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Revisão sistemática encontrou que treinamento aerobio e de força reduz risco cardiovascular em indivíduos com acidente vascular encefálico ou ataque isquêmico transitório

Indivíduos que tiveram acidente vascular encefálico (AVE) ou ataque isquêmico transitório (AIT) apresentam risco aumentado de apresentarem um segundo evento cardiovascular (por exemplo, outro AVE, infarto agudo do miocárdio), e comumente exibem fatores de risco para eventos cardiovasculares (por exemplo, hipertensão, diabetes, dislipidemia). Até o presente momento, pesquisa a respeito de prevenção de eventos cardiovasculares e fatroes de risco cardiovasculares enfatizou principalmente tratamentos farmacológicos. A evidência em torno de tratamentos não-farmacológicos, em especial exercício, é menos clara. O objetivo desta revisão foi estimar o efeito do exercício na redução de eventos cardiovasculares em indivíduos com AVE ou AIT.

Os critérios de inclusão foram: estudos que tenham recrutado adultos que tivessem tido AVE ou AIT; que avaliaram o efeito de intervenções baseadas em exercício; que compararam exercício a tratamento convencional ou outros controles; que reportaram eventos cardiovasculares como desfechos (incluindo mortalidade) e/ou fatores de risco cardiovasculares; e o estudo ser um ensaio clínico randomizado. Intervenções incluíram exercícios aerobios, de força, ou ambos. Intervenções motoras para melhora da função foram incluídas apenas de houvesse um importante componente aerobio e de força. Os fatores de risco cardiovasculares avaliados incluíram pressão arterial (sistólica e diastólica), perfil lipídico (total, colesterol LDL e HDL), glicose de rápida absorção, e índice de massa corporal. Buscas sensíveis foram realizadas em 11 bases de dados (incluindo PubMed and China National Knowledge Infrastructure). Dois revisores indendentes selecionaram os estudos e extraíram os dados independentemente. O Consensus on Exercise Reporting Template (CERT) foi utilizado para avaliar o quão completa a intervenção foi reportada pelos estudos. A Grading of Recommendations, Assessment, Development and Evaluations (GRADE) foi utilizada para quantificar a qualidade da evidência para cada desfecho. Metanálise foi utilizada para calcular o efeito médio e intervalo de confiança (IC) 95% para cada desfecho. Análises de subgrupo pré-especificadas incluíram os efeitos de iniciação precoce ou tardia (> 6 meses) de exercícioç incorporação de intervenções educativas; e tipo de patologia de base (AIT ou AVE não incapacitante versus AVE severo).

Vinte estudos (n = 1.031 participantes) foram incluídos. A maioria dos estudos recrutaram participantes pós AVE (16 estudos, 3 exclusivamente recrutaram participantes com AVE incapacitante), iniciaram a intervenção em até 6 meses da ocorrência do primeiro evento (AVE ou AIT, 11 estudos), e compararam exercício a tratamento convencional (12 estudos). Dez estudos utilizaram exercício aerobio e treinamento de força. Quatro estudos incorporaram educação ao exercício.

Apenas um estudo pequeno (70 participantes) reportaram eventos cardiovasculares como desfecho. Neste estudo, exercício reduziu o risco de hospitalização ou morte devido a AVE, infarto agudo do miocárdio ou doença arterial periférica (taxa de risco 0,194 IC 95% 0,121 a 0,737) comparado ao grupo contole. Evidência moderada indivou que exercício reduziu a pressão arterial sistólica (-4 mmHg, IC 95% -7 a -2, 12 estudos, 606 participantes), mas não houve efeito na glicose de rápida absorção (-0,14 mmol/L, IC 95% -0,29 a 0,01, 7 estudos, 364 participantes). Houve evidência de baixa qualidade exercício reduziu pressão arterial diastólica (-3 mmHg, IC 95% -5 a -1, 12 estudos, 606 participantes e colesterol total (-0,27 mmol/L, IC 95% -0,54 a 0,00, 9 estudos, 370 participantes) comparado a intervenções controle. Houve evidência de baixa qualidade de que exercício não teve efeito nos níveis de colesterol LDL (-0,28 mmol/L IC 95% -0,63 a 0,07, 7 estudos, 303 participantes) e HDL (0,08 IC 95% -0,02 a 0,17, 9 estudos, 394 participantes) comparado a intervenções controle.

Dados da análise de subgrupo foram reportados para os desfechos pressão arterial sistólica e diastólica. A redução na pressão arterial sistólica foi mais pronunciada em estudos em que o exercício foi iniciado precocemente (< 6 meses após o evento; -8 mmHg, IC 95% -12 a -5, 6 estudos, 298 participantes; > 6 meses; -2 mmHg, IC 95% -4 a -1, 6 estudos, 308 participantes), incorporaram intervenções educacionais (exercício + educação -8 mmHg IC 95% -14 a -1, 4 estudos, 200 participantes; exercício apenas -3 mmHg IC 95% -4 a -1, 8 estudos, 406 participantes), e recrutaram participantes com AIT ou AVE não incapacitante (AIT ou AVE não incapacitante -5 mmHg IC 95% -9 a -2, 9 estudos 428 participantes; AVE incapacitante -3 mmHg IC 95% -4 a -1, 3 estudos, 178 participantes). A redução da pressão arterial diastólica foi mais pronunciada em estudos que iniciaram exercício em até 6 meses do AVE ou AIT (< 6 meses -3 mmHg IC 95% -6 a -1, 6 estudos, 297 participantes; > 6 meses -2 mmHg IC 95% -5 a 1, 6 estudos, 309 participantes), e recrutaram participantes com AIT ou AVE não incapacitante (AIT ou AVE não incapacitante -4 mmHg IC 95% -5 a -2, 9 estudos, 428 participantes; AVE incapacitante 1 mmHg IC 95% 0 a 2, 3 estudos, 178 participantes). Em contrapartida, os efeitos da pressão arterial diastólica foram menos pronunciadas em estudos que incorporaram componente educacional (exercício + educação -2 mmHg IC 95% -5 a 1, 4 estudos, 200 participantes; exercício apenas -3 mmHg IC 95% -6 a 0, 8 estudos, 406 participantes).

Exercícios aerobios e/ou de força podem resultar na redução de alguns fatores de risco cardiovasculares (pressão sistólica e diastólica, colesterol total) em indivíduos com AVE ou AIT, particularmente se iniciados precocemente, foram acompanhados de intervenções educacionais e foram prescritos para pacientes com AIT ou AVE não incapacitante. Investigar os efeitos do exercício na prevenção de eventos cardiovasculares é uma prioridade de pesquisa.

Wang C, et al. Aerobic exercise interventions reduce blood pressure in patients after stroke or transient ischaemic attack: a systematic review and meta-analysis. Br J Sports Med 2019;53(24):1515-25

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