Esta revisão sistemática teve como objetivo estimar os efeitos da fisioterapia em comparação com intervenções farmacológicas, psicocomportamentais ou nenhuma intervenção na intensidade da dor percebida, função sexual e qualidade de vida em mulheres com dispareunia.
Cinco base de dados foram avaliadas desde o início até maio de 2023. Os estudos incluídos foram ensaios clínicos não randomizados, ensaios clínicos randomizados e ensaios clínicos quase randomizados. Os estudos incluíram mulheres com dispareunia e compararam grupos que receberam pelo menos uma intervenção fisioterapêutica (eletroterapia, massagem e modalidades de exercícios) com aqueles que receberam tratamento farmacológico, intervenções psicocomportamentais ou nenhuma intervenção. Os resultados de interesse foram intensidade da dor, função sexual e qualidade de vida. A avaliação do risco de viés foi realizada usando a ferramenta ROBINS-I para ensaios clínicos não randomizados e a ferramenta de risco de víes da Cochrane – RoB 1, para ensaios clínicos randomizados. Meta-análises usando modelos de efeitos aleatórios avaliaram diferenças médias padronizadas (DMP) e intervalos de confiança (IC) de 95%. O GRADE foi aplicado a cada meta-análise para avaliar a certeza das evidências.
Esta revisão incluiu 19 estudos; oito ensaios clínicos randomizados, dois ensaios clínicos quase randomizados, e nove estudos não randomizados. As intervenções de fisioterapia foram múltiplos tratamentos de fisioterapia (n=6), eletroterapia (n=5), treinamento dos músculos do assoalho pélvico (n=2), massagem de Thiele (n=3), intervenções interdisciplinares ou treinamento dos músculos do assoalho pélvico (n=2), e terapia por ondas de choque extracorpóreas (n=1). As intervenções foram de 4 semanas a 1 ano, com pelo menos 1 sessão por semana (quando o número de sessões foi relatado). Apenas ensaios clínicos randomizados foram incluídos na meta-análise e síntese GRADE para dor (3 ensaios clínicos, 207 participantes), função sexual (2 ensaios clínicos, 373 participantes) e qualidade de vida (2 ensaios clínicos, 64 participantes).
Comparado ao controle ou nenhuma intervenção, houve evidência de certeza moderada de que o tratamento fisioterapêutico (eletroterapia e eletroterapia mais treinamento dos músculos do assoalho pélvico) melhorou a dor (DMP -4,4, IC de 95% -7,9 a -1,0). Houve evidência de baixa certeza de que o tratamento fisioterapêutico (eletroterapia e eletroterapia mais cinesioterapia) melhorou a qualidade de vida (DMP -0,38 IC de 95%: -0,74 a -0,03), mas não melhorou a função sexual (DMP 2,37 IC de 95%: -1,43 a 6,17) em comparação ao controle ou nenhuma intervenção. Eventos adversos não foram relatados.
A revisão concluiu que a fisioterapia foi eficaz para reduzir a dor em mulheres com dispareunia quando comparada a intervenções de controle. A fisioterapia foi eficaz para melhorar a qualidade de vida e ineficaz para melhorar a função sexual, mas há evidências de baixa certeza. Pesquisas futuras são necessárias para melhorar a certeza das evidências.
Fernandez-Perez P, Leiros-Rodriguez R, Marques-Sanchez MP, Martinez-Fernandez MC, de Carvalho FO, Maciel LYS. Effectiveness of physical therapy interventions in women with dyspareunia: a systematic review and meta-analysis. BMC Womens Health 2023; 23: 387. DOI: doi.org/10.1186/s12905-023-02532-8