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Dicas do desafio #MyPTArticleOfTheMonth – como fazer uma pergunta clínica

Clínicos realizam testes diagnósticos, fornecem informações a respeito de prognóstico e implementam intervenções diariamente. Ao utilizar um teste diagnóstico, você se pergunta se este teste (ou combinação de testes) é o que apresenta as melhores evidências considerando a sua realidade clínica. Você pode se perguntar a respeito do curso clínico de uma condição que você não vê com muita frequência na clínica. Você também pode se perguntar se a intervenção que você está oferecendo aos seus pacientes é suportada por estudos de alta qualidade. Para encontrar a resposta para estas dúvidas, é necessário primeiramente saber elaborar uma pergunta clínica.

Uma pergunta clínica apresenta 4 componentes essenciais, que podem ser memorizados através do método ‘PICO’. No método PICO: P significa paciente, problema ou população; I significa intervenção; C significa comparador ou controle (relacionado a grupo controle ou intervenção utilizada como grupo controle); e O significa desfecho clínico (do inglês “outcome”). Definir os 4 elementos da pergunta clínica ajudarão você a determinar os melhores termos de pesquisa a serem utilizados. Consequentemente sua busca na literatura será muito mais precisa e você perderá muito menos tempo.

Para questões envolvendo tratamentos, sua pergunta no formato PICO deverá incluir todos os 4 elementos:
P (paciente, problema ou população). Qual é a condição (exemplo: acidente vascular encefálico), ou subgrupo dentro de uma condição (exemplo: acidente vascular encefálico agudo), ou subgrupo demográfico dentro de uma condição (exemplo: trabalhadores)? A sua pergunta clínica é direcionada a idosos, crianças, atletas, indivíduos com lesão medular ou acidente vascular encefálico? Definir a população de interesse é fundamental.
I (intervenção): indica qual intervenção você está interessado em ler a respeito.
C (comparador): Determinar o comparador é importante pois, por exemplo, você pode estar interessado em saber qual o efeito de uma determinada intervenção comparada a placebo, tratamento convencional ou outra intervenção (por exemplo, comparação entre exercícios terrestres versus hidroterapia).
O (“outcome”, ou desfecho). Qual desfecho você está interessado em modificar? O desfecho é importante para paceintes? Exemplos de desfechos incluem eventos (por exemplo, quedas), sintomas (por exemplo, dor), medidas funcionais (por exemplo, velocidade de caminhada), e qualidade de vida. Efeitos adversos e custos de tratamentos também são medidas importantes de serem consideradas.

Aqui temos um exemplo de questão elaborada com base no método PICO sobre os efeitos de um determinado tratamento: Em idosos com osteoartrite de joelho, a hidroterapia é mais efetiva que exercícios terrestres para a redução da dor?

O método PICO também pode ser utilizado para elaborar questões de pesquisa em relação a métodos diagnósticos. Para esta utilização, porém, o “I” ganha um novo sentido.
P (paciente, problema ou população).
I (do inglês “issue”). Ao invés de intervenção, perguntas sobre métodos diagnósticos precisam ser específicas com relação ao tipo de teste). A pergunta pode ser a respeito de um teste diagnóstico, a uma combinação de testes físicos e funcionais, ou até mesmo uma regra de predição clínica.
C (comparador). Com o que você quer comparar o seu teste diagnóstico? Alguns exemplos são a comparação de um teste a um método diagnóstico padrão-ouro ou um teste comumente utilizado para uma determinada condição.
O (“outcome”, ou desfecho): o desfecho de um teste diagnóstico geralmente são medidas da utilidade do teste, tais como sensibilidade e especificidade. Estas medidas dão uma idela da taxa de falsos positivos (o teste diagnostica a condição em pessoas que não apresentam a condição verdadeiramente) e falsos negativos (o teste não diagnostica a condição em pessoas que verdadeiramente apresentam a condição).

Um exemplo de questão elaborada com base no método PICO sobre um teste diagnóstico: “Em mulheres jogadoras de futebol com lesão no joelho, qual é a acurácia diagnóstica do teste de gaveta anterior comparado a ressonância magnética para detectar rompimento do ligamento cruzado anterior?”

O método PICO também pode ser utilizado para fazer uma pergunta clínica a respeito do prognóstico de uma condição. Para esta pergunta, o “I” ganha um novo sentido e o “C” (comparador) é retirado.
P (paciente, problema ou população): ao especificar este elemento é geralmente útil determinar a duração ou severidade da condição (exemplo: você está interessado no curso clínico da dor lombar aguda ou crônica?).
I (agora representa “tempo”, do inglês “time”): você está interessado no curso clínico a curto ou longo prazo de uma condição.
O (“outcome”, ou desfecho): você está interessado em saber o curso clínico de uma condição com base em qual desfecho? Este desfecho deve ser tanto quantificável quanto importante para o paciente em termos de seus objetivos pessoais e prioridades. Por exemplo, qual a taxa de progressão de uma doença, ou qual a taxa de retorno ao esporte após uma lesão muscular?

Um exemplo de questão elaborada com base no método PIO sobre prognóstico: “Em pessoas com um episódio de dor lombar resultando em 4 semanas de afastamento do trabalho, qual é a probabilidade de que estes indivíduos retornarão a sua ocupação prévia em 6 meses?”

O PEDro conta com um excelente tutorial em vídeo sobre como elaborar perguntas clínicas sobre intervenções. O vídeo “como elaborar uma pergunta clínica no formato PICO” está disponível em português, inglês, francês, espanhol, italiano, alemão, japonês, tamil e chinês simplificado.

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