News

Revisão sistemática encontrou que que treinamento dos músculos do assoalho pélvico pode prevenir incontinência urinária

Disfunções do assoalho pélvico são comuns após a gravidez e parto. Nos primeiros 3 meses após o parto, cerca de um terço das mulheres tem incontinência urinária e até uma em dez desenvolvem incontinência fecal. O treinamento dos músculos do assoalho pélvico é recomendado para prevenção e tratamento da incontinência. Uma recente revisão sistemática visou a determinar os efeitos de exercícios para os músculos do assoalho pélvico (pré ou pós-gravidez) para prevenção e tratamento da incontinência urinária e fecal em mulheres em estágios finais da gravide e após o parto.

O Cochrane Incontinence Specialised Register foi pesquisado para identificar ensaios clínicos randomizados ou quasi-randomizados que compararam exercícios para os músculos do assoalho pélvico a não treinamento, tratamento convencional, outro tratamento ou tratamentos alternativos a exercício em mulheres grávidas (mulheres incontinentes ou continentes no momento da randomização foram incluídas). O desfecho primário foi presença de incontinência urinária e fecal auto-reportadas. Quando possível, razão de risco e intervalo de confiança (IC) 95% foram calculados em cinco diferentes time-points: gravidez tardia, e períodos pré-natal precoce (0-3 meses), medio (3-6 meses), tardio (6-12 meses) e longo prazo (> 5 anos). Dois revisores independentes selecionaram estudos para inclusão. Diferenças foram resolvidas por discussão. Risco de viés foi avaliado com a ferramenta da Cochrane, e a certeza a evidência foi avaliada com a abordagem Grading of Recommendations, Assessment, Development and Evaluations (GRADE). Análises separaas foram realizadas para mulheres que eram continentes (ou seja, prevenção), incontinente (ou seja, tratamento), prevenção e tratamento mistos, e se o treinamento ocorreu antes ou após o parto. 46 ensaios clínicos (10.832 participantes) foram incluídos na análise.

Prevenção da incontinência urinária
Comparado a tratamento convencional, mulheres continentes grávidas que realizaram exercícios reduziram o risco de se tornarem incontinentes na gravidez tardia (razão de risco 0,38 IC 95% 0,20 a 0,72, 6 estudos, 624 participantes, evidência moderada) e precoce (razão de risco 0,38 IC 95% 0,17 a 0,83, 5 estudos, 439 participantes, GRADE não descrita) e medio (razão de risco 0,71 IC 95% 0,54 a 0,95, 5 estudos, 673 participantes, evidência de alta qualidade). Os efeitos não foram evidentes no longo prazo (razão de risco 1,07, IC 95% 0,77 a 1,48, 2 estudos, 352 participantes, GRADE não descrita).

Tratamento da incontinência urinária
Exercícios não reduziram incontinência urinária na gravidez tardia (razão de risco 0,70, IC 95% 0,44 a 1,13, 3 estudos, 345 participantes, qualidade da evidência muito baixa), precoce (razão de risco 0,75, IC 95% 0,37 a 1,53, 2 estudos, 292 participantes, GRADE não descrita), medio (razão de risco 0,94, IC 95% 0,70 a 1,24, 1 estudo, 187 participantes, baixa qualidade), ou tardia (razão de risco 0,50, IC 95% 0,13 a 1,93, 2 estudos, 869 participantes, qualidade muito baixa). Treinamento iniciado após o parto em mulheres já incontinentes não reduziu o risco de incontinência tardia (razão de risco 0,55, IC 95% 0,29 a 1,07, 3 estudos, 696 participantes, baixa qualidade).

Tratamento a prevenção da incontinência urinária
Treinamento pré-parto em mulheres com ou sem incontinência provavelmente reduz incontinência urinária na gravidez tardia (razão de risco 0,78, IC 95% 0,64 a 0,94, 11 estudos, 3.307 participantes, evidência moderada), e precoce (razão de risco 0,83, IC 95% 0,71 a 0,99, 6 estudos, 806 participantes, GRADE não descrita) e medio (razão de risco 0,73, IC 95% 0,55 a 0,97, 5 estudos, 1.921 participantes, baixa qualidade). Este efeito não foi evidente no período pós-natal tardio (razão de risco 0,85, IC 95% 0,77 a 2,45, 1 estudo, 188 participantes, GRADE não descrita). Exercícios para o assoalho pélvico iniciando após o parto para prevenção e tratamento da incontinência não reduzem o risco de incontinência no período pós-natal tardio (razão de risco 0,88, IC 95% 0,71 a 1,09, 3 estudos, 826 participantes, evidência moderada).

Incontinência fecal
Oito estudos reportaram desfechos relacionados à incontinência fecal. Nenhum estudo avaliou o treinamento para prevenção ou tratamento da incontinência fecal. Em amostras mistas de mulheres (prevenção e tratamento), não há evidência de que o treinamento pré-parto reduza o risco de incontinência fecal na gravidez tardia (razão de risco 0,64, IC 95% 0,36 a 1,14, 3 estudos, 910 participantes, evidência moderada) ou no período pós-natal precoce (razão de risco 9,76, IC 95% 0,34 a 1,70, 2 estudos, 130 participantes, GRADE não descrita. Exercícios para o assoalho pélvico iniciando após o parto para mulheres com incontinência (razão de risco 0,68, IC 95% 0,24 a 1,94, 2 estudos, 620 participantes, muito baixa qualidade) ou em amostras mistas (razão de risco 0,73, IC 95% 0,13 a 4,21, 1 estudo, 107 participantes, baixa qualidade) não reduziram o risco de incontinência no período pós-parto tardio.

Programas de exercícios estruturados para os músculos do assoalho pélvico para mulheres continentes pode prevenir o surgimento de incontinência urinária na gravidez tardia e nos períodos pós-parto precoce. Há incerteza sobre os efeitos do exercício como tratamento da incontinência urinária em mulheres pré e pós-parto e incontinência fecal.

Woodley SJ, et al. Pelvic floor muscle training for preventing and treating urinary and faecal incontinence in antenatal and postnatal women. Cochrane Database Syst Rev 2020;Issue 5

Leia mais no PEDro.

Sign up to the PEDro Newsletter to receive the latest news