Dor lombar é um problema de saúde pública globalmente. A maioria das diretrizes de prática clínica recomendam que as intervenções de primeira linha envolvam tratamentos não farmacológicos, incluindo tratamentos oferecidos por fisioterapeutas. Uma recente revisão sistemática avaliou a qualidade e aplicabilidade de ensaios clínicos de intervenções fisioterapêuticas para dor lombar.
A base de dados Physiotherapy Evidence Database (PEDro) foi buscada para obter ensaios clínicos avaliando intervenções fisioterapêuticas para prevenir ou tratar dor lombar (qualquer tipo e duração) em participantes de qualquer idade. Os dados obtidos do PEDro incluíram citação (e ano), idade dos participantes (pediatria em participantes < 18 anos; adultos entre 18-70 anos; populações geriáticas se participantes > 70 anos), tratamentos (veja códigos de intervenção) e o escore na escala PEDro (tanto o escore completo quanto individual para cada item). Dados adicionais incluíram o tipo de questão de pesquisa (eficácia, efetividade, avaliação econômica, implementação ou tradução do conhecimento, não claro), objetivo da intervenção (tratamento, prevenção, combinação dos dois), duração da dor lombar (aguda < 6 semanas, subaguda 6-12 semanas, crônica > 12 semanas, duração mista, e duração não reportada), e classificação da dor lombar (não-específica, infecção, fratura, inflamatória, radiculopatia, cancer, gravidez, osteoporose, diagnostico misto, ou outro). Dois revisores, de forma independente, fizeram a seleção dos estudos e extraíram os dados. Quaisquer discordâncias foram resolvidas ou por consenso ou um terceiro revisor arbitrou o processo.
A análise incluiu 2215 ensaios clínicos indexados na atualização de 1 de julho do PEDro. A maioria dos estudos foram em adultus (n=2136, 96%), dor lombar sem etiologia definida (n=1863, 84%), e crônica (n=947, 43%). As terapias mais investigadas foram “alongamento, manipulação, mobilização, e massagem” (n=499, 23%). A qualidade dos estudos melhorou ao longo do tempo, porém a maioria dos estudos ainda possui alto risco de viés. O escore médio na escala PEDro é 5,4 (desvio padrão 1,6) em um total de 10. Menos da metade dos estudos realizaram sigilo de alocação (n=813, 37%), utilizaram análise de intenção-de-tratar (n=778, 35%), e cegamento dos avaliadores (n=810, 37%), participantes (n=174, 8%), e terapeutas (n=39, 2%). Estes estudos não variaram por tipo de tratamento.
A maioria dos estudos avaliando intervenções fisioterapêuticas para dor lombar apresentam alto risco de viés. Apesar de ter sido observada melhora com o passar do tempo, medidas simples de serem implementadas, como realizar sigilo de alocação e análise de intenção de tratar não são normalmente utilizadas. Maior atenção a estes componentes metodológicos podem melhorar a robustez de estudos futuros. O número de estudos na área cresceu dramaticamente ao longo do tempo. Os estudos mais comumente testaram o efeito de exercícios, educação e terapia manual em adultos com dor lombar crônica não-específica. Outras intervenções, tais como intervenções relacionadas à promoção de saúde, e em populações incluindo crianças e idosos não são bem representadas. É importante concentrar esforços para melhorar a qualidade a aplicabilidade da evidência.