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Uma revisão sistemática da Cochrane encontrou que o treinamento eletromecânico ou assistido por robô, aumenta a probabilidade de marcha independente após acidente vascular encefálico (AVE)

Melhorar a marcha é um dos principais objetivos da reabilitação após o acidente vascular encefálico (AVE). Dispositivos eletromecânicos ou robóticos permitem que pessoas com AVE, que possuem a marcha comprometida, participem de práticas de caminhada intensivas com alta repetição. Essa revisão sistemática teve como objetivo estimar os efeitos do treinamento da marcha eletromecânico ou assistido por robô, e estimar os cuidados usuais comparado a cuidados usuais sozinho na habilidade de marcha independente em pessoas com AVE.

Guiado por um protocolo, análises sensitivas foram realizadas em 11 base de dados (incluindo Cochrane CENTRAL, Medline, Embase e PEDro) e em dois locais de registros de ensaios clínicos para identificar estudos controlados aleatorizados em adultos com AVE e que estivessem avaliando treinamento de marcha eletromecânico ou assistido por robô. O AVE poderia ser diagnosticado clinicamente e de qualquer severidade, estágio ou localização. Os estudos poderiam avaliar qualquer dispositivo eletromecânico ou robótico que permitisse prática de caminhada repetitiva. Estes são amplamente classificados em efetores finais (onde os pés dos participantes são colocados em bases que são movimentadas para simular a marcha) ou exoesqueleto (onde um dispositivo é fixado aos segmentos corporais que movem os joelhos e os quadris para simular uma marcha). O Gait Trainer GT e o Haptic Walker são alguns exemplos de dispositivos classificados como efetores finais. O Lokomat é um exemplo de dispositivo classificado como exoesqueleto. A comparação para todos os estudos foi treinamento de marcha eletromecânico ou assistido, somado a cuidados usuais em comparação com cuidados usuais sozinho. Cuidados usuais envolveu treinamento de marcha em solo e exercícios com um fisioterapeuta. Os desfechos primários foram a proporção de participantes caminhando de forma independente. Independência na marcha poderia ser avaliada usando Functional Ambulation Category (pontuado entre 4 e 5), escala de Barthel (pontuação = 3), item relacionado a marcha independência funcional de marcha (pontuado entre 6 ou 7) ou Rivermead Mobility Index (‘sim’ para os itens ‘caminhar para dentro, com um auxílio se necessário’ ou ‘andar em terreno irregular’). Nós decidimos reportar um dos desfechos secundários neste resumo, velocidade da marcha, porque achamos que seria interessante para pessoas com AVE e para clínicos. Dois revisores selecionaram de forma independente os estudos para inclusão na revisão, além de realizarem a extração de dados e a avaliação do risco de viés dos estudos. Discordâncias foram resolvidas por discussão ou decisão de um terceiro revisor. O risco de viés dos estudos foi avaliado através do instrumento de risco de viés da Cochrane e a certeza da evidência foi avaliada através do Grading of Recommendations, Assessment, Development and Evaluation (GRADE). Meta-análises foram utilizadas para calcular a razão de chances e o intervalo de confiança (IC) de 95% para a habilidade de marcha independente.

62 estudos (2.440 participantes) foram incluídos nas meta-análises. A idade dos participantes variou entre 47 a 76 anos, sendo 65% do sexo feminino. Treinamento de marcha eletromecânico ou assistido, foram normalmente conduzidos em sessões de 30 a 60 minutos com uma duração de 3 a 5 dias/semana por 3 a 4 semanas. 24 estudos recrutaram os participantes com 3 meses ou menos após o AVE e 16 estudos recrutaram os participantes após 3 meses do AVE. 40 estudos recrutaram apenas participantes com marcha independente, 18 estudos recrutaram apenas participantes com marcha dependente e 4 estudos recrutaram participantes tanto com marcha independente quanto dependente. 41 estudos utilizaram um dispositivo exoesqueleto e 14 utilizaram um dispositivo classificado como efetor final (7 estudos não puderam ser classificados como exoesqueleto ou efetor final).

Treinamento de marcha eletromecânico ou assistido, associado a fisioterapia, aumentou as chances dos participantes caminharem de forma independente em 2,14 (IC 95% 1,57 a 2,92; 38 estudos; 1.567 participantes; alta certeza da evidência) e aumentou a velocidade da marcha em média 0,06 m/seg (IC 95% 0,02 a 0,10, 42 estudos; 1.600 participantes; baixa certeza da evidência) comparado a fisioterapia sozinho no final da fase de intervenção.

Treinamento de marcha eletromecânico ou assistido, associado a fisioterapia, aumentam as chances de recuperar a independência na habilidade da marcha após um AVE. Se 100 pessoas com AVE que não podem caminhar de forma independente, recebessem o treinamento de marcha eletromecânico ou assistido somado a fisioterapia, estima-se que 62 pessoas seriam capazes de caminhar de forma independente no fim do período de intervenção comparado com 45 pessoas no grupo recebendo apenas fisioterapia.

Mehrholz J, et al. Electromechanical-assisted training for walking after stroke. Cochrane Database Syst Rev 2020;Issue 10

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