Esta revisão sistemática da Cochrane teve como objetivo estimar os efeitos de diferentes tipos de exercício físico em comparação com outro tipo de exercício, grupo controle ou ambos na severidade dos sinais motores, qualidade de vida e ocorrência de efeitos adversos em pessoas com Doença de Parkinson (DP).
Esta revisão sistemática da Cochrane incluiu ensaios clínicos controlados aleatorizados que avaliaram intervenções de exercícios físicos para pessoas com DP. Estudos elegíveis foram identificados a partir de oito base de dados eletrônicas. Os estudos foram incluídos se comparassem um tipo de exercício físico com outro tipo de exercício, um controle ou ambos. Os desfechos críticos foram: severidade dos sinais motores, relatados por meio da Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (Unified Parkinson Disease Rating Scale – UPDRS-M); qualidade de vida, relatada por meio do Questionário de Doença de Parkinson 39 (Parkinson’s Disease Questionnaire 39 – PDQ-39); e ocorrência de efeitos adversos, que foi medida pelo número de participantes com algum efeito adverso. Dois revisores identificaram e selecionaram estudos independentemente, extraíram dados e avaliaram o risco de viés usando a ferramenta da risco de viés 2.0 da Cochrane. A certeza da evidência foi avaliada usando a abordagem CINeMA.
A revisão sistemática incluiu 156 ensaios clínicos controlados aleatorizados (7.939 participantes) de mais de 20 países. Os participantes tinham principalmente doença leve a moderada, sem comprometimento cognitivo importante e uma faixa etária média/mediana entre 60 e 74 anos. Para o desfecho severidade dos sinais motores (71 estudos; 3196 participantes), há uma alta certeza de que a dança tem um efeito benéfico moderado (diferença média (DM) -10,32, intervalo de confiança (IC) de 95% -15,54 a -4,96) e baixa certeza de que o treinamento aquático, marcha/equilíbrio/funcional e treinamento multidomínio pode ter um efeito benéfico moderado (aquático: DM -7,77, IC 95% -13,27 a -2,28; marcha/equilíbrio/funcional: DM -7,37 ,IC 95% -11,39 a -3,35; multidomínio: DM -6,97, IC 95% -10,32 a -3,62). Há uma baixa certeza de que o treinamento de flexibilidade pode ter um efeito trivial ou nenhum efeito (DM: 2,01, IC 95% -4,82 a 8,98), e muito baixa certeza e alta incerteza sobre os efeitos do treinamento de força/resistência (DM: -6,97, IC 95% CI -11,93 a -2,01).
Para o resultado qualidade de vida (55 estudos; 3.283 participantes), há uma certeza moderada de que o treinamento aquático provavelmente tem um grande efeito benéfico (DM -14,98, IC 95% -23,26 a -6,52), baixa certeza de que o treinamento de resistência pode ter um efeito benéfico moderado (DM -9,16, IC 95% -15,68 a -2,82), e que o treinamento de marcha/equilíbrio/funcional e multidomínio pode ter um pequeno efeito benéfico (marcha/equilíbrio/funcional: DM -5,64, IC 95 % -10,04 a -1,23; multidomínio: DM -5,29, IC 95% -9,34 a -1,06). Há uma certeza muito baixa e alta incerteza sobre os efeitos do treinamento de força/resistência e treinamento de flexibilidade (força/resistência DM: -6,34; IC 95% -12,33 a -0,35; flexibilidade DM: 1,23, IC 95% -11,45 a 13,92).
Há evidências muito incertas sobre o efeito do exercício físico no aumento da ocorrência de efeitos adversos.
A maioria das intervenções de exercício físico fornece efeitos benéficos na severidade dos sinais motores e na qualidade de vida de pessoas com DP que manejam a doença de leve a moderada, com pouca evidência de diferenças entre as intervenções. Embora as evidências do efeito do exercício na ocorrência de efeitos adversos sejam muito incertas, as intervenções incluídas na revisão foram consideradas relativamente seguras.
Ernst M, Folkerts A-K, Gollan R, Lieker E, Caro-Valenzuela J, Adams A, Cryns N, Monsef I, Dresen A, Roheger M, Eggers C, Skoetz N, Kalbe E. Physical exercise for people with Parkinson’s disease: a systematic review and network meta-analysis. Cochrane Database of Systematic Reviews 2023, Issue 1. Art. No.: CD013856. DOI: 10.1002/14651858.CD013856.pub2.