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Uma revisão sistemática encontrou que terapia cognitivo comportamental e hipnose estão associadas a um maior sucesso do tratamento comparado com nenhuma intervenção para crianças com distúrbios funcionais da dor abdominal

Distúrbios funcionais da dor abdominal podem ser divididos em quatro subcategorias (dispneia funcional, síndrome do intestino irritável, enxaqueca abdominal e dor abdominal funcional sem outra especificação). Essas condições dolorosas podem afetar severamente a qualidade de vida da criança e sua família, incluindo redução da frequência e desempenho escolar/trabalho. O manejo dos distúrbios funcionais da dor abdominal pode consumir tempo e dinheiro para as famílias e profissionais de saúde, com muitas crianças continuando a apresentar os sintomas na fase adulta.

Essa revisão sistemática teve como objetivo estimar os efeitos de intervenções psicológicas comparado a nenhuma intervenção ou qualquer grupo controle sobre os resultados de sucesso do tratamento, frequência de dor, intensidade da dor e retirada devido a eventos adversos em crianças (idade entre 4-18 anos) com distúrbios funcionais da dor abdominal.

Essa revisão sistemática teve seu protocolo registrado antes da coleta de dados. Buscas sensitivas foram realizadas em cinco base de dados (incluindo PubMed e Cochrane Library) e três registros de ensaios clínicos foram usados para identificar ensaios clínicos controlados aleatorizados publicados em qualquer idioma. A revisão incluiu participantes crianças (4-18 anos) diagnosticados com distúrbios funcionais da dor abdominal definido pelos critérios de Rome ou critérios semelhantes. Intervenções psicológicas incluíram terapia cognitivo comportamental (TCC), ioga, hipnose, suporte educacional, hipnoterapia dirigida ao intestino, imaginação guiada e relaxamento. Os grupos comparadores foram nenhuma intervenção ou qualquer outro grupo controle. Os desfechos primários foram sucesso do tratamento, frequência da dor, intensidade da dor e retirada devido a eventos adversos.

Dois revisores independentes selecionaram os estudos para inclusão, avaliaram o risco de viés e extraíram os dados. Qualquer desacordo foi resolvido por consenso ou por um terceiro revisor. Risco de viés foi avaliado utilizando a ferramenta de risco de viés da Cochrane e a certeza da evidência foi avaliada utilizando a estratégia Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation (GRADE). Meta-análises foram utilizadas para agrupar os estudos incluídos para calcular a razão de risco (RR) com intervalo de confiança (IC) de 95% para dados dicotômicos.

Foram incluídos 33 estudos (2.657 crianças) na revisão. Os participantes tinham uma idade média [intervalo] de 12 [7-17] anos e eram predominantemente do sexo feminino (67,3%). A TCC foi a intervenção mais investigada em comparação com nenhuma intervenção (n=12), seguida de ioga (n=3) e hipnose (n=2). Os estudos restantes (n=16) compararam uma intervenção psicológica com outra intervenção ativa.

Em comparação com nenhuma intervenção, houve evidência de certeza moderada de que a TCC estava associada a maior sucesso do tratamento (RR 2,37 (IC 95% 1,30 a 4,34; número necessário para tratar [NNT] = 5; 6 estudos; 324 participantes); evidência de baixa certeza de que pode não haver diferença no sucesso do tratamento com ioga (RR 1,09 (95% CI 0,58 a 2,08; 2 estudos; 99 participantes); e evidência de baixa certeza de que a hipnose pode levar a um maior sucesso do tratamento (RR 2,86 (95% CI 1,19 a 6,83) ; NNT=5; 2 ensaios; 91 participantes).

A TCC e a hipnose foram associadas a um maior sucesso do tratamento em comparação com nenhuma intervenção para o manejo dos distúrbios funcionais da dor abdominal, enquanto a ioga não foi associada a um maior sucesso do tratamento. A TCC e a hipnose podem ser opções de tratamento adequadas para o manejo dos distúrbios funcionais da dor abdominal na infância.

Gordon M, Sinopoulou V, Tabbers M, et al. Psychosocial Interventions for the Treatment of Functional Abdominal Pain Disorders in Children: A Systematic Review and Meta-analysis. JAMA Pediatr. 2022. 1;176(6):560-568. doi: 10.1001/jamapediatrics.2022.0313.

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