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Por que o ‘cegamento’ é importante em um estudo de pesquisa?

A campanha #PEDroCombatendoBarreiras para fisioterapia baseada em evidências ajudará a enfrentar as quatro maiores barreiras da fisioterapia baseada em evidência – falta de tempo, linguagem, falta de acesso e falta de habilidades estatísticas.

Se você é novo na campanha, nós sugerimos que comece pelo início, analisando os posts anteriores sobre estratégias para enfrentar as barreiras da falta de tempo e idioma. Estes posts estão disponíveis no site da campanha, blog, Twitter (@PEDrinho_dbase) ou Facebook (@PhysiotherapyEvidenceDatabase.PEDrinho).

A falta de habilidades estatísticas é uma barreira comum para interpretar a evidência e implementar a fisioterapia baseada em evidência. No mês passado, a campanha #PEDroCombatendoBarreiras (#PEDroTacklesBarriers) focou na interpretação de efeitos comparativos em ensaios. Este mês, vamos nos concentrar em entender a importância do cegamento em ensaios com três pesquisadores clínicos.

Aidan Cashin, fisiologista do exercício e pesquisador, University of New South Wales, Austrália

Área de atuação: Eficácia comparativa de intervenções para pessoas com dor crônica.

Kate Scrivener, fisioterapeuta, educadora e pesquisadora, Macquarie University, Austrália

Área de atuação: Intervenção e pesquisa em fisioterapia pós-AVC.

Mark Elkins, editor científico do Journal of Physiotherapy

Área de atuação: terapias físicas e farmacológicas em doenças respiratórias e melhoria da compreensão e aplicação de pesquisas publicadas por clínicos.

Entendendo a importância do cegamento em ensaios clínicos

Existem inúmeras partes interessadas envolvidas em qualquer ensaio clínico. Estes incluem pacientes e participantes, terapeutas, pesquisadores, avaliadores de resultados e estatísticos. As partes interessadas são uma fonte de viés nos ensaios clínicos. Isso ocorre porque eles podem influenciar conscientemente ou inconscientemente procedimentos ou resultados com base em saber se um paciente foi alocado para o grupo de intervenção ou controle. Para minimizar esses vieses, um estudo pode “cegar” as partes interessadas para as quais os participantes do grupo são alocados. O cegamento é considerado bem-sucedido se as partes interessadas não forem capazes de distinguir entre os tratamentos aplicados aos grupos.

Três pessoas ou grupos importantes para serem cegados em ensaios clínicos são:

  1. Paciente ou participante: onde o paciente não sabe se está recebendo a intervenção ou controle
  2. Terapeuta: onde o terapeuta não sabe se está realizando a intervenção ou controle
  3. Avaliador: onde o(s) avaliador(es) de resultado(s) desconhecem se o participante que está sendo avaliado recebeu a intervenção ou controle

Na maioria dos ensaios clínicos de fisioterapia, é muito difícil cegar os participantes e terapeutas. Por exemplo, se as intervenções forem físicas ou ativas (por exemplo, exercícios), os participantes saberão que estão recebendo a intervenção e os terapeutas saberão se a estão realizando. Em relação ao cegamento do avaliador, o cegamento é bem-sucedido se o avaliador não souber para qual grupo o paciente foi alocado e as medidas de resultado forem objetivas (por exemplo, amplitude de movimento passiva). No entanto, quando as medidas de resultado são relatadas pelo paciente ou autorreferidas (por exemplo, dor), o avaliador é considerado cego se o paciente estiver cego.

Os estudos frequentemente relatam a ocorrência de cegamento no título ou resumo usando termos como “single blinded” (“cegamento único) ou “double blinded” (“duplo-cego”). No entanto, há uso inconsistente desses termos. Por exemplo, um estudo “double blinded” (“duplo-cego”) pode ter cegado os terapeutas e avaliadores de resultados, enquanto outro pode ter cegado os pacientes e estatísticos. Os leitores devem investigar quais elementos de um ensaio clínico foram cegos e os autores devem evitar essa terminologia ambígua e declarar explicitamente quem foi cego.

Alguns ensaios clínicos tentam cegar os pacientes para seu grupo alocado, fornecendo intervenções de controle semelhantes às intervenções ativas. Para avaliar a semelhança percebida do controle e da intervenção ativa, alguns estudos relatam a ‘credibilidade do tratamento’, onde os pacientes são perguntados ‘O quão convencido você está de que recebeu uma terapia ativa?’. Credibilidade de tratamento semelhante entre as intervenções ativas e de controle geralmente indica cegamento bem-sucedido.

Muitas pessoas em um ensaio clínico podem ficar cegas. Embora o cegamento ajude a minimizar os vieses, muitas vezes é difícil cegar todas as pessoas. Os leitores precisam avaliar como a falta de cegamento pode influenciar a condução e o relato de um estudo.

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