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Um grande ensaio clínico em mulheres com incontinência urinária encontrou que o uso de biofeedback em conjunto com o treinamento dos músculos do assoalho pélvico não é superior ao treinamento dos músculos do assoalho pélvico sozinho

Incontinência urinária é um problema significativo, afetando uma em cada três mulheres em todo o mundo. Em um blog para o #MyPTArticleOfTheMonth em outubro de 2019, a fisioterapeuta da saúde da mulher e pesquisadora de exercícios, Professora Kari Bø, destacou os resultados de um recente ensaio clínico de alta qualidade que investigou o uso de biofeedback eletromiográfico assistido para o treinamento dos músculos do assoalho pélvico. O ensaio clínico OPAL agora está publicado na revista Health Technology Assessment e nós resumimos os seus resultados nesse blog.

A Professora Suzanne Hagen liderou esse ensaio clínico multicêntrico de grande escala na comunidade e atendimentos ambulatoriais no Reino Unido. O ensaio clínico comparou o uso de biofeedback eletromiográfico assistido para o treinamento dos músculos do assoalho pélvico ao treinamento dos músculos do assoalho pélvico sozinho em mulheres com incontinência urinária por esforço ou mista que conseguiam contrair de forma voluntária os músculos do assoalho pélvico. O treinamento dos músculos do assoalho pélvico é a primeira linha de tratamento recomendado para esse grupo de pacientes. O ensaio clínico OPAL avaliou a eficácia clínica e o custo-efetividade da adição de biofeedback eletromiográfico (fornecendo feedback visual ou auditivo do movimento muscular interno) como um complemento ao treinamento muscular.

Mulheres de 18 anos ou mais, que recentemente apresentaram incontinência urinária por esforço ou mista, foram convidadas a participar do estudo. Um processo de alocação secreta e aleatorização (minimizado por tipo de incontinência, centro, idade e severidade) foi usado para alocar aleatorizar as participantes no grupo de treinamento dos músculos do assoalho pélvico por biofeedback ou no grupo de treinamento básico dos músculos do assoalho pélvico. Para todas as participantes foi oferecido 6 consultas ao longo de um período de 16 semanas para receber as intervenções. Unidades de biofeedback para casa foram fornecidas para o grupo de treinamento dos músculos do assoalho pélvico. Participantes em ambos os grupos foram solicitadas a completar programas individualizados de exercícios feitos em casa. O desfecho primário de interesse foi a pontuação em 2 anos do Consultation on Incontinence Questionnaire Urinary Incontinence Short Form (ICIQ-UI SF). Esse é um questionário que contém 4 itens (pontuação total varia de 0 a 21, com pontuações mais altas indicando maior severidade). Os avaliadores não foram cegos para o desfecho primário, mas foram cegos para alguns dos desfechos secundários. Efeitos adversos foram monitorados e dados econômicos foram coletados. Foi realizado uma análise por intenção de tratar.

600 mulheres foram incluídas no ensaio clínico, sendo 300 alocadas no grupo de treinamento dos músculos do assoalho pélvico por biofeedback e 300 alocadas no grupo de treinamento básico dos músculos do assoalho pélvico. 468 participantes (78%) completaram os 2 anos de acompanhamento. Adesão foi similar em ambos os grupos, com aproximadamente 77% dos participantes atendendo a pelo menos uma das consultas marcadas e cerca de 80% realizando parte do programa em casa. As participantes relataram ter sido prejudicadas pela falta de tempo para completar as intervenções. A pontuação média do ICIQ-UI SF em 2 anos foi 8,2 (desvio padrão 5,1) para o grupo de treinamento dos músculos do assoalho pélvico por biofeedback e 8,5 (4,9) para o grupo de treinamento básico dos músculos do assoalho pélvico. Não houve diferenças entre os grupos, com uma diferença média ajustada entre grupos de -0,09 (intervalo de confiança a 95% de -0,92 a 0,75). 23 participantes (21 no grupo de treinamento dos músculos do assoalho pélvico por biofeedback, 2 no grupo de treinamento básico dos músculos do assoalho pélvico) tiveram um efeito adverso que foi relacionado, ou possivelmente relacionado, a uma das intervenções. O treinamento dos músculos do assoalho pélvico por biofeedback (£956 = R$7.212) teve um custo similar ao treinamento básico dos músculos do assoalho pélvico (£906 = R$6.834), com uma diferença média entre grupos de £50 (R$377) (intervalo de confiança a 95% de -84 a 184).

O ensaio clínico concluiu que adicionar biofeedback eletromiográfico assistido no treinamento dos músculos do assoalho pélvico não oferece benefício adicional ao treinamento dos músculos do assoalho pélvico sozinho em termos de resultados a longo prazo na incontinência ou custos. Kari Bø diz: “esse ensaio clínico de alta qualidade tem uma importante mensagem para os fisioterapeutas que estão tratando mulheres com incontinência urinária – treinamento dos músculos do assoalho pélvico é a chave principal do tratamento.”

Hagen S, et al. Basic versus biofeedback mediated intensive pelvic floor muscle training for women with urinary incontinence: the OPAL RCT. Health Technol Assess 2020;24(70):1-144.

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