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Treinamento em grupo dos músculos do assoalho pélvico não é inferior ao treinamento individual para incontinência urinária em mulheres mais velhas

Em um blog para o #MyPTArticleOfTheMonth em outubro de 2019, Kari Bø destacou os resultados de um ensaio clínico controlado aleatorizado que foi apresentado na conferência anual da International Continence Society em Gotenburgo, Suécia. Chantale Dumoulin conduziu este ensaio clínico controlado aleatorizado de não inferioridade e multicêntrico que comparou o treinamento individual dos músculos do assoalho pélvico ao treinamento em grupo para mulheres mais velhas com incontinência urinária de esforço e mista. O ensaio clínico foi publicado na JAMA Internal Medicine, e nós resumimos os resultados neste blog.

Incontinência urinária é uma preocupação de saúde comum vivenciada por mulheres mais velhas (>60 anos). O treinamento individual dos músculos do assoalho pélvico é a primeira linha de tratamento recomendada para a incontinência urinária de estresse ou a incontinência urinária mista em mulheres, mas a entrega deste tratamento é limitada por recursos humanos e financeiros. O treinamento dos músculos do assoalho pélvico entregue para um grupo de mulheres, ao invés de individualmente, poderia superar essas barreiras de recursos. Esse ensaio clínico foi desenvolvido para abordar a lacuna de evidência para verificar se o resultado do treinamento em grupo dos músculos do assoalho pélvico seria tão bom quanto o treinamento individual. O objetivo primário foi determinar se a efetividade do treinamento em grupo dos músculos do assoalho pélvico não foi inferior ao treinamento individual em mulheres de 60 anos ou mais com incontinência urinária de esforço ou mista.

Foram recrutadas mulheres com 60 anos ou mais, com sintomas de incontinência urinária de esforço ou mista, através de anúncios em informativos na comunidade, mídias sociais, jornais e clínicas de ginecologia e urologia nos dois centros do ensaio clínico em Montreal e Sherbrooke, Canada. As participantes foram estratificadas por centro e tipo de incontinência, então, um processo secreto e aleatorizado foi usado para alocar as participantes para as sessões de treinamento individuais ou em grupo. Depois de uma sessão individual conduzida para aprender como contrair os músculos do assoalho pélvico, as participantes realizaram sessões semanais, durante 12 semanas e por 1 hora, de treinamento dos músculos do assoalho pélvico como parte de um grupo de 8 mulheres ou individualmente. As participantes de ambos os grupos foram instruídas a realizar os exercícios em casa. O tratamento foi realizado por fisioterapeutas experientes no assoalho pélvico. As participantes e os terapeutas não puderam ser cegos quanto a intervenção. O desfecho primário foi a redução percentual nos episódios de incontinência urinária em 1 ano após a aleatorização, conforme relatado em um diário da bexiga de 7 dias e em relação aos valores pré-tratamento. A margem para não-inferioridade foi pré-especificada em 10%. Os avaliadores não puderam ser cegos quanto ao desfecho primário, mas foram cegos para alguns desfechos secundários. Efeitos adversos foram monitorados. Embora os dados econômicos tenham sido coletados, não foram reportados nesse artigo. Uma análise por protocolo (incluindo todos os participantes que completaram 1 ano de avaliação) foi realizada.

362 mulheres foram incluídas nesse ensaio clínico, com 178 alocadas para o treinamento em grupo e 184 alocadas para o treinamento individual. 319 participantes (88%) completaram 1 ano de acompanhamento. Não houve desequilíbrios entre os grupos no início do estudo. As participantes em ambos os grupos compareceram a quase 100% das sessões e 87% completaram os exercícios prescritos para casa pelo menos 4 vezes por semana. A redução percentual mediana nos episódios de incontinência urinária foi de 74% para o treinamento em grupo dos músculos do assoalho pélvico e 70% para o treinamento individual. A mediana entre as diferenças entre grupos foi de 4% em favor do treinamento em grupo, com um intervalo de confiança de 95% de -10% a 7%. Resultados semelhantes foram encontrados utilizando uma análise por intenção de tratar. Devido ao limite superior do intervalo de confiança de 95% ter sido menor do que a margem pré-especificada de não-inferioridade de 10%, o treinamento em grupo não foi inferior ao treinamento individual. Nenhum efeito adverso grave ocorreu em nenhum dos grupos.

O treinamento em grupo dos músculos do assoalho pélvico não é inferior ao treinamento individual recomendado para o tratamento da incontinência urinário de esforço e mista em mulheres mais velhas. O uso generalizado do treinamento em grupo na prática clínica pode ajudar a aumentar a acessibilidade dos cuidados de incontinência e a disponibilidade de tratamento. Kari Bø diz: “algumas vantagens do treinamento em grupo é que requer menos recursos do que o treinamento individual, é motivador tanto para as participantes quanto para os fisioterapeutas e o treinamento pode ser combinado com educação em saúde e muitos outros exercícios importantes para a saúde da mulher.”

Leia mais no PEDro.

Dumoulin C, et al. Group-based versus individual pelvic floor muscle training to treat urinary incontinence in older women: a randomized clinical trial. JAMA Intern Med 2020 Aug 3:Epub ahead of print

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