisão incluiu 197 ensaios clínicos de exercício (n = 10.461) e 194 ensaios clínicos de medicamentos anti-hipertensivos (n = 29.281), totalizando 391 ensaios clínicos e 39.742 participantes. Nenhum ensaio clínico comparou exercício a medicamentos anti-hipertensivos diretamente. A pressão arterial sistólica média na linha de base foi 132 mmHg nos ensaios clínicos de exercício, e 150 mmHg nos ensaios clínicos de tratamento farmacológico. A maioria dos ensaios clínicos de exercício testaram intervenções envolvendo exercícios de resistência (n = 135), tais como caminhada, corrida, pedalada e exercícios aquáticos.
No geral, tanto exercícios (diferença entre médias -5 mmHg, intervalo de confiança 95% -6 to -4) e medicamentos anti-hipertensivos (-9 mmHg, -10 to -8) foram efetivos em reduzir a pressão arterial sistólica comparados a grupos controle. Populações recebendo tratamento medicamentoso atingiram maiores níveis de redução da pressão arterial sistólica comparado àqueles que realizaram exercícios (-4 mmHg, -5 to -3). Todos os tipos de exercício reduziram a pressão arterial de forma semelhante, com exceção da combinação entre exercícios de resistência e força, a qual foi mais efetiva que exercícios de força isolados (-3 mmHg, -5 to -1). Efeitos de dose-resposta foram observados nos ensaios clínicos de tratamento farmacológico, mas há importante incerteza em relação a um potencial efeito de dose-resposta de diferentes intensidades de exercício.
Esta revisão demonstrou que o efeito do exercício em reduzir a pressão arterial sistólica parece ser similar ao efeito observado com tratamento farmacológico em diversas populações. No entanto, a possibilidade de fatores intervenientes observados na população do estudo interfirirem nos achados não pode ser excluída.
As meta-análises foram recentemente explicadas em um post no blog do PEDro em 2018.
Naci H, et al. How does exercise treatment compare with antihypertensive medications? A network meta-analysis of 391 randomised controlled trials assessing exercise and medication effects on systolic blood pressure. Br J Sports Med 2019;53(14):859-69
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