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Uma revisão sistemática encontrou que exercício sozinho ou combinado com educação provavelmente reduz a intensidade da dor lombar futura e incapacidade em adultos trabalhadores

A dor lombar é a principal causa de incapacidade global e uma razão comum para afastamento no trabalho, redução da produtividade e procura por cuidados de saúde. Estratégias de prevenção são necessárias para reduzir o impacto desta condição crônica recorrente. Esta revisão sistemática com meta-análise teve como objetivo de estimar o efeito das estratégias de prevenção para reduzir o impacto da dor lombar; mensurada pela intensidade da dor e incapacidade associada.

Guiado por um protocolo registrado prospectivamente, estudos controlados aleatorizados foram identificados através de busca sensitiva em cinco bases de dados e lista de referências. Estudos que avaliaram qualquer estratégia para reduzir o impacto futuro da dor lombar, reportando desfechos clínicos como intensidade da dor e incapacidade por pelo menos 3 meses após aleatorização, e que o grupo controle recebeu nenhuma intervenção, placebo ou intervenção mínima foram incluídos. Estratégias de prevenção poderiam incluir qualquer intervenção com objetivo de prevenir ou reduzir o impacto futuro da dor lombar, incluindo intervenções no trabalho considerando fatores de risco ou intervenções para tornar as pessoas mais em forma, saudáveis ou resilientes. Estudos que avaliaram o tratamento para dor lombar foram excluídos. Os desfechos primários foram intensidade da dor e incapacidade (com os dados convertidos para uma escala de 0-100 pontos) a curto prazo (6 meses após a randomização) e longo prazo (12 meses após a randomização). O risco de viés foi avaliado com a escala PEDro (Physiotherapy Evidence Database scale) e a qualidade da evidência foi determinada utilizando o Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation (GRADE). A seleção dos estudos, extração dos dados, e avaliação do risco de viés e qualidade da evidência foram realizados por dois revisores de forma independente, e qualquer desacordo foi resolvido através de discussão. Meta-análises foram utilizadas para calcular a diferença média entre os grupos e intervalo de confiança (IC) de 95% quando intervenções e populações foram consideradas suficientemente semelhantes.

27 artigos preencheram os critérios e foram incluídos na revisão. Destes, 21 estudos (7,269 participantes) publicados em 23 artigos foram incluídos na análise primária. Estratégias de prevenção foram testadas em três populações: trabalhadores adultos (18 estudos, recrutados principalmente de hospitais ou outros locais de trabalho, idade média de 45 anos, 76% mulheres), gestantes (2 estudos), e crianças (1 estudo). Seis diferentes estratégias de prevenção foram avaliadas em trabalhadores adultos: exercício (3 estudos), exercício e educação (5 estudos), educação (8 estudos), ergonomia (3 estudos), e ergonomia e educação (2 estudos) [nota: alguns estudos apresentavam múltiplos braços de tratamentos, sendo incluídos em mais de uma estratégia]. Exercício foi avaliado em gestantes. Exercício combinado com educação foi avaliado em crianças.

Para trabalhadores adultos, exercício reduziu intensidade da dor lombar futura (diferença media em 5 pontos em uma escala de 0-100 pontos; IC 95% -7 a -2; 3 estudos; 612 participantes; moderada qualidade da evidência), mas não reduziu incapacidade (-2; -7 a 2; 1 estudo; 189 participantes; muito baixa qualidade da evidência) comparado com intervenção controle a curto-prazo. Nenhum estudo avaliou desfechos a longo-prazo associados a exercício. Não houve efeito para exercício e educação na intensidade da dor lombar futura a curto-prazo (-2; -10 a 6; 3 estudos; 184 participantes; baixa qualidade da evidência) ou a longo-prazo (-4; -9 a 0; 4 estudos; 471 participantes; moderada qualidade da evidência) ou para incapacidade a curto-prazo (-5; -13 a 3; 2 estudos; 150 participantes; baixa qualidade da evidência) quando comparados com o grupo controle. No entanto, exercício e educação reduziram a incapacidade a longo-prazo (-6; -10 a -3; 4 estudos; 471 participantes; moderada qualidade da evidência). Não houve efeito da educação sozinha na intensidade da dor futura a curto-prazo (-2; -5 a 1; 3 estudos; 777 participantes; moderada qualidade da evidência) ou longo-prazo (2; -6 a 10; 2 estudos; 126 participantes; baixa qualidade da evidência) ou incapacidade futura a curto-prazo (-3; -6 a 1; 4 estudos; 804 participantes; moderada qualidade da evidência) ou longo-prazo (0; -5 a 4; 2 estudos; 176 participantes; baixa qualidade da evidência). Não houve efeito da ergonomia na intensidade da dor lombar futura a curto-prazo (1; -3 a 6; 1 estudo; 552 participantes; baixa qualidade da evidência) ou longo prazo (2; -3 a 7; 1 estudo; 538 participantes; baixa qualidade da evidência) quando comparado com intervenções controle. Nenhum estudo avaliou incapacidade depois de intervenções ergonômicas. De forma semelhante, não houve efeito da ergonomia e educação na intensidade da dor lombar futura a curto-prazo (1; -7 a 9; 1 estudo; 192 participantes; muito baixa qualidade da evidência) ou a longo-prazo (0; -7 a 7; 2 estudos; 266 participantes; baixa qualidade da evidência) ou incapacidade a curto prazo (2; -2 a 6; 1 estudo; 192 participantes; muito baixa qualidade da evidência) ou a longo-prazo (1; -3 a 6; 1 estudo; 184 participantes; muito baixa qualidade da evidência).

Para gestantes, exercício não reduziu a intensidade da dor lombar futura (diferença media -3; IC 95% -7 a 1; 2 estudos; 452 participantes; moderada qualidade da evidência) ou incapacidade (-3; -7 a 1; 1 estudo; 240 participantes; baixa qualidade da evidência) a curto-prazo comparado com intervenções controle. Nenhum estudo avaliou desfechos a longo-prazo.

Para crianças, quando comparado com intervenção controle, exercício e educação não reduziram a intensidade da dor lombar futura a curto-prazo (diferença media 0; IC 95% -12 a 12; 1 estudo; 70 participantes; muito baixa qualidade da evidência). Nenhum estudo avaliou intensidade da dor e incapacidade a longo-prazo.

Esta revisão sistemática apresentou moderada qualidade da evidência para um programa de exercício, ou programa de exercício combinado com educação, na redução da intensidade da dor lombar futura (a curto-prazo) e incapacidade associada (a longo-prazo) em trabalhadores adultos. Em contraste, intervenções com foco em educação e ergonomia (separado ou combinado) são improváveis de reduzir a intensidade da dor lombar futura ou a incapacidade neste grupo de pacientes. Exercício provavelmente não reduz intensidade da dor lombar futura em gestantes, e exercício e educação podem não reduzir à intensidade da dor lombar futura em crianças.

de Campos TF, et al. Prevention strategies to reduce future impact of low back pain: a systematic review and meta-analysis. Brit J Sports Med 2020 Jul 9:Epub ahead of print

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